A revista Time elegeu Donald Trump como “personalidade do ano”. Sobre essa circunstância o Contra pronuncia-se noutro artigo. Este tem como foco o conteúdo da entrevista que o Presidente eleito concedeu à revista que o odeia de morte, até porque dada a sua extensão, será pertinente um resumo que facilite a vida e poupe tempo aos nossos leitores. Eis essa síntese.
Perdão aos presos do 6 de Janeiro nos “primeiros minutos” do mandato.
Trump reafirmou seus planos de perdoar a maioria dos condenados pelas suas ações durante o motim de 6 de Janeiro de 2021 no Capitólio dos Estados Unidos.
“Vai começar na primeira hora. Talvez nos primeiros nove minutos.”
O Presidente Eleito disse que analisaria os indivíduos “caso a caso”, mas que “a grande maioria deles não deveria estar na prisão”.
Mais de 1.000 arguidos declararam-se culpados ou foram condenados em julgamento por acusações que incluíram delitos de invasão de propriedade, agressão a agentes da polícia e conspiração sediciosa.
Forças militares poderão ser chamadas para o processo de deportação de imigrantes ilegais.
Trump insistiu que tem autoridade para usar os militares no processo de deportação de imigrantes ilegais que prometeu executar. Os interlocutores da Time objectaram que a lei americana proíbe o uso do Pentágono na aplicação da legislação doméstica, ao que o entrevistado respondeu:
“Não impede os militares se se tratar de uma invasão do nosso país, e eu considero que se trata de uma invasão do nosso país. Só farei o que a lei permite, mas irei até ao nível máximo do que a lei permite. E penso que, em muitos casos, os xerifes e as forças da ordem vão precisar de ajuda.”
Trump não negou que seriam necessários campos para manter os imigrantes detidos enquanto são processados para deportação.
“O que for preciso para os tirar de lá. Não me interessa. Espero que não precisemos de muitos, porque quero tirá-los de lá e não quero que fiquem num campo durante os próximos 20 anos.”
O Presidente Eleito disse à Time que não planeia restaurar a política de separar as crianças das suas famílias para impedir a travessia das fronteiras, já que:
“Não creio que tenhamos de o fazer, porque mandaremos toda a família de volta. Prefiro deportá-los juntos, sim, do que separados”.
Em defesa de Musk: “Elon coloca o país muito antes da sua empresa.”
Trump descartou a ideia de que Elon Musk enfrentará conflitos de interesse ao assumir o comando do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE). O departamento deverá encontrar e eleiminar desperdícios, fechar organismos públicos inúteis e cortar despesas, incluindo muitas que poderiam afectar os vastos interesses de Musk, que incluem carros eléctricos, foguetões e telecomunicações.
“Não me parece. Penso que Elon coloca o país muito antes da sua empresa… Ele considera que este é o seu projecto mais importante”.
Dificuldade em baixar os preços dos alimentos.
O futuro inquilino da Casa Branca reduziu as expectativas sobre a sua capacidade de fazer baixar os preços dos produtos alimentares.
“Gostaria de os fazer baixar. É difícil fazer baixar as coisas depois de terem subido. É muito difícil. Mas penso que o vou fazer.”
“Encerramento virtual” do Departamento de Educação.
Trump disse que está a planear “um encerramento virtual” do “Departamento de Educação em Washington”.
“Vão precisar de algumas pessoas para garantir que estão a ensinar inglês nas escolas. Mas queremos que a educação volte para os estados”.
No entanto, ameaçou cortar o financiamento das escolas com obrigações de vacinação, e revelou que pretender incentivar o sistema de ensino a “ensinar os alunos a amar o seu país” e a promover “a família nuclear”, incluindo “os papéis das mães e dos pais” e “as coisas que tornam os homens e as mulheres diferentes e únicos”.
Sobre as pílulas abortivas.
Sobre este assunto, Trump mostrou-se contraditório. Quando lhe foi pedido que esclarecesse se estava empenhado em impedir que a Food and Drug Administration (FDA) retirasse o acesso às pílulas abortivas, Trump respondeu:
“Sempre foi o meu compromisso”.
Mas no início da entrevista foi-lhe perguntado se a sua FDA limitaria o acesso ao aborto medicamentoso ou às pílulas abortivas, ao que ele respondeu:
“Já o afirmei muito claramente e acabo de o afirmar novamente. Penso que será muito improvável.”
