À medida que a presidência de Joe Biden fracassa e a sua campanha eleitoral vacila, os meios de comunicação social e outros democratas estão a carregar no grande botão vermelho do pânico e a trazer de volta a sua farsa da interferência russa, a ver se pega, mais uma vez.

Joe Scarborough, o apresentador da MSNBC que define os talking points dos democratas, passou a semana passada a afirmar que os problemas de Biden em 2024 não se devem às suas políticas impopulares ou à falta de acuidade mental, mas sim a uma secreta e nefasta conspiração russa secreta para ajudar Donald Trump a ganhar as eleições de Novembro próximo. Scarborough afirmou com entusiasmo que os republicanos no Congresso estavam a trabalhar com o Presidente russo Vladimir Putin para ajudar Trump a ganhar.

A capacidade dos democratas de continuar a propagar a sua farsa da Rússia 2.0 é prejudicada pela farsa anterior do conluio russo que eles venderam de 2016 a 2019. Essa mentira foi exaustiva e meticulosamente desmascarada, mas Scarborough apegou-se desesperadamente à aldrabice e quer reescrever a história.

Chamando a atenção para o The Wall Street Journal pela sua reportagem que denunciava o embuste da interferência russa, Scarborough disse, em crescente exaltação:

“Uma das coisas enlouquecedoras que vemos por aí é a das pessoas a falarem sobre o embuste russo. Continuam a falar sobre o embuste russo. A desinformação russa está a ser espalhada no plenário da Câmara por membros republicanos. Temos mais e mais reportagens sobre o que nunca cessou realmente. Ou seja, Vladimir Putin e a Rússia estão a tentar ajudar Donald Trump a ser novamente eleito! Farsa? Não há farsa nenhuma!”

O conluio russo consiste na afirmação, mais que comprovadamente falsa, de que Trump conspirou com a Rússia para roubar as eleições de 2016, e não no facto bastante óbvio de que a Rússia dissemina propaganda, como, aliás, também o faz o Ocidente e, por ventura, em maior escala. Scarborough deixa de fora esse detalhe na sua narrativa. Não menciona o dossier Steele, completamente fabricado a mando da campanha de Hillary Clinton, a infame e inexistente gravação da prostituta russa que urinava sobre Donald Trump, as mentiras sobre a ida de Michael Cohen a Praga para reuniões secretas com funcionários russos, os esforços fraudulentos para obter mandados de vigilância sobre os afiliados de Trump, a espionagem de Rodney Joffe, a histeria do Alfa-Bank, ou qualquer uma das outras falsidades que os media e outros democratas espalharam durante anos.

A causa da histeria de Scarborough na semana passada encontra origem num artigo do New York Times, produto de fontes anónimas, que descrevia um único vídeo que alegava ter sido produzido por agentes russos que se faziam passar por ucranianos. O vídeo, que nem sequer chegou a ter um estatuto viral, alegava aparentemente que os ucranianos estavam a ser instruídos pela CIA para ajudar Biden a ganhar as eleições. Os “actuais e antigos” funcionários anónimos da CIA diziam que isso significava que os russos se estavam a intrometer nas eleições americanas. A história cumpria exactamente os mesmos parâmetros de centenas de outras histórias do New York Times que foram publicadas na primeira versão do embuste do conluio com a Rússia – fontes anónimas dos serviços secretos, falta de fundamentação e inferências bizarras.

O Senador Sheldon Whitehouse (D-R.I.), tweetou um link para a história com a nota: “Trump/Rússia. Trump/Rússia. Trump/Rússia. Quão óbvio tem de ser?”.

Um porta-voz da CIA disse ao New York Times que a alegação feita no vídeo era “claramente falsa” e o “tipo de desinformação sobre a qual a comunidade de inteligência há muito alertou”. Acrescentou, de forma que é, simultaneamente, hilariante e desavergonhada, que

“a CIA é uma organização focada no estrangeiro que leva muito a sério a nossa obrigação de não nos envolvermos na política e nas eleições americanas”.

Se o Guiness Book of Records registasse um ranking para as grandes aldrabices proferidas no Século XXI, esta frase entrava directamente para o topo da tabela.

Entre uma ampla variedade de outras actividades com foco doméstico, os funcionários da CIA ajudaram a organizar a carta assinada por ex-líderes da CIA na véspera da eleição de 2020, alegando falsamente que o laptop Hunter Biden, que era bem real e que detalhava os negócios corruptos da família Biden, era desinformação russa. Essa mentira alimentada pela CIA foi divulgada pelos meios de comunicação social americanos e foi destacada num dos dois debates presidenciais desse ciclo. Os americanos que falaram correctamente sobre o computador portátil foram censurados pelas Big Tech.

Mika Brzezinski da NBC, a mulher de Scarborough, leu o artigo do The New York Times em directo, regurgitando a sua versão anónima de que a propaganda russa era uma grande ameaça às eleições. A mesma afirmação foi feita pelos democratas há oito anos, incapazes de aceitar que Donald Trump tinha ganho as eleições de 2016 de forma justa. Sim, os russos fazem campanhas nas redes sociais relacionadas com as eleições americanas (não de forma tão evidente como os americanos manipularam as eleições na Ucrânia, por exemplo). Mas os democratas exageram o efeito dessas campanhas a um ponto absurdo para censurar o discurso e o debate que sabem prejudicar as suas perspectivas eleitorais.

