Árvore de Natal

É de pinheiro verdadeiro ou de plástico elástico feita artificial; é eterna, é moderna, a árvore de natal.

Estrela minha

Vem ver! A vida estende-se, qual manto de ouro, sobre a Alma eterna do mundo. Um poema de Alburneo.

Haikus da Revolução

A Arte do Haiku: A Lego tem vergonha da sua esquadra de polícia, Lenine arrepende-se de Estaline e Jeff Bezos toca a sua lira enquanto vilões destroem a memória dos heróis. Mas a revolução não estraga um bom dia de praia.

A Casa de Deus

Quis ser trovão, mas outro deus se ergueu. Primeiro de uma série de poemas da autoria de Alburneo.

Ode matutina

Horácio e Ricardo Reis convidam Lídia para a consumação da hora.

Haikus da Quarentena

A Arte do Haiku: O carnaval das máscaras cirúrgicas, a distância social das moscas, a segurança da campa, o silêncio dos cobardes e a realidade como produção de Hollywwod. Memória descritiva do confinamento.

De estadistas e outros insectos.

A Arte do Haiku: A comichão do Presidente, o voo do besouro, a popularidade dos santos, a beleza do parque de estacionamento, o preço de um lugar ao sol e outros versos com sílabas a mais.

Avaria

Rebentou finalmente a máquina da abundância. O café sai sem espuma e Deus chama uma: ambulância.

Do alto da falésia.

A Arte do Haiku: O cálculo do melro, o stress da gaivota, e a paz que perdem os ateus; no alto da falésia ficas mais perto de Deus.

Entre a baía e a enseada.

A Arte do Haiku: A gramática da baía, a violência da enseada, a prosa de Darwin, a lírica de Deus e a virtude do whisky, que não se altera em função do azimute.

De marés e marinheiros.

A Arte do Haiku: O poeta precisa de vinho, o contratorpedeiro precisa de gelo, a traineira precisa da doca, a Mãe Natureza precisa de espectadores e os versos escrevem-se sozinhos, no alto da falésia.

De corvetas e traineiras

A Arte do Haiku: As gaivotas fazem continência, as moscas sofrem de claustrofobia, as traineiras lutam com a maré, as corvetas combatem o tédio, Bach luta contra o silêncio e o haxixe tem uma coisa boa.

Arde Meu País, Arde

Reduzem-se os céus a cinzas pelo calor de uma noite de Verão; incendeia-se de desgosto Portugal em Agosto, fogueira em procissão.

As Cócegas de Deus.

A Arte do Haiku: Deus está com cócegas, o semáforo fica indeciso, a buganvília ressuscita e o tempo passa devagar, no alto da falésia.

A Arte do Haiku: Introdução.

Uma introdução a um legado maravilhoso da literatura clássica japonesa - o haiku, que precede a publicação de um extenso trabalho lírico, redigido em português, mas inspirado nesta forma minimal da poesia nipónica.

A minha vida é um meme.

Toda a minha vida, afinal, em 40 segundos se comprime, na sequência homérica, cinematografia feérica, de um meme.

Bomba H

Escreveram os antigos sobre a ira de Deus, vão conhecê-la os modernos: Sodoma e Gomorra por toda a parte dos infernos.

Contra Relógio

Venho da idade da inocência de tal forma inocente que até os bolcheviques comeram como factual aquele filme delirante que a NASA encomendou ao Stanley Kubrick.

Saudação a Walt Whitman
(até certo ponto)

Bravo poeta do jugo dos exércitos, incorrigível trovador da morte na batalha, benévolo terrorista dos destinos dos outros, saúdo-te!

Elogio e Mal Dizer de André Ventura.

O Ventura, que na verdade até é um gajo que não interessa a ninguém, soma votos e virtudes ao ritmo a que o Presidente da República soma vergonhas de baixo populismo. E comparado com o Santos Silva, é um herói libertário.

Perguntam-me e eu respondo.

