Os mestres da oratória política, costumeiramente, nos convencem de que votando no “político X” seremos transportados para um reino de abundância e desenvolvimento sem precedentes. Os sonhos pessoais de cada eleitor se materializarão, o país se tornará um paraíso terrestre, e a sociedade alcançará um nível inimaginável de progresso e evolução. Tudo isso apenas com o simples ato de marcar um nome na cédula eleitoral.

Ah, a doce magia da centralização governamental, onde as massas são cativadas pela ideia utópica de que o governo é a chave para o progresso e a prosperidade. Basta eleger os indivíduos certos e voilà, a alquimia política transformará o país em uma terra de fartura e oportunidades iguais para todos. Como é reconfortante acreditar na promessa de um amanhã radiante, mesmo que sem embasamento nas realidades da economia e do estado moderno.

Enquanto as massas encantadas compararam seus países a nações desenvolvidas, creditando seu sucesso a governantes benevolentes, os iludidos não percebem que a verdadeira essência do progresso está na liberdade individual e na descentralização do poder. Países prósperos não surgem de governos paternalistas, mas sim da capacidade de suas sociedades em limitar a intervenção estatal e promover a livre iniciativa.

A política, este teatro de ilusões, entretém as massas enquanto os verdadeiros agentes do progresso – empresários, investidores, e consumidores – são relegados a segundo plano. O carisma dos populistas encanta os desavisados, desviando a atenção do verdadeiro motor da sociedade para palavras vazias e promessas inatingíveis.

Em meio ao cenário de corrupção e troca de favores dos poderosos, surge uma visão ousada: celebrar a corrupção e torcer para que os políticos desfrutem de seus privilégios em vez de criar mais entraves burocráticos para a população produtiva. Afinal, em um estado convulsionado pela própria ineficiência, é melhor ver os políticos se deliciando com o erário do que suprimindo as liberdades individuais.

A realidade implacável é que a política, diferente da política da virtude de Aristóteles, não é uma ferramenta para a prosperidade, mas sim um obstáculo ao progresso. Enquanto as massas são entretidas por discursos apaixonados e ideais utópicos, a classe política prospera à custa do cidadão comum, impondo cada vez mais regulações e tributações sem retorno palpável. O desprezo pela política entretenimento, então, se torna não apenas sensato, mas uma necessidade diante do cenário de ilusões e desencantos que a permeia.

 

MARCOS PAULO CANDELORO

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Marcos Paulo Candeloro  é graduado em História (USP – Brasil), pós-graduado em Ciências Políticas (Columbia University – EUA) e especialista em Gestão Pública Inovativa (UFSCAR – Brasil). Aluno do professor Olavo de Carvalho desde 2011. É professor, jornalista e analista político. Escreve em português do Brasil.
As opiniões do autor não reflectem necessariamente a posição do ContraCultura.