
Para contextualizar esta notícia junto do público português que pode não ter conhecimento dos eventos em causa ou ter sido mal informado, é importante um breve prólogo.
Entre 2016 e 2020, Donald Trump foi acusado pelo establishment de Washington de ser um espião russo. Um candidato à presidência, e depois um presidente, ao serviço de Putin. Um personagem grotesco que apreciava que prostitutas moscovitas urinassem sobre o seu corpo. O departamento de Justiça e o FBI lançaram uma investigação sobre estas alegações e o New York Times, o Washington Post, a CNN, a MSNBC e todos os mainstream media dos Estados Unidos da América agrediram incessantemente o anterior inquilino da Casa Branca – e toda a sua família – com a mirabolante narrativa, compilada no famoso Steele Dossier e depois denominada como o “Conluio Russo”.
Sabemos hoje que a história não tem um centímetro de verdade. Foi tudo fabricado a mando da senhora Clinton. O Contra publicou em dezembro do ano passado um artigo sobre o assunto que se recomenda ao leitor mais interessado sobre a realidade lamacenta e pútrida do pântano de Washington.
John Durham, jurista independente (embora tenha sido eleito pelo Partido Democrata como procurador de Connecticut) foi nomeado em 2019 como “Conselheiro Especial” para fazer luz sobre o fraudulento processo. O seu relatório foi finalmente divulgado na segunda-feira passada e nele é explícito que o FBI usou “inteligência não corroborada” ao lançar sua investigação sobre o ex-presidente Donald Trump, e que os agentes desta agência não conseguiram manter “fidelidade estrita à lei” na sua investigação.
No relatório, podemos ler:
“Nem o Departamento de Justiça nem a Comunidade de Inteligência parecem ter possuído qualquer prova real de conluio no início da investigação. A nossa inquirição determinou que os investigadores do Crossfire Hurricane não corroboraram e não puderam corroborar nenhuma das alegações substantivas contidas no relatório Steele”.
Durham acrescentou que o FBI
“recebeu informações de que a campanha de Hillary Clinton aprovou uma proposta de um dos seus conselheiros de política externa para difamar Donald Trump, provocando um escândalo que alegava a interferência dos serviços de segurança russos. A agência não cumpriu a sua missão de fidelidade estrita à lei. A investigação prosseguiu mesmo depois do director do FBI e outros terem tido conhecimento de informações significativas e potencialmente contrárias às alegações de conluio.
Durham sublinha especificamente o “Plano Clinton” de ligar Trump a Putin e à intrusão russa nos sistemas informáticos do Comité Nacional Democrata, para distrair o público dos seus próprios escândalos, como o do envio de emails secretos através de servidores pessoais. O relatório refere que o Presidente Barack Obama, o Vice-Presidente Joe Biden, a Procuradora-Geral Loretta Lynch e o Director do FBI James Comey foram informados pessoalmente sobre o esquema de Clinton pelo Director da CIA John Brennan, que registou a referência ao Plano nas suas notas manuscritas.
Segundo o Relatório Durham, o “Plano Clinton” foi obtido pelo FBI quando este se baseava apenas no Steele Dossier, um relatório desacreditado de alegações escabrosas sobre a actividade sexual pessoal de Trump, que o FBI sabia estar a ser financiado e promovido pela campanha de Clinton. Durham cita informações sobre uma reunião entre o autor do Dossier, o antigo agente dos serviços secretos britânicos Christopher Steele, e quadros de topo do FBI, bem como textos entre funcionários desta agência federal, para demonstrar que eles sabiam que as “provas” estavam ligadas a Clinton e que eram muito pouco credíveis.
Os agentes da linha da frente que estavam a conduzir a investigação não receberam informações sobre o “Plano Clinton” por parte da direcção do FBI, tendo alguns deles tomado conhecimento do mesmo apenas quando foram entrevistados pelo gabinete de Durham.
Os principais responsáveis da campanha de Hillary Clinton negaram o seu envolvimento na maquinação. O presidente da campanha, John Podesta, e o conselheiro político sénior, Jake Sullivan, afirmaram que a ideia de um plano desse tipo era “ridícula”. Sullivan é actualmente conselheiro de segurança nacional do Presidente Joe Biden, enquanto Podesta é conselheiro sénior de Biden para as alterações climáticas.
O relatório refere ainda que, em 2016, funcionários do Departamento de Estado estavam também a monitorizar a retórica da campanha de Trump e a compará-la com “candidatos europeus de direita apoiados por Putin”. O relatório afirma que esta informação foi fornecida à campanha de Clinton por antigos funcionários do Departamento de Estado, que testemunharam que estavam a “soar um alarme interno” sobre Trump e que estavam a “seguir” a sua retórica, com tarefas atribuídas a funcionários do Serviço de Estrangeiros para acompanharem de perto determinados eventos.
Não se sabe quem são estes “candidatos europeus de direita apoiados por Putin”. E, mais uma vez, as provas circunstanciais que estavam a tentar ser recolhidas pelo Departamento de estado, seguem a velha máxima do infame chefe da polícia secreta de Joseph Stalin, Lavrenti Pavlovitch Beria: “mostra-me o homem e eu mostro-te o crime”.
A investigação à operação “Crossfire Hurricane” do FBI sobre o “conluio russo” foi de início liderada por um antigo director do FBI, James Comey, que Trump demitiu, por evidente conflito de interesses, logo após assumir a presidência, e posteriormente assumida pelo Conselheiro Especial Robert Muller, que mais tarde relatou não ter encontrado quaisquer evidências de uma conspiração criminosa entre funcionários da campanha de Trump e agentes do governo russo.
O Relatório Durham também acusa os agentes do FBI de abusarem das leis de vigilância, nomeadamente da Lei de Vigilância de Informações Estrangeiras (FISA), quando investigaram funcionários da campanha de Trump, como o conselheiro de política externa Carter Page. O relatório de Durham concluiu que os agentes do FBI tinham uma “predisposição para investigar Trump”, mesmo na ausência de causa provável para o fazer.
O relatório descreve também o “tratamento díspar” dado pelo FBI ao candidato republicano Trump e à candidata democrata Clinton durante as eleições, incluindo o facto de o FBI ter recebido e ignorado informações de que um agente estrangeiro não identificado estava a viajar para os EUA para contribuir financeiramente para a campanha da ex-primeira dama, circunstância que é ilegal ao abrigo da legislação da federação. O relatório refere que um pedido de mandado FISA contra este agente foi submetido à sede do FBI pelos agentes no terreno para aprovação, mas que
“Foi deixado no limbo durante aproximadamente quatro meses… porque toda a gente estava ‘super cuidadosa’ e assustada com o importante nome [Clinton] envolvido”.
O documento refere que o agente estrangeiro que organizou a doação afirmou que os responsáveis pela campanha de Clinton “estavam plenamente conscientes do plano desde o início”.
O relatório Durham afirma conclusivamente que:
“O pessoal do FBI também desrespeitou repetidamente requisitos importantes quando continuou a procurar renovar a vigilância FISA a Donald Trump e aos seus directos colaboradores na presidência, reconhecendo – tanto na altura como em retrospectiva – que não acreditava genuinamente que houvesse uma causa provável para crer que o alvo estava conscientemente envolvido em actividades clandestinas em nome de uma potência estrangeira”.
Como sempre ou quase sempre no pântano de Washington, as acusações dos poderes instituídos são produto de projecção: é verdade que entre 2016 e 2020 existiu um conluio, mas não o de Trump com Putin. O Conluio foi o da campanha de Clinton com o Departamento de Justiça, o FBI e a imprensa corporativa com o fim de difamar Donald Trump.
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