Considerando o perfil político dos líderes em presença, seria expectável que fissuras começassem a surgir na chamada ‘relação especial’ entre a Grã-Bretanha e a América. Ei-las, ainda antes de Donald Trump tomar posse.

Segundo a BBC, o Primeiro-Ministro britânico poderá pôr fim à ‘parceria de segurança’ do seu país com os Estados Unidos se Trump não se distanciar dos recentes comentários de Elon Musk sobre o envolvimento de Starmer no escândalo dos gangues de aliciamento.

Nick Watt, repórter do programa noctruno de actualidades BBC Newsnight, afirma que Downing Street fará uma “avaliação rigorosa” sobre se estas opiniões são defendidas apenas por Musk ou pela administração como um todo.

Watt articulou o problema desta forma:

Há um horror absoluto nos mais altos níveis do governo com a linguagem incendiária que vimos de Elon Musk.

E haverá, pelo que percebi, uma avaliação dura. Será esta apenas a opinião de Elon Musk ou é a opinião de toda a administração e do novo presidente Donald Trump?

Se este for caso, então poderá haver algumas questões muito, muito sérias sobre a natureza da nossa parceria de segurança contínua com os Estados Unidos.

John Healey, o Secretário da Defesa, dizia hoje que a parceira de segurança entre o Reino Unido e os EUA é a mais sólida que têm no mundo. Somos membros do Grupo Five Eyes com os Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Reino Unido.

Será possível haver este nível de partilha de tudo se este tipo de coisas for endossado pelo próximo Presidente dos Estados Unidos?

A pergunta é ‘Trump concorda com isto?’ Ainda não conheço a resposta.

 

 

O relatório surge numa altura em que Musk, que é amplamente visto como uma das vozes mais poderosas da nova administração Trump, continua a travar uma guerra de palavras com o governo britânico e, especificamente, contra Keir Starmer, devido à perseguição ao activista anti-islâmico Tommy Robinson.

Além de criticar o governo a partir da sua conta X pela cumplicidade de Starmer enquanto Procurador Geral nestes crimes horríveis, Musk até publicou uma sondagem na qual perguntava aos seus 211 milhões de seguidores se os Estados Unidos deveriam “libertar a Grã-Bretanha do seu governo tirânico”.

Aproximadamente 1,8 milhões de pessoas votaram na sua sondagem até agora. Cerca de 58% dos inquiridos disseram que sim, enquanto 42% disseram que não.

Starmer respondeu aos ataques de Musk num evento na segunda-feira. Sem mencionar o nome do magnata da tecnologia, afirmou:

“Aqueles que espalham mentiras e desinformação, não estão interessados ​​nas vítimas. Estão interessados ​​​​em si mesmos. Gosto do impulso da política, do debate robusto que devemos ter. Mas isso tem de ser baseado em factos e verdades, não em mentiras. Não naqueles que estão tão desesperados por atenção que estão preparados para se degradarem a si próprios e ao seu país.”

Entretanto, Donald Trump recusou até agora opinar sobre o assunto.

Elon Musk está carregado de razão quanto à responsabilidade de Starmer no escândalo dos gangues de violadores de menores, enquanto foi Procurador Geral do Reino Unido e agora, como Primeiro-Ministro, ao recusar um inquérito governamental sobre o assunto. Não tem porém que “libertar a Grã-Bretanha” seja de que governo for. Esse é um problema dos britânicos.

Elon Musk não foi eleito por ninguém. É um bilionário da tecnologia, um engenheiro e um oportunista, que fez fortuna com a fraude dos veículos eléctricos e a mentira das viagens a Marte, enquanto se entretém com passatempos satânicos como o de colocar microchips no cérebro de seres humanos.

Não é propriamente Alexandre o Grande.

Se para isso tiver talento, discernimento e altruísmo, que ajude a resolver os problemas do seu país – Deus sabe que são imensos. De resto, que se acalme com os imperialismos de trazer por casa.

Nem Trump tem mandato eleitoral, ou legitimidade para isso, quanto mais o patrão da Tesla.