No Domingo passado ficámos a saber que Joe Biden autorizou a Ucrânia a bombardear o interior do território russo com mísseis de longo alcance de fabrico norte-americano, que só podem ser operados com recurso a satélites e a recursos humanos dos EUA. Durante o correr da semana a resposta russa foi concretizada através da revisão da doutrina nuclear e do lançamento de mísseis ICBM e mísseis hipersónicos direccionados contra alvos ucranianos, numa intensificação do esforço militar russo. Vladimir Putin também abordou a presente situação numa comunicação à nação.

 

Vladimir Putin aprova revisão da doutrina nuclear russa.

O Presidente russo, Vladimir Putin, assinou um decreto que aprova os Fundamentos da Política de Estado no domínio da dissuasão nuclear, a doutrina nuclear actualizada do país.

O princípio fundamental da doutrina é que a utilização de armas nucleares é uma medida de último recurso para proteger a soberania do país. O surgimento de novas ameaças e riscos militares levou a Rússia a clarificar as condições para a utilização de armas nucleares.

Em particular, a doutrina alterada alarga o leque de países e alianças militares sujeitos à dissuasão nuclear, bem como a lista de ameaças militares que essa dissuasão se destina a combater. Além disso, o documento afirma que a Rússia passará a considerar qualquer ataque de um país não nuclear apoiado por uma potência nuclear como um ataque conjunto. Moscovo também se reserva o direito de considerar uma resposta nuclear a um ataque com armas convencionais que ameace a sua soberania, a um lançamento em grande escala de aviões, mísseis e drones inimigos que visem o território russo, à violação da fronteira russa e a um ataque à sua aliada Bielorrússia.

A versão anterior da doutrina nuclear russa foi aprovada em Junho de 2020, substituindo um documento semelhante que estava em vigor há dez anos.

 

Rússia lança o primeiro ICBM não nuclear contra a Ucrânia.

Naquele que é provavelmente o momento de maior risco em toda a guerra da Ucrânia, a Rússia lançou um míssil balístico intercontinental (ICBM) contra a Ucrânia, atingindo Dnipro, e marcando a primeira vez que a Rússia usou uma arma deste tipo contra uma nação hostil na sua história.

 

 

O vídeo do ataque parece mostrar ogivas a chover sobre a cidade. Embora se trate de cargas não nucleares, a acção é vista como um claro aviso do que a Rússia é capaz de fazer se o conflito se tornar nuclear.

A força aérea de Kiev confirmou o ataque, que ocorre depois de os mísseis americanos e britânicos terem sido utilizados contra alvos pela primeira vez esta semana. Moscovo alertou para o facto de tal acção poder conduzir à Terceira Guerra Mundial.

A força aérea de Kiev afirma que o ataque tinha como alvo infra-estruturas críticas e instalações de produção na cidade, mas não é claro se causaram danos. Não se sabe ao certo que tipo de munições foram colocadas no míssil que atacou Dnipro, embora seja óbvio que não eram nucleares.

Os ICBM podem ser lançados ao longo de milhares de quilómetros para atingir alvos antípodas, globalmente, e podem ser equipados com várias ogivas nucleares. Estas ogivas destacam-se do míssil e, em muitos casos, podem ser guiadas para uma variedade de alvos de forma independente. Também é possível utilizar ogivas convencionais.

O míssil foi lançado da região russa de Astrakhan, de acordo com a força aérea ucraniana

 

 

Míssil hipersónico russo atinge unidade de produção aeronáutica ucraniana.

A Rússia atacou uma fábrica de equipamento aeronáutico ucraniana com um Oreshnik, um míssil balístico hipersónico que transportava uma ogiva não nuclear, segundo disse o Presidente russo Vladimir Putin.

“Houve, entre outras coisas, um teste em condições de combate de um dos mais recentes sistemas de mísseis de alcance intermédio da Rússia. Neste caso, tratou-se de um míssil balístico numa versão hipersónica não nuclear. Testámos o míssil Oreshnik em condições de combate em resposta às acções agressivas da NATO em relação à Rússia.”

Putin sublinhou que o Oreshnik ataca alvos a uma velocidade de Mach 10, ou seja, 2,5 a 3 quilómetros por segundo e que esta tecnologia é de tal forma avançada que o bloco ocidental não tem forma de se defender contra ela.

“Nesta altura, não há forma de contrariar o míssil. Os modernos sistemas de defesa aérea e os sistemas de defesa anti-míssil instalados pelos americanos na Europa não conseguem interceptar estes mísseis. É impossível”.

Neste contexto, o Presidente russo informou que quando utilizar o Oreshnik, a Rússia emitirá avisos com antecedência:

“Fá-lo-emos aberta e publicamente por razões humanitárias, sem receio de uma contra-ação hostil. Porquê sem medo? Porque não existem actualmente meios para contrariar esta arma”.

 

 

“Olho por olho”: Putin promete responder proporcionalmente à ofensiva ocidental.

Na comunicação em que fez as afirmações já enunciadas, Putin comentou a decisão beligerante de Washington nestes termos:

“No início desta semana, instalações militares nas regiões fronteiriças russas de Kursk e Bryansk foram atacadas por mísseis fabricados nos EUA e no Reino Unido. As nossas defesas aéreas repeliram com êxito estes ataques. Como resultado, o adversário não conseguiu atingir os seus objectivos aparentes. Washington e os seus aliados da NATO seguiram o caminho da escalada ao decidirem autorizar a utilização de armas de longo alcance para ataques estratégicos em profundidade contra a Rússia: Os especialistas estão bem cientes – e o lado russo tem repetidamente sublinhado isso – que é impossível usar essas armas sem a participação directa de especialistas militares dos países que as produzem.”

Segundo Putin, os Estados Unidos

“cometeram um erro ao destruir unilateralmente o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio em 2019 sob um pretexto rebuscado. Sempre preferimos e estamos agora prontos para resolver todas as disputas por meios pacíficos, mas também estamos prontos para qualquer desenvolvimento. Se alguém ainda duvida disto, não deve duvidar. Haverá sempre uma resposta. Estamos a desenvolver mísseis de alcance intermédio e médio como resposta aos planos dos EUA de produzir e instalar mísseis de alcance intermédio e médio na Europa e na região da Ásia-Pacífico”.

Os planos do Kremlin para a futura instalação de mísseis de alcance intermédio e médio dependerão “das acções dos Estados Unidos e dos seus satélites”, mas o líder russo, naquela que swrá a sua afirmação mais contundente considera que

“Temos o direito de utilizar as nossas armas contra as instalações militares dos países que permitem que as suas armas sejam utilizadas contra as nossas instalações.”

Eeafirmando a sua determinação em fazer face à intensificação das hostilidades por parte da NATO, o Presidente acrescentou:

“Responderemos de forma decisiva a uma escalada agressiva numa atitude de ‘olho por olho’. Recomendo que as elites dirigentes dos países que alimentam planos para utilizar os seus contingentes militares contra a Rússia reflictam seriamente sobre isto.”

Referindo-se ainda à situação no teatro das operações na Ucrânia, Putin referiu que a utilização de mísseis ocidentais de longo alcance não irá abrandar a ofensiva russa.

“As nossas tropas estão a avançar com sucesso ao longo de toda a linha de combate. Todas as nossas missões serão cumpridas. Gostaria de sublinhar particularmente que a utilização de tais armas pelo inimigo não terá qualquer efeito sobre a situação na zona de operações militares especiais”.