O gigante aeroespacial Boeing decidiu dissolver o seu departamento de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI), de acordo com um relatório do activista anti-DEI Christopher Rufo. Rufo anunciou o acontecimento no X, fim do mês passado, sugerindo que pressões internas poderão ter influenciado a decisão do novo director executivo de encerrar o departamento. Rufo tinha anteriormente criticado a estratégia DEI da Boeing, argumentando que estava a diminuir a competência dentro da empresa.

 

 

A Bloomberg News confirmou a reestruturação, referindo que o pessoal do departamento DEI irá fundir-se com outra equipa de recursos humanos centrada no talento e na experiência dos empregados. Sara Liang Bowen, a vice-presidente da Boeing responsável pelo antigo departamento DEI, deixou a empresa no contexto destas alterações à filosofia corporativa.

 

 

Nos últimos anos, a Boeing tem sido alvo de uma série de escândalos relacionados com a segurança dos seus aviões. O Boeing 737 Max sofreu vários acidentes, incluindo dois que ocorreram com meses de diferença, na Indonésia e na Etiópia, matando um total de 346 pessoas.

Ainda assim, a empresa, cotada em bolsa, vai enfrentar dificuldades em Wall Street, já que a bolsa nova-iorquina e as corretoras exigem a implementação agressiva de políticas DEI às empresas de capitais anónimos e constantes dos seus portfólios.

 

Um ano horrível para a gigante da aeronáutica.

2024 tem sido um ano negro para aquela que foi um dia a mais prestigiada empresa de aeronáutica do mundo, e o ContraCultura tem documentado com regularidade essas adversidades.

Em Março, enquanto um denunciante, que depois apareceu ‘suicidado’, revelava graves problemas de produção industrial na empresa, a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) auditou a produção do 737 Max e os resultados foram assustadores: em certos casos, mais de metade dos protocolos de qualidade industrial estavam a ser desrespeitados, e operários foram vistos a testar vedante de portas com cartões de quartos de hotel.

Sam Salehpour, engenheiro da Boeing, avisou o Senado dos Estados Unidos, em Abril, que era apenas uma questão de tempo até ocorrer uma grande catástrofe aérea, uma vez que os aviões não estavam a ser construídos de acordo com os requisitos adequados.

Também em Abril, a FAA registou as alegações de mais um denunciante que revelava os mesmos e sérios problemas de segurança e qualidade de construção na empresa.

Em Maio, 3 dos seus aviões sofreram acidentes em apenas 48 horas, enquanto mais 10 informadores anunciaram que estavam preparados para revelar problemas de segurança e qualidade nas linhas de montagem.

Ainda em Maio, a FAA anunciou que tinha identificado uma avaria em 292 aviões 777 registados nos EUA, que pode fazer com que os seus motores a jacto descarreguem energia electrostática nos depósitos de combustível e os façam explodir em pleno ar.

Em Junho, famílias dos militares mortos num acidente com um V-22 Osprey na Califórnia, em 2022, intentaram uma acção judicial contra a Boeing, a Bell Textron e a Rolls-Royce, acusando estas empresas de escamotearem problemas de fiabilidade do avião, que já matou mais de 60 pessoas.

Também o negócio aerospacial tem estado debaixo de fogo. Em Junho, esta divisão da Boeing foi notícia, quando a sua nave Starliner avariou, deixando dois astronautas abandonados na Estação Espacial Internacional (ISS). Inicialmente, os astronautas deveriam permanecer na ISS durante uma semana, mas a NASA anunciou que vão ficar retidos no espaço até 2025, altura em que a Crew Dragon da SpaceX deverá deixar na estação orbital uma nova tripulação de astronautas e recolher os que já deviam estar na Terra.

Em Agosto, auditores da NASA acusaram a Boeing de “deficiências gritantes na qualidade”, atrasos na produção, orçamentos inflaccionados e recursos humanos desadequados.

Em Outubro, a Boeing  anunciou uma redução significativa dos seus recursos humanos, devido a problemas de segurança dos seus aviões, incumprimento de contratos e greves, mas sobretudo, à ganância dos gestores de fundos de Wall Street. Estão em causa aproximadamente 17.000 postos de trabalho.