Mais um para a conta da insanidade belicista do Ocidente: O Ministro da Defesa polaco, Władysław Kosiniak-Kamysz, afirmou que o país está pronto para se defender contra a agressão militar russa em “todos os cenários”.

Kosiniak-Kamysz, que também actua como vice-primeiro-ministro do novo governo globalista-fascista da Polónia, afirmou durante uma entrevista publicada pelo jornal Super Express na segunda-feira que Moscovo poderá atacar o seu país, à medida que as tensões entre o Kremlin e o bloco ocidental se intensificam.

E o que é que as está a intensificar? Não serão este tipo de declarações, que como o ContraCultura tem vindo a documentar, têm sido repetidamente reiteradas por um largo espectro de líderes políticos e militares europeus, uma forma de dramatizar e polarizar as divisões já existentes? Não serão os jogos de guerra Steadfast, que a Nato se prepara para realizar no Báltico, os maiores exercícios militares desde a Guerra Fria, uma perigosa provocação dirigida a Moscovo? Não será o envolvimento directo de militares ocidentais na frente ucraniana uma injecção de combustível no incêndio? Não será a participação de serviços secretos e forças militares norte-americanos e britânicos em acções de destruição de estruturas civis russas, como gasodutos, pontes, portos, e até a sede governamental em Moscovo, uma forma de inflamar as relações com a Rússia a um ponto insustentável?

Kosiniak-Kamysz não é peguntado sobre estas questões, claro, porque o jornalismo contemporâneo é uma espécie de autoclismo para as narrativas dos poderes instituídos. É só carregar no botão e despejar a propaganda.

Creditando a tradução para inglês do Ukrainska Pravda, o comissário do soviete globalista polaco acrescentou ainda:

“Acho que todos os cenários são possíveis e levo muito a sério os piores. Esse é o papel do ministro da Defesa nas actuais circunstâncias. Temos que estar preparados para qualquer coisa. Portanto, estamos a analisar a situação, tirando conclusões e preenchendo lacunas, inclusive no que diz respeito a armas e munições. Os grandes esforços de aquisição de armas são fundamentais, mas o equipamento pessoal dos soldados também é importante.”

Para além das declarações belicistas que actualmente ecoam por todo o velho continente já documentados pelo Contra, somam-se aos alarmismos de Kosiniak-Kamysz, os aflitos alertas do general Gheorghiță Vlad, chefe da defesa da Roménia, que afirmou na semana passada, sem fornecer qualquer evidência, que a “política de guerra” de Vladimir Putin iria “aumentar num futuro próximo”, sugerindo que o sucesso na guerra da Ucrânia faria com que o Presidente Russo voltasse rapidamente a sua atenção para a Moldávia, antes de possivelmente atingir os países da NATO.

É de facto espantosa a ambição do Kremlin e a capacidade das forças armadas russas, que ainda há um ano estavam a perder a guerra com a Ucrânia e já para o ano que vem vão invadir a Polónia, a Moldávia, a Alemanha, a Finlândia, a Suécia, a Noruega, a Estónia, a Letónia e a Lituânia, ameaçando ainda o território das ilhas britânicas, enquanto enfrentam as forças da NATO, com todo o poder que pode ser carregado nessa aliança pelo Pentágono.

Nem em filmes.

Entretanto, talvez seja bom ouvir o que é dito do outro lado desta deprimente barricada: Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, publicou no Telegram esta mensagem:

“Todas as pessoas razoáveis no Ocidente compreendem que a Rússia não lançaria um primeiro ataque a um país da NATO. No entanto, uma grande guerra começaria se os membros da aliança agissem de forma a usurpar a integridade do nosso país.”

Posteriormente, publicou no X um post mais extenso, que vale a pena traduzir na sua totalidade:

Sunak, Scholz, Macron e os chefes de estado Norueguês, Finlandês, Polaco, entre outros líderes da NATO insistem: “Temos de estar prontos para a guerra contra a Rússia”.

Embora a Rússia tenha sublinhado muitas vezes que o conflito com a NATO e os Estados-membros da UE não está nos planos, o perigoso balbuciar continua ainda. As razões são óbvias.

É necessário distrair os eleitores para justificar gastos multibilionários na incómoda Bandeira Ucrâniana. Na verdade, somas gigantescas de dinheiro estão a ser gastas não na resolução de tarefas sociais, mas na guerra num país moribundo, alheio aos contribuintes, com uma população que está espalhada pela Europa e [cujo governo] agora aterroriza o seu povo.

É por isso que os chefes destes Estados enfatizam diariamente: é imperativa a preparação para a guerra contra a Rússia e continuar a fornecer ajuda à Ucrânia, razão pela qual é necessário produzir mais tanques, mísseis, drones e outras armas.

Mas nem todos os líderes europeus mentem cinicamente aos seus cidadãos. Se – Deus me livre! – tal guerra estourar, não acontecerá de acordo com o cenário da Operação Militar Especial. Não será combatida em trincheiras com artilharia, veículos blindados, drones e guerra electrónica.

A NATO é um enorme bloco militar, a população total dos estados membros da Aliança é de cerca de mil milhões de pessoas e o seu orçamento militar combinado pode atingir 1,5 biliões de dólares.

Assim, porque as nossas capacidades militares são incomparáveis, simplesmente ficaremos sem escolha. A resposta será assimétrica. Para defender a integridade territorial do nosso país, serão utilizados mísseis balísticos e de cruzeiro com ogivas especiais. [Essa resposta] baseia-se nos nossos documentos de doutrina militar que são bem conhecidos de todos. E este é exactamente esse Apocalipse. O fim de tudo.

É por isso que os políticos ocidentais devem dizer a verdade amarga aos seus eleitores e parar de considerá-los idiotas desmiolados; explicar-lhes o que realmente vai acontecer, e não repetir o falso mantra de se prepararem para a guerra contra a Rússia.

 

Por seu lado, Putin insistiu que está “interessado em desenvolver relações” com os membros da NATO e “não tem razão” nem “nenhum interesse geopolítico” para “combater os estados membros.”

O presidente russo citou preocupações com a expansão da NATO como uma das principais razões para o lançamento da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de Fevereiro de 2022. Independentemente disso, a aliança continuou a crescer ao longo da guerra, com a adesão da Finlândia no ano passado e a anunciada adesão da Suécia prevista para este ano.

A entrada da Suécia na NATO completaria a transformação do Mar Báltico naquilo que alguns apelidaram de “lago da NATO”, com quase todas as outras nações da costa do Báltico – Finlândia, Letónia, Lituânia, Estónia e Polónia – inscritas na aliança atlântica. Kaliningrado, entre a Lituânia e a Polónia, é a única excepção, já que se trata de um enclave russo.

E não será este cerco, mais uma acção hostil do Ocidente?

É por demais evidente que não é Putin que deseja a guerra. São as elites ocidentais que, quase desesperadamente, a procuram. E precisamente porque uma guerra com a Rússia será necessariamente apocalíptica.

Mas em nome de que líderes, de que causa, de que valores, é que vamos morrer todos?