Apoio dos EUA à Ucrânia será uma alavanca para um acordo com a Rússia.
Pressionado sobre se abandonaria a Ucrânia nos seus esforços para combater a operação militar russa, Trump disse que usaria o apoio dos EUA a Kiev como alavanca contra Moscovo na negociação do fim da guerra.
“Eu quero chegar a um acordo. E a única maneira de chegar a um acordo é não abandonar a Ucrânia”.
Sobre Netanyahu: “Não confio em ninguém.”
O magnata de Queens não se comprometeu a apoiar uma solução de dois Estados para o problema israelo-árabe, com um Estado palestiniano ao lado de Israel, como tinha considerado anteriormente.
“Eu apoio qualquer solução para conseguir a paz. Há outras ideias para além da solução de dois Estados, mas apoio tudo o que for necessário para conseguir não apenas a paz, mas uma paz duradoura. Não podemos continuar a ter tragédias de cinco em cinco anos. Existem outras alternativas”.
Questionado sobre se confiava no primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, disse à Time:
“Não confio em ninguém”.
Guerra com o Irão? “Tudo pode acontecer”
Trump não exclui a possibilidade de uma guerra com o Irão durante o seu segundo mandato.
“Tudo pode acontecer. É uma situação muito volátil.”
É “inapropriado” revelar conversas com Putin.
Questionado sobre se falou com o Presidente russo, Vladimir Putin, desde as eleições de 5 de Novembro, o Presidente Eleito mostrou-se reservado:
“Não posso dizer-vos. É simplesmente inapropriado”.
Matt Gaetz: “Eu tinha os votos (no Senado) se precisasse deles.”
Trump confessou que a sua tentativa de instalar Matt Gaetz como procurador-geral podia ter sido desbloquada:
“Eu tinha os votos (no Senado) se precisasse deles, mas tinha que trabalhar muito”.
E quando se tornou claro o alcance da resistência ao antigo congressista republicano da Florida, desistiu da ideia.
“Falei com ele e disse: ‘Sabes, Matt, acho que não vale a pena lutar’”.
Gaetz retirou-se a meio do escrutínio e Trump escolheu a ex-procuradora-geral da Flórida Pam Bondi para o cargo.
Abertura a alterações ao programa de vacinação infantil.
Trump, que nomeou Robert F. Kennedy Jr. para liderar o Departamento de Saúde e Serviços Humanos, não descartou a possibilidade de eliminar algumas vacinas infantis.
Pressionado sobre se “acabar com algumas vacinas” – nem Trump nem os entrevistadores especificaram quais – poderia fazer parte do plano para melhorar a saúde do país, respondeu:
“Pode ser, se eu achar que são perigosas, se eu achar que não são benéficas, mas não acho que vá ser muito controverso no final”.
Comentário do Contra.
Não querendo ser exaustivo na análise às declarações do Presidente Eleito, há três ou quatro notas que devem ser registadas.
Para já, a confirmação das suspeitas que levantámos em relação à nomeação de Matt Gaetz: tratou-se de uma cínica iniciativa para ‘populista ver’ e Trump nunca teve a intenção de levar Gaetz para o Departamento de Justiça, como ele acabou por admitir nesta entrevista.
Depois, e também como já temos alertado, é cada vez mais nítido que a próxima administração não vai conseguir um acordo de paz com Moscovo. A posição de que o continuado apoio à Ucrânia será uma forma de obrigar Putin à mesa das negociações é irrealista e até extremamente perigosa.
Por último, a posição de Trump em relação ao Irão é absolutamente inexplicável, a não ser à luz da infiltração neoconservadora na sua administração. Qual o motivo para que os EUA façam a guerra ao país dos Aiatolas? Trump não explica, porque não há explicação plausível, para além de destas: alimentar a máquina de guerra do complexo industrial e militar norte-americano e obedecer cegamente aos interesses sionistas instalados nos EUA.
De resto, saúda-se a intenção de perdoar os presos políticos, a determinação que parece manter em deportar os imigrantes ilegais com actividade criminosa nos EUA, bem como em sanear e emagrecer de alguma forma o governo federal.
E, na verdade, bem espremido tudo isto, nada de significativo há a assinalar.
Fica, para aligeirar o artigo, este meme genial que o Presidente Eleito publicou na sua conta do Truth Social:
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