O ContraCultura é uma publicação que pretende alimentar a mais sincera e honesta das relações com os seus leitores. E assim sendo, não esconde que sempre teve em Justin Trudeau um grato saco de pancada. Nem tenta disfarçar o júbilo com que recebeu as notícias da sua demissão, embora, considerando o animal de esgoto de que falamos, a cautela também seja boa conselheira e não será de espantar que o filho de Fidel Castro esteja a manobrar para continuar agarrado ao poder.

Seja como for, a situação em que Trudeau se encontra será sempre dolorosa para ele e esse facto, por si só, merece celebração. E a maneira que temos de festejar o facto é a de revisitar quatro dos muitos artigos que o Contra publicou sobre o sinistro, embora patético, personagem.

 

Trudeau, o cínico.

Em “Líderes que odeiam os cidadãos que lideram. Primeira parte”. 5 de Setembro de 2022

“No espaço de apenas alguns anos, Trudeau transformou uma nação há muito famosa pela cervejaria Molson, pelos cães de trenó e pela simpatia num Estado de vigilância implacavelmente punitivo. Há muito que as pessoas sussurram, com toda a seriedade, que Justin Trudeau é o filho biológico de Fidel Castro. Podiam rir-se disso, mas agora está a tornar-se muito fácil de acreditar. Trudeau utilizou sistematicamente a COVID para provocar um curto-circuito na democracia do Canadá e acabar com o cristianismo organizado no país. Os canadianos já não podem viajar livremente dentro do seu próprio país, ou regressar ao seu país em determinadas regiões. Os pastores foram presos por realizarem serviços religiosos. Os não vacinados podem ser mandados para a prisão por comprarem determinados produtos nas lojas”.

Tucker Carlson . Fevereiro de 2022

 

Um dos discípulos favoritos do World Economic Forum, Justin Trudeau transformou, em dois ou três anos o regime do seu país numa tirania federal, sendo reconhecido pela forma desdenhosa e maldicente com que se dirige aos cidadãos do seu país que não votaram nele ou que não concordam com as suas políticas draconianas.

Depois de medidas punitivas inimagináveis tomadas a propósito da Covid-19, que incluíram confinamentos recordistas em duração e intensidade de restrições, campos de concentração para infectados e sobretaxação, perseguição e retirada de direitos de cidadania aos não vacinados; o primeiro-ministro canadiano encontrou um primeiro obstáculo  sério ao seu despotismo na reacção dos camionistas. Confrontados com a obrigatoriedade de apresentarem um passaporte de vacinação para exercerem a sua actividade profissional, os motoristas de pesados decidiram organizar um protesto em forma de comboio, que chegou a integrar mais de 50.000 veículos e que se dirigiu ao centro da capital administrativa do país, Ottawa, acampando na praça onde estão instalados os máximos organismos do poder federal.

O movimento de protesto foi pacífico e altamente civilizado do princípio ao fim e cumpriu com as normas constitucionais e legais do Canadá. Mas para Trudeau, como para qualquer tiranete, um protesto contra as políticas governamentais é inadmissível e logo tratou de, enquanto o protesto decorria, acusar os manifestantes de militância de extrema-direita e supremacia branca, caracterizando-os como um punhado de terroristas com pontos de vista inaceitáveis (todos os pontos de vista não partilhados por Trudeau são inaceitáveis).

Depois de muito rapidamente alterar as leis dos país e declarar o estado de emergência (que nunca até aí tinha sido invocado no Canadá) para poder perseguir os manifestantes como lhe desse na real gana, obliterou o protesto com cargas de cavalaria e forças policiais e militares armadas até aos dentes (os destacamentos incluíram carros de assalto equipados com metralhadoras pesadas, forças especiais do exército, snipers colocados em pontos estratégicos do centro da cidade, etc.). Uma vez esmagado o movimento, apreendeu veículos pesados, congelou contas bancárias dos manifestantes e prendeu os seus líderes, chegando ao ponto de exterminar os animais de estimação de camionistas que tinham sido encarcerados. Não satisfeito com isto, o seu governo foi atrás dos pequenos negócios da restauração de Ottawa que serviram os manifestantes e dos cidadãos que contribuíram financeiramente, nas plataformas electrónicas, para o sucesso do movimento.

 

 

Nos dias que correm, Trudeau está na vanguarda dos modernos métodos fascistas de controlo do pensamento, do discurso e da mobilidade. Dois exemplos: o sistema educativo canadiano está agora a ensinar às crianças que a liberdade de expressão é problemática e um instrumento do “discurso de ódio”; e o governo canadiano, em parceria como o WEF (quem haveria de ser?) está a implementar um sistema de identificação digital que limita a possibilidade de viajar em função de créditos atribuídos pelo estado aos seus cidadãos, como o que existe já na China e que premeia a obediência ao estado e penaliza a dissidência.