Em 2017, os democratas e os meios de comunicação social afirmaram ter encontrado uma prova cabal de conluio entre Trump e a Rússia para roubar as eleições de 2016. Realizaram audiências e publicaram histórias sobre 3.000 anúncios no Facebook comprados pela Rússia que supostamente afectaram os resultados eleitorais. Acontece que esse ‘facto’ era falso. Dos 3.000 anúncios, 56% foram vistos depois das eleições. 25% não foram vistos por ninguém. A maioria dos anúncios não mencionava a eleição, a votação ou qualquer candidato em particular. Apenas uma dezena de anúncios visava estados indecisos, e foram publicados em 2015. A maioria dos anúncios teve um alcance muito reduzido devido porque o plano de inserções era muito modesto. Muitos foram redigidos num inglês pouco claro. Aqui está um exemplo de um desses anúncios, que na verdade é um meme, e que dizia: “Não podes dar as mãos a Deus quando te estás a masturbar”. A forma como as piadas grosseiras sobre masturbação prejudicam os candidatos democratas nunca é explicada. E se isto constitui interferência eleitoral, o melhor mesmo é desligar a internet.

 

 

Uma das participantes no programa de Scarborough na semana passada foi Jennifer Palmieri, directora de comunicação de Hillary Clinton. Clinton e o Comité Nacional Democrata financiaram secretamente a mentira do conluio russo em 2016, pagando para que a desinformação sobre Trump e a Rússia fosse fabricada e espalhada pelos meios de comunicação social. Em todo o caso, Palmieri disse a Scarborough, com uma cara séria, como foi frustrante em 2016 o facto de as pessoas não acreditarem nas afirmações da campanha de Clinton sobre a desinformação russa:

“A coisa mais difícil de combater em 2016 foi que ninguém acreditou em nós. Mesmo depois de termos publicado no Washington Post uma reportagem sobre o que a Rússia estava a fazer, íamos à imprensa e dizíamos: ‘Achamos que muito disto vem da Rússia’. Era incrível, mas as pessoas não conseguiam perceber que era isso que estava realmente a acontecer. Agora as pessoas sabem disso”.

É preciso ter lata.

Mike Barnicle, da NBC, descreveu as afirmações fantásticas de Palmieri como “factuais”, acrescentando:

“Aconteceu. Teve impacto numa eleição presidencial. Agora não é só a Rússia. Há um tsunami de desinformação por aí. A Rússia, a China, vários outros países, todos têm como objectivo a nossa democracia cada vez mais frágil. Esta é uma ameaça potencialmente letal para o nosso país”.

Uma potencial e letal ameaça? Esta é a mesma interpretação que ocorreu em 2016, quando os democratas disseram que alguns anúncios no Facebook eram um “Pearl Harbor digital”. Que afirmação absurda e ofensiva.

E sim, a democracia americana está cada vez mais frágil. Quando o regime Biden arma o sistema judicial para perseguir opositores políticos, está a fragilizá-la. Quando o Congresso, à revelia da Primeira Emenda, vota uma lei sobre o discurso que ilegaliza versículos do Novo Testamento, está a fragilizá-la. Quando as elites do unipartido de Washington consideram como inimigos metade dos cidadãos da federação, estão a fragilizá-la. Quando o processo eleitoral americano é sujeito a constantes manobras de manipulação, condicionamento e fraude, estão a fragilizá-la. Muito mais do que qualquer programa secreto russo, real ou fabricado, pode ambicionar.

Todo este segmento do programa de Scarborough era sobre um vídeo que mostrava uma mulher supostamente de Kiev a dizer que estava a publicar conteúdos pró-Zelensky até que misteriosos americanos a visitaram, que eram “provavelmente da CIA”, e lhe disseram para passar a atacar Trump. “Provavelmente da CIA”? Uau, que vídeo de propaganda tão convincente. Trata-se realmente de um ataque super sofisticado que ameaça a nossa democracia ou de um vídeo de baixa qualidade indistinguível de um bilião de outros vídeos online?

Poucas horas depois da publicação da história do The New York Times, o senador Mark Warner, D-Va., mencionou-a, apesar da falta de pormenores ou de fontes, na sua audição sobre “interferência eleitoral”. Que coincidência notável o facto de o artigo, que apresentavaa perspectiva da CIA sem qualquer crítica, ter sido publicado na mesma manhã que essa audiência! Quais são as probabilidades?

É evidente que os meios de comunicação social e os democratas planeiam passar o resto do ano a enquadrar a oposição às suas políticas falhadas e impopulares como o resultado da desinformação russa, apesar de ser uma mentira descarada. Além disso, é evidente que, para que a sua mentira funcione, vão branquear e reciclar a vergonhosa e falaciosa história do conluio russo.

Fá-lo-ão, e descaradamente, porque sabem que são donos do complexo de informação e que podem safar-se com mentiras. Estes ‘jornalistas’ ganharam Pulitzers e outros prémios por espalharem o embuste da Rússia em 2016. Mesmo depois dos ‘factos’ terem sido completamente desmentidos, afirmaram que não tinham feito nada de errado. E ninguém lhes tirou os prémios por terem feito batota.

A utilização da desinformação russa como pretexto para desestabilizar e retirar legitimidade a um presidente eleito, e a sua utilização como pretexto para censurar os americanos, são ameaças muito maiores do que alguns anúncios do Facebook em inglês incorrecto, trolls de Kiev ou burlões de correio electrónico.

Como é óbvio para qualquer pessoa cujo cérebro estabeleça duas ou três sinapses por dia.