Após quase seis meses de negociações, os quatro partidos de direita neerlandeses (PVV, VVD, NSC e BBB) apresentaram finalmente o seu acordo de coligação, que define um programa de governo. A política de asilo dos Países Baixos, em particular, será uma das principais prioridades. Segundo o líder nacional conservador do PVV, Geert Wilders, que ganhou as eleições legislativas em Novembro do ano passado, os Países Baixos vão adoptar uma das políticas de asilo mais rigorosas de sempre.

Ainda assim, parece que uma das contrapartidas que tornou possível a coligação é a de que Wilders não seja Primeiro-Ministro. Aparentemente, na Europa, os únicos políticos que podem ser chefes de governo sem maioria absoluta são de esquerda ou de centro esquerda, como António Costa, Luís Montenegro, Pedro Sánchez, Donald Tusk e Olaf Scholz. Ou globalistas que nem sequer foram eleitos, como Rishi Sunak ou Humza Yousaf.

Em resposta à notícia da formação bem sucedida de um governo de coligação, os Verdes europeus publicaram um comunicado de imprensa intitulado “Uma traição chocante aos valores liberais e democráticos”, no qual condenam “a decisão dos liberais e dos conservadores de colaborarem com a extrema-direita [PVV de Geert Wilders] no novo governo dos Países Baixos”.

Porque respeitar os resultados eleitorais, mesmo que apenas em parte, é uma traição aos “valores democráticos”. Espantoso.

Durante uma conferência de imprensa, Wilders prometeu que “o sol vai voltar a brilhar nos Países Baixos” e que muita coisa vai mudar.

 

 

Para fazer face à crise migratória que o país enfrenta – e considerando que os neerlandeses vivem já  num dos territórios mais densamente povoados da Europa – Wilders prometeu que seria apresentada uma lei sobre o asilo.

Dado que a imigração massiva tem impactos nefastos na habitação, nos cuidados médicos, na educação, no recursos financeiros e na coesão social da nações, o programa da coligação sublinha:

“É necessário limitar a escala e controlar todos os tipos de migração para os Países Baixos, o mais rapidamente possível, agora e a longo prazo. Estão a ser tomadas medidas concretas para concretizar um regime mais rigoroso de admissão de requerentes de asilo e ao pacote mais abrangente de sempre para o controlo da migração”.

Neste contexto, será revogada a controversa lei que permite que os requerentes de asilo sejam distribuídos pelos municípios em função da sua riqueza e do número de habitantes.

Dilan Yesilgöz, líder do partido VVD, do qual faz parte o primeiro-ministro cessante Mark Rütte, sublinhou que, uma vez que os eleitores manifestaram a sua preferência por um governo de centro-direita, o seu partido está a assumir a responsabilidade de criar uma “Holanda estável e segura”.

A segurança, nos Países Baixos e no estrangeiro, será uma prioridade máxima, sublinhando que o novo Governo continuará a apoiar a Ucrânia e que serão adoptadas “medidas climáticas sensatas”.

Entretanto, Pieter Omtzigt, líder do novo partido NSC, falou de um “dia especial”, uma vez que “quatro partidos bastante diferentes vão constituir governo”.

Omtzigt disse que os eleitores tinham dado um sinal claro sobre as questões que precisam de ser resolvidas. Entre outras prioridades, salientou que o gabinete quer trabalhar para melhorar a situação dos muitos holandeses que enfrentam salários baixos ou inadequados e falta de habitação.

Caroline Van der Plas, do partido populista dos agricultores (BBB), manifestou a sua “extrema felicidade” pelo facto de os quatro partidos terem “ultrapassado a linha da meta”. Apesar de serem todos “muito diferentes”, salientou que “foram capazes de se encontrar a meio caminho”.

Numa boa notícia para os criadores de gado, Van der Plas sublinhou que a nova coligação não vai avançar com a política do anterior governo de abate forçado de gado (para reduzir as emissões de metano), nem com a expropriação obrigatória de terras agrícolas, duas questões que desencadearam os primeiros protestos dos agricultores, que depois se espalharam pela Europa.