 

 

Aberto o precedente, outros bandidos com as mesmas intenções vão já a seguir implementar estes sistemas noutros países, claro. Até que o mundo seja uma imensa cidade de Shangai.

Mas o que mais choca em Trudeau, para além da sua óbvia vocação totalitária, é o cinismo. Depois de ter paralisado a economia canadiana durante dois anos por causa de um vírus com um índice de mortalidade marginal, este personagem do arco da velha teve o desplante de acusar os camionistas de terem prejudicado os comerciantes de Ottawa (que ele próprio perseguiu por terem vendido produtos e serviços aos manifestantes):

 

 

Justin Trudeau enche constantemente a boca com conceitos de que é o primeiro inimigo, como justiça, democracia, tolerância e igualdade perante a lei. Quem o ouve falar não consegue evitar o choque dialéctico entre as palavras que o senhor diz e a sua praxis política. Talvez por isso seja actualmente um dos personagens mais satirizados pela inventiva mimética.

 

 

Nada que ele não mereça, claro. Porque um líder que odeia os cidadãos que lidera vai, mais tarde ou mais cedo, ser odiado de volta.

 

 

Trudeau Culpa o speaker, culpa os canadianos, culpa os russos: porque só ele é que é irresponsável.

Em “Incrível: Depois de celebrar um nazi no Parlamento, Justin Trudeau queixa-se da ‘propaganda russa'”. 29 de Setembro de 2023

Mais um episódio que faz prova eloquente do carácter de Justin Trudeau, o máximo crápula entre todos os crápulas que detêm o poder no Ocidente: apesar de se ter reunido com um antigo soldado das SS e de o ter convidado para o seu parlamento, onde o nazi de 98 anos foi aplaudido de pé, o primeiro-ministro canadiano queixou-se da “propaganda e da desinformação russa”, na segunda-feira.

(…)

Trudeau foi questionado pelos jornalistas sobre a situação e, mostrando ao mundo a espécie rara de canalha que é, culpou o seu colegial (o Speaker é do seu partido e foi cooptado para o cargo pela maioria que Trudeau comanda), partilhou o astronómico embaraço com todos os canadianos e aproveitou para insinuar que a responsabilidade do episódio pertence… à propaganda russa.

“Obviamente que é extremamente perturbador que isto tenha acontecido. O Speaker reconheceu o seu erro e pediu desculpa. Isto é algo profundamente embaraçoso para o Parlamento do Canadá e, por extensão, para todos os canadianos, penso que particularmente para os deputados judeus e todos os membros da comunidade judaica em todo o país, que celebram e comemoram hoje o Yom Kippur”.

De seguida, referiu-se à Rússia, afirmando:

“Penso que vai ser muito importante que todos nós resistamos à propaganda russa, à desinformação russa e continuemos o nosso apoio firme e inequívoco à Ucrânia”.

 

 

Incrível. Até porque entretanto ficámos a saber que o oficial das Wafen-SS só podia estar presente naquela sessão do parlamento com a autorização do gabinete de protocolo do infame primeiro-ministro. E que Trudeau até se encontrou pessoalmente com o nazi antes deste ser homenageado pela assembleia. Mais a mais, implode aqui uma bomba de ironia: o tirano do Partido Liberal canadiano gosta de usar a palavra “nazi” para descrever qualquer pessoa que discorde das suas políticas.

 

 

E se é verdade que Trudeau se lembrou de pedir desculpa aos judeus, esqueceu-se no entanto de rogar pelo perdão, se calhar mais premente, dos seus compatriotas (e familiares destes) que combateram – e morreram – na II Guerra Mundial, precisamente para evitar que homens como Yaroslav Hunka tomassem conta do Ocidente.

Em reacção a todo este descalabro moral, o líder da oposição canadiana, Pierre Poilievre afirmou:

“Os canadianos estão fartos de um primeiro-ministro que nunca assume a responsabilidade pelas coisas que acontecem sob a sua alçada e que encontra sempre alguém para atirar para debaixo do autocarro.”

E dirigindo-se ao speaker, perguntou:

“É você essa pessoa?”

Poilievre exigiu que Trudeau se desculpasse pessoalmente, descrevendo a situação como

“um terrível erro de julgamento por parte de Justin Trudeau, cujo gabinete de protocolo pessoal é responsável pela organização e verificação de todos os convidados e programação para visitas de Estado deste tipo. É impossível que qualquer parlamentar presente na sala (para além do Sr. Trudeau) tivesse conhecimento do passado negro de Yaroslav Hunka.”

 

 

Neil Oliver comenta o lamentável caso, com a argúcia e a profundidade que se lhe reconhece.