Perguntam-me, os que abriram olhos para a realidade, que fazer para travar a guerra pela liberdade? Recomendo a verdade de Cristo, a sua paixão, e o Evangelho de João.

O meu rei nasceu num estábulo.

O meu líder não faz política, porque só sabe dizer a verdade. Não faz a guerra, porque é o cirurgião do amor. É um herói romântico, que se perdeu de paixão pela humanidade. É o rei que nasceu num estábulo. É eterno no meu coração perecível.

Breve e Particularmente Negro Conto de Natal.

Nicolau carrega o fuzil com atenção meticulosa. Trovão jaz no trilho gelado e resfolega, com a lentidão dos condenados, lamentos antigos.

Caça ao Caçador

Se fosses tu a caça, caçador (se a tua morte fosse um desporto), sairias ainda assim para a caçada?

Zombieland

Este é o tempo dos mortos vivos. O momento em que os teus filhos são cativos de pedófilos, durante o teu sono. A hora, apocalíptica, do abandono.

Breve Tributo
aos Soldados da Paz
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Sobem pelo caminho das cinzas ao cimo da serra, descem ao inferno fornalha pela limalha da terra.

Sul

Rumo ao Sul. Não encontrei no caminho de ida mais do que distâncias, não encontrei no caminho de volta senão demoras. Mas há um sinal, um marco, uma referência, um bom porto, uma cruz no fim da estrada, que é a minha Estrela do Norte.

Fado de Santo Anselmo

A cada dia que passa danado, fico com esta sensação triste e má que é um brincalhão que está sentado na cadeira olímpica de Jeová.

A Tragédia da Rua de São Lázaro

A Rua de São Lázaro quer ser Mártir da Pátria, mas custa-lhe horrores fugir do Martim Moniz.

Odisseia no Espaço

E se o acelerador perder o medo à embraiagem e disparar para além dos limites da paisagem, o que é que acontece?

Haverá sangue.

Haverá sangue de pelejas e glória de corsários vencidos; haverá um poeta que mergulha na tempestade por uns versos perdidos.

Ensaio Sobre a Cegueira

O Trindade opera à velocidade espantosa de três cegos por hora. Os cegos curáveis, claro, porque os cegos incuráveis são corridos com desprezo.

Manifesto
Anti-Ba

Em cada ser humano, descobre Mamadou o preconceito. É o dono moral da democracia e nem precisa de ser eleito. É esperto como um rato, como um rato é belo, e ainda vai ser condecorado p'lo palerma do Marcelo!

Sou eu que estou a ficar velho?

As pessoas tinham melhor aspecto no tempo em que eu ainda tinha medo do escuro e tenho saudades da guerra fria quando me sentia cem vezes mais seguro.

Recusa do Corso.

No Rio de Janeiro, em Ovar ou em Veneza, desfila sempre a mesma certeza: um corso de carnaval há-de para sempre ser feliz como um palhaço num funeral.

O que fazer?

O que fazer quando a liberdade da tua juventude se escapa do tempo em que envelheces, e até Cristo parece recusar o grito das tuas preces.

O Natal no Estado Islâmico

Muhammad, o tira-cabeças, prefere enterrar crianças vivas, mas hoje o Califa - Alá o proteja - decidiu dar novo préstimo às suas reconhecidas qualidades.

Elogio da infelicidade.

Parece que, quanto mais miseráveis formos, melhor. E se acabarmos de vez com o Natal, melhor ainda. Neil Oliver discorda. E o ContraCultura também.

Balada da Praia dos Bois

Quando a humanidade colapsar sobre os seus erros danados, vais ainda assim dormir bem com os teus pecados?

Ode a Allen Ginsberg.

Allen Ginsberg, estás sentado ao balcão de um bar em New Jersey e eu estou a beber um dirty martini contigo e a falar-te do destino perdido dos escritores da América.

2084

Na Gare de Lançamento de Alfragide, não há mães que se despeçam dos filhos que partem para a guerra nas Colónias de Marte.