A Balenciaga está a ser alvo de uma intensa – e legítima – reacção crítica na web por causa de uma campanha no Instagram em que crianças são colocadas num contexto de actividade sexual “Bondage”.

A campanha, absolutamente nojenta, mostra duas jovens raparigas com animais de peluche vestidos com adereços usados em jogos de escravidão sexual.

A marca de moda – que tem sido associada a figuras como Kim Kardashian e que já foi manchete de primeira página pelas suas ousadas (para não dizer horrorosas) criações – apresenta as crianças vestidas com roupas Balenciaga, mas segurando brinquedos de peluche que foram equipados com os horríveis trajes de bondage.

O ContraCultura hesitou na decisão de publicar estas imagens, mas porque a Balenciaga retirou entretanto a campanha, e para esclarecimento da audiência, é de interesse público que elas sejam divulgadas.

Num dos anúncios, uma menina ruiva ostenta uma t-shirt da marca enquanto segura um urso branco, que foi enfiado num colete com um estrangulador de cadeado ao pescoço. O urso parece ter os olhos inchados, como se tivesse sido espancado. O ambiente é de culto sado-maso, com dragões e cisnes negros, não sendo de todo apropriado a uma criança desta idade. Do lado esquerdo da imagem vemos outro peluche que também foi equipado com adereços de jogo sexual.

 

 

No outro anúncio, uma criança veste roupa azul da marca enquanto agarra um animal de peluxe lilás, que ostenta um traje BDSM (Bondage & Sado-Maso – práticas sexuais consensuais que envolvem prazer através da dor física e psicológica). Também aqui, do lado esquerdo da imagem foi colocado um outro boneco caracterizado com adereços do mesmo género. Na mesa ao centro da sala estão copos apropriados para o consumo de bebidas alcoólicas.

 

 

Muito compreensivelmente (estranho seria se assim não fosse), os clientes da marca viram os anúncios e ficaram chocados, e depois furiosos, considerando a campanha sinistra, assustadora e errada. Ainda assim, é dizer pouco.

 

Na verdade a campanha da Balenciaga é pura pornografia feita com crianças para pedófilos. E para que ninguém tenha dúvidas da sua intenção, a produção até inclui numa das imagens uma referência a um caso judicial americano, relativo a pornografia infantil.

 

 

Pais, fotógrafos, directores criativos, copy writers, designers, agentes de casting, produtores, gestores e executivos de toda a espécie estiveram envolvidos na prossecução desta obscenidade. Ninguém ficou incomodado? Ninguém foi capaz de dizer: isto assim, não? Todos colaboraram activamente como se se tratasse de mais uma campanha de rotina?

Tucker Carlson, no monólogo de ontem, foi muito justamente colocar o dedo na ferida. Para além do que revela sobre o estado psicossocial das sociedades ocidentais – e do que grita sobre o seu subterrâneo patamar moral – é verdadeiramente ultrajante que, num momento em que as pessoas são censuradas por tudo e mais alguma coisa nas redes sociais, esta campanha tenha passado pelo zelo dos censores de Silicon Valley como se nada fosse. No Instagram não podemos dizer que um homem não pode engravidar. Mas podemos colocar crianças num contexto sado-masoquista.

 

 

Por ironia, a própria Balenciaga esteve recentemente envolvida numa polémica sobre liberdade de expressão, quando cortou relações comerciais com Ye, anteriormente conhecido como Kanye West, por causa de afirmações alegadamente anti-semitas que o rapper publicou online. Pelos vistos, a marca francesa mostra alguns pruridos éticos no que diz respeito ao racismo, mas nenhuns no que se relaciona com o abuso sexual de crianças.

Por enquanto, a Balenciaga ainda não se pronunciou publicamente sobre o escândalo. Pudera. Este é um episódio excessivamente aberrante, até para o aberrante mundo da moda. Até para os aberrantes tempos que correm.