 

 

 
Não é comédia: Trudeau vai gastar 8,4 milhões de dólares para estudar o “declínio da democracia”.

2 de Abril de 2024

O tirano Trudeau é capaz de passar por cima de todas as ironias deste mundo, imune ao ridículo; é capaz da máxima hipocrisia, sem pestanejar; é capaz de ser o mais desprezível insecto da política contemporânea, mas a sua desvergonha nunca deixa de surpreender. Eis um bom exemplo: O Gabinete do Primeiro-Ministro canadiano acaba da aprovar 8,4 milhões de dólares para estudar a forma como a autocracia prospera com as alterações climáticas.

Não, a sério: Trudeau vai gastar este dinheiro todo para descobrir como é que o clima gera criaturas como ele. Num discurso gravado em vídeo para a terceira Cimeira Anual sobre Democracia, um encontro orquestrado pelo regime Biden (mais uma ironia a somar às várias ironias deste texto), o homenzinho anunciou a onerosa e esquizofrénica iniciativa:

“Hoje, anuncio que o Canadá está a investir 8,4 milhões de dólares em investigação em todo o hemisfério sul para compreender como as alterações climáticas interagem com o declínio democrático. Estas iniciativas também ajudarão a proteger os direitos humanos dos defensores do ambiente”.

 

 

Como é que o tiranete consegue dizer estas coisas sem se desmanchar a rir será sempre um mistério e percebe-se bem por que é que o projecto tem foco apenas no hemisfério sul. Se fosse direccionado para o hemisfério norte, o caso de estudo mais gritante seria por certo o canadiano.

Está-se mesmo a ver que o Estudo vai concluir que Javier Milei só foi eleito porque a temperatura média na Paragónia aumentou 0,02º centígrados nos últimos cinquenta anos e que Bolsonaro perdeu as eleições de 2022 porque a precipitação média na Amazónia aumentou 1% nos século XXI.

O dinheiro faz parte de um pacote de 30 milhões de dólares de subvenções para “reforçar as democracias”, dos quais 22,3 milhões se destinam a “defender os direitos humanos e promover a inclusão”.

Dizer que o governo de Justin Trudeau reforça as democracias é como sugerir que José Estaline promovia a dissidência interna, mais coisa menos coisa.

Um relatório sobre o projecto descreve-o como uma iniciativa para recuperar o “espaço cívico e enfrentar a emergência climática”. No documento, lemos:

“O Canadá está a investir 8,4 milhões de dólares para apoiar os defensores dos direitos humanos que trabalham em questões climáticas e ambientais no Sul Global”.

Infelizmente, esta paixão pelos direitos humanos não incluiu os camionistas canadianos, que o regime Trudeau enfiou na prisão e a quem congelou as contas bancárias, pelo simples facto de não quererem ser injectados com terapias genéticas experimentais.

O estudo sobre o “declínio democrático” está a ser gerido pelo Centro Internacional de Investigação para o Desenvolvimento, uma empresa pública que é um dos principais canais de Ottawa para a ajuda externa. Esta entidade de cariz soviético irá também receber mais 4,6 milhões de dólares para “criar uma esfera digital equitativa, feminista e inclusiva”, de acordo com uma nota do Gabinete do Primeiro-Ministro.

Outros componentes do pacote de 30 milhões de dólares incluem 1,44 milhões de dólares “para reforçar a resiliência dos movimentos francófonos pelos direitos LGBTQI+ no Norte de África”.

Boa sorte com isso.

O Primeiro-Ministro do Canadá detém a autoridade executiva para aprovar subsídios não orçamentados para actores externos, que em nada se relacionam com o Canadá ou favorecem a sua economia, e é relativamente comum que faça anúncios multimilionários na véspera de participar em conferências e cimeiras no estrangeiro.

Pouco antes de Trudeau participar na Associação das Nações do Sudeste Asiático em 2022, por exemplo, o seu governo anunciou 333 milhões de dólares para vários projectos, fundos e organizações sem fins lucrativos sediados na Ásia. Essa febre despesista incluiu um fundo de 32,8 milhões de dólares para quaisquer “organizações da sociedade civil” que pudessem provar seu compromisso com a promoção da “igualdade e inclusão de género”.

Em 2023, durante uma visita a uma cimeira da Comunidade das Caraíbas, Trudeau anunciou um desembolso de 44,8 milhões de dólares para várias agências do arquipélago que trabalham na área da “crise climática”. O pacote incluia 8 milhões de dólares para “melhorar a saúde do ecossistema” por meio de “organizações ambientais e de direitos das mulheres”.

