Recentemente escrevi para esta prestigiada revista, que tolera meus descalabros, artigo onde observei o fato de a bacanal de abertura dos Jogos Olímpicos talvez ter sido o canto do cisne da “cultura woke” no mundo, não apenas por sua imbecilidade intrínseca como, igualmente, pela franca exposição de sua verdadeira e horrorosa face ao mundo, que a repudiou.

Os mais vividos e calejados até sorriram com piedade sobre minhas conclusões, mas ainda insisto nas mesmas e explico: não bastasse o mundo enxergar que “o rei está nu” – e seu verdadeiro e disforme corpo – mas, a assunção de Donald Trump ao poder reforça, sobremaneira, a reação do bom senso, dos valores tradicionais e, é lógico, empresta à nossa causa toda a musculatura político-militar-econômica da nação mais poderosa do planeta.

O sistema, por óbvio, amplificava ameaças e divulgava, por sua mídia cúmplice, as sinistras intenções de regulamentar – duramente – as redes sociais, bem como observava-se a propagação de líderes assumindo posturas ditatoriais pelo mundo, sem que esta mesma grande e cúmplice imprensa dissesse uma só nota – Zelenski é um exemplo, que valeu até a vitória de Trump: agora, a grande maioria deles busca “conversar” e “entrar em entendimentos” com o homem-laranja.

Basta removermos um pouco nossa dura casca, formada por anos de pancadas, para voltarmos à sensibilidade antiga e percebermos novos ventos. Algo está mudando e, se nada trágico acontecer, mudará ainda mais.

Persistindo em meu otimismo ouso dizer que, em breve, termos de nos precaver contra algumas óbvias mudanças no modus operandi da esquerda comuno-globalista, pois o sistema percebe hoje que o identitarismo, o apelo ao lumpemproletariado e o confronto cultural direto e agressivo não funcionaram – pelo contrário, nos levaram à reação.

Que Vladmir Putin – o “