O inspetor-geral da NASA emitiu um relatório muito crítico sobre a divisão de foguetões da Boeing, afirmando que a próxima geração de naves espaciais do gigante aeroespacial está anos atrasada, significativamente acima do orçamento e é operada por “técnicos inexperientes” liderados por gestores ineficazes.

Em desenvolvimento desde 2014, a variante Block 1B do Sistema de Lançamento Espacial da NASA estava inicialmente prevista para descolar como parte da missão lunar Artemis II, em 2025. Desde então, a estreia do foguetão foi adiada para a missão de aterragem lunar Artemis IV, em 2028, que o Gabinete do Inspector-Geral da NASA avisou na quinta-feira que poderia ser acrescidamente protelada.

A Boeing, que foi contratada em 2014 para construir a poderosa secção superior do foguetão, é parcialmente responsável por este atraso, segundo declarou o inspector-geral num relatório.

Os auditoress da NASA que visitaram as instalações de montagem da Boeing em Michoud, no Louisiana, detectaram “deficiências gritantes na qualidade”, segundo refere o relatório. Os inspectores emitiram 71 Pedidos de Acção Correctiva para remediar estas deficiências, o que, segundo eles, é

“um número elevado… para um sistema de voo espacial nesta fase de desenvolvimento”.

Estas deficiências “devem-se em grande parte à falta de um número suficiente de trabalhadores aeroespaciais com formação e experiência na Boeing”, continua o relatório, citando um exemplo de como os “técnicos inexperientes” da empresa não conseguiram soldar um tanque de combustível de acordo com as normas da NASA. Esta soldadura de má qualidade levou directamente a um atraso de sete meses no desenvolvimento da fase superior do foguetão.

O relatório afirma ainda:

“O processo da Boeing para resolver as deficiências até à data tem sido ineficaz e a empresa não tem sido, de um modo geral, reactiva na tomada de medidas correctivas quando os mesmos problemas de controlo de qualidade voltam a ocorrer”.

A Boeing prometeu inicialmente entregar a secção superior do foguetão em Fevereiro de 2021, mas o prazo de conclusão que propõe agora é o de Abril de 2027. Os custos subiram entretanto, com a NASA a estimar que a produção do sistema custará 2,8 mil milhões de dólares até 2028, mais do dobro da estimativa da Boeing em 2017, que era de 962 milhões de dólares.

O gabinete do inspcetor-geral recomendou que a Boeing fosse multada por “não cumprir as normas de controlo de qualidade”. No entanto, a administradora associada adjunta da NASA, Catherine Koerner, anunciou na quinta-feira que a empresa não seria penalizada.

Já em Junho, a divisão aero-espacial da Boeing foi notícia, quando a sua nave Starliner avariou, deixando dois astronautas abandonados na Estação Espacial Internacional (ISS). Inicialmente, os astronautas deveriam permanecer na ISS durante uma semana, mas a NASA anunciou na quarta-feira que vão ficar retidos no espaço até 2025, altura em que a Crew Dragon da SpaceX deverá deixar na estação orbital uma nova tripulação de astronautas.

Para além dos problemas de engenharia aero-espacial, a Boeing enfrenta inúmeras dificuldades com a qualidade de construção dos seus aviões comerciais e militares, e 2024 tem sido um ano negro para a empresa norte-americana

As famílias dos militares mortos num acidente com um V-22 Osprey na Califórnia, em 2022, intentaram em Junho deste ano uma acção judicial contra a Boeing, a Bell Textron e a Rolls-Royce, acusando estas empresas de escamotearem problemas de fiabilidade do avião, que já matou mais de 60 pessoas.

Em Maio, a Administração Federal da Aviação dos Estados Unidos (FAA) anunciou que tinha identificado uma avaria em 292 aviões Boeing 777 registados nos EUA, que pode fazer com que os seus motores a jacto descarreguem energia electrostática nos depósitos de combustível e os façam explodir em pleno ar.

Também em Maio, um 747-400 aterrou de emergência na Indonésia, depois de um dos seus motores se ter transformado numa bola de fogo; no Senegal, passageiros aterrorizados escaparam de um 737-300 em chamas; na Turquia, um pneu explodiu durante a aterragem de um 737-800; e, 24 horas depois, o trem de aterragem de um 767 cedeu, fazendo com que a aeronave embatesse na pista, quando aterrava em Istambul.

Em Abril, a FAA anunciou que estava a examinar as alegações de um denunciante que revelam graves problemas de segurança e qualidade de construção na Boeing.

Em Março, um outro informador que tinha revelado graves problemas de produção na Boeing apareceu suicidado, tendo dito dias antes a uma amiga:

“Se me acontecer alguma coisa, não é suicídio”.

Em Fevereiro, a FAA auditou a produção do Boeing 737 Max e os resultados foram assustadores: Em certos casos, mais de metade dos protocolos de qualidade industrial foram desrespeitados, e operários foram vistos a testar vedante de portas com cartões de quartos de hotel.

Aquela que outrora foi essencialmente uma companhia liderada por engenheiros conhecidos pela inovação e pela perícia, funciona agora de acordo com a ganância e a religião DEI de Wall Street. O resultado é o triunfo dos corretores e dos activistas woke, e a falência da engenharia.