As três visitas-surpresa de Trudeau à Ucrânia desde a invasão russa foram, de igual modo, fortificadas por contributos substanciais do orçamento canadiano para a ajuda ao regime de Zelensky. A visita do primeiro-ministro a Kiev, em Fevereiro deste ano, por exemplo, foi acompanhada de várias centenas de milhões de dólares em ajuda civil, incluindo um subsídio de 4 milhões de dólares para “desminagem com inclusão de género”.

“Desminagem com inclusão de género”? A sério? Trudeau quer mesmo mulheres e homossexuais e transexuais a desactivarem campos minados?

A resposta é sim. O dinheiro, a ser enviado para uma organização sem fins lucrativos sediada no Reino Unido chamada The HALO Trust, iria estabelecer “um grupo de trabalho sobre género e diversidade para promover acções de desminagem que transformem o género na Ucrânia”.

Vão “transformar o género”, sim. De forma explosiva.

A hemorragia de dólares em projectos que misturam o clima com o feminismo, a guerra com a identidade de género e os direitos LGBT com o declínio das democracias é eloquente sobre o estado mental de Justin Trudeau, numa altura em que as sondagens indicam que caiu em desgraça entre os retardados que votaram nele.

 

 

Projecto-lei de Trudeau sobre ‘discurso de ódio’, que prevê penas de prisão, pode aplicar-se retroactiva e preventivamente.

14 de Maio 2024

É verdade que, tratando este texto de Justin Trudeau, as expectativas sobre o seu desenvolvimento são sempre as piores possíveis, mas ainda assim, o que se segue não deixa de ser pavoroso para além do pavor que é comum no Canadá..

E os gentis e atentos leitores do Contra, que pensavam que a lei escocesa sobre “discurso de ódio” era a recordista na competição em que as elites ocidentais estão empenhadas pelo quadro legal que mais reprime a liberdade de expressão, devem preparar-se psicologicamente para um shot de puro fascismo. O governo canadiano acaba de propor legislação que pode ser aplicada a tudo o que for dito ou publicado no passado, no presente ou no futuro.

É uma espécie de Relatório Minoritário na China Maoista.

O projeto de lei C-63, conhecido como “Online Harms Act”, padece das infecções de todos os outros projectos deste género despótico, como a repressão das liberdades fundamentais do ser humano, a defesa sectária, racista e transhumanista de minorias e da ideologia de género, e a convenientemente vaga definição do conceito de ‘ódio’. Mas para além disso, tem outros requintes de crueldade e propõe penas de prisão e multas avultadas para quem expressou, expressa ou poderá expressar ‘pensamento errado”.

A iniciativa legislativa, que já está em maturação desde Março deste ano,  chegou a ponderar penas de prisão perpétua para crimes de discurso, mas parece que a ideia de encarcerar para a vida toda um canadiano que tenha postado um meme mais inconveniente foi engavetada. Porém, para compensar esse lapso e manter Trudeau de bom humor, há toda uma orgia de vilanias neste pacote legislativo.

A coisa é de tal forma insana que Elon Musk pediu à comunidade para verificar os factos, o que resultou no esclarecimento de que a legislação não é uma lei… ainda.

 

 

Os detractores argumentaram que a proposta legislativa cria especificamente a chamada cláusula de “comunicação contínua”, o que significa que tweets antigos, por exemplo, que ainda estejam no ar, podem ser considerados discurso actual. Desde que o titular de uma conta de rede social possa apagar o post ‘criminoso’ e não o faça, mesmo que esse post tenha uma década, está sujeito a cair sob a alçada da lei.

 

 

Se o post foi republicado, a pessoa que o republicou e o autor do tweet original podem ser processados por isso.

Xi Van Fleet, que viveu durante a revolução cultural, notou as semelhanças entre os regimes de Justin e Mao:

 

 

E não acaba aqui. A legislação prevê a possibilidade de punir preventivamente as pessoas por coisas que ainda não disseram. Sim, a sério.

 

 

E a cereja no topo do grande bolo da tirania: nem um mandado judicial será necessário para, ao abrigo deste quadro jurídico, serem realizadas buscas que visem vigiar a conformidade com a lei.

 

 

É de sublinhar que o primeiro-ministro canadiano está a forçar esta abominação precisamente no momento em que a sua popularidade atinge níveis próximos da destituição. Como o Contra já noticiou, a maioria dos eleitores canadianos acha que Trudeau deve demitir-se antes de terminado o seu mandato e um relatório secreto da Polícia Montada do Canadá, revelado em Abril deste ano, traça um quadro sombrio para o futuro do país, sugerindo que o agravamento das condições económicas poder levar à revolta da população contra o governo.

Por muito subterrânea que seja a infâmia de Justin Trudeau, ele é sempre capaz de descer mais baixo, pela escadaria do inferno.

Chega até a impressionar.