Uma reportagem divulgada na terça-feira revelou que, durante a administração Obama, a Comunidade de Inteligência dos Estados Unidos recrutou os seus aliados estrangeiros para espiar Donald Trump e os seus associados muito antes da investigação “Crossfire Hurricane” do FBI em 2016 sobre o suposto conluio, entretanto provado como falso, da campanha de Trump com a Rússia.

O trabalho de investigação conjunta dos jornalistas independentes Michael Shellenberger, Matt Taibbi e Alex Gutentag, citando fontes próximas de uma investigação do Comité Permanente de Inteligência da Câmara dos Representantes (HSPCI), afirma que a comunidade dos serviços de inteligência norte-americanos solicitou aos seus aliados do grupo “Five Eyes” – Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia – que vigiassem Trump e os seus associados e partilhassem qualquer informação recolhida. O director da CIA de Obama, John Brennan, identificou 26 associados de Trump para serem vigiados e manipulados, uma tarefa confirmada por uma fonte da agência.

Embora tenha sido sugerido anteriormente que a Sede das Comunicações do Governo Britânico (GCHQ) era o principal informador no embuste do conluio Trump-Rússia, as fontes refutam esta alegação, afirmando, em vez disso, que foram mesmo os serviços secretos dos EUA que solicitaram às suas filiais estrangeiras que visassem os associados de Trump. Estes indivíduos foram alegadamente considerados alvos fáceis, devido à sua falta de experiência em lidar com operações dos serviços secretos.

Entre os indivíduos visados pela corrupta comunidade de inteligência ao serviço de Barak Obama, contam-se Michael Flynn, antigo director da Agência de Informações da Defesa, e Carter Page, conselheiro de Trump para a política externa. Num caso, o assessor de Trump, George Papadopoulos, foi abordado pelo professor maltês Josef Mifsud, que os democratas da Câmara dos Representantes do Comité dos Serviços Secretos afirmaram estar “ligado ao Kremlin”. Na realidade, Mifsud era “um professor que trabalhava para o MI6”, segundo uma fonte.

Este tipo de recolha de informações é ilegal ao abrigo da legislação dos EUA, a menos que seja obtido um mandado da Lei de Vigilância de Informações Estrangeiras (FISA). O relatório bombástico está já a intensificar as preocupações sobre a interferência dos serviços secretos dos EUA nas eleições de 2024.

Como o Contra já reportou, um professor da Universidade de Georgetown e antigo analista da CIA, o Dr. John Gentry, alertou para o facto da politização da comunidade dos serviços secretos e a sua concentração em iniciativas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) constituírem preocupações significativas. No seu livro recentemente publicado “Neutering the CIA: Why US Intelligence Versus Trump Has Long-Term Consequences”, Gentry afirma que esses factores podem levar à interferência nas eleições de 2024.