Os principais governos da Europa Ocidental estão em pânico depois de o Presidente Donald J. Trump ter afirmado que os Estados Unidos vão “apoderar-se da Faixa de Gaza”, com a deslocação dos residentes palestinianos – possivelmente para nunca mais voltarem – enquanto a área é limpa de engenhos explosivos não detonados e reconstruída.

Na terça-feira, numa conferência de imprensa em que se apresentou ao lado de Benjamin Netanyahu, mas cujo anúncio parece ter chocado também o o primeiro-ministro israelita, Trump afirmou:

“Os EUA vão apoderar-se da Faixa de Gaza e também vamos fazer um bom trabalho com ela. Seremos os proprietários e responsáveis pelo desmantelamento de todas as bombas perigosas não detonadas e de outras armas existentes no local, pelo nivelamento do local e pela eliminação dos edifícios destruídos, pelo nivelamento e pela criação de um desenvolvimento económico que proporcionará um número ilimitado de empregos e de habitações para a população da zona, um verdadeiro projecto, algo diferente. Não podemos voltar atrás. Se voltarmos atrás, vai acabar da mesma forma que tem sido durante 100 anos”.

 

 

O plano de trump parece nitidamente que foi criado pelo seu genro Jared Kushner e pelos seus amigos bilionários do sector imobiliário e fica por saber como é que um programa assim pode ser implementado num território tão complicado como a Faixa de Gaza, que continua a ter um governo, uma força militar e densa ocupação populacional.

A reacção internacional a estas palavras não se fez esperar. Em nome do “Grupo dos Sete, da União Europeia e das Nações Unidas”, a ministra alemã dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, afirmou:

“A população civil de Gaza não deve ser expulsa e Gaza não deve ser permanentemente ocupada ou repovoada. Expulsar a população civil palestiniana de Gaza não só seria inaceitável e contrário ao direito internacional como conduziria a mais sofrimento e mais ódio”.

O governo francês disse a este propósito que se opõe a “qualquer deslocação forçada da população palestiniana de Gaza” e o governo britânico afirmou que os palestinianos devem “viver e prosperar na sua terra natal em Gaza, na Cisjordânia”.

Trump sugeriu que os habitantes de Gaza se mudassem para os países vizinhos como o Egipto e Jordânia, perguntando:

“Porque quereriam eles regressar? Este lugar tem sido um inferno; tem sido um dos lugares mais malignos e difíceis do mundo”.

No entanto, o Egipto e a Jordânia já indicaram anteriormente e por repetidas vezes que não querem acolher quaisquer palestinianos, com funcionários egípcios a ameaçarem “enviá-los para a Europa” se acabarem no seu território.

E é isso mesmo que vai acontecer, caso Donald Trump leve a sua avante.

Mas o Presidente americano pode também estar a jogar xadrez extra-dimensional, que procura colocar Netanyahu em xeque e obrigá-lo à mesa da paz, quem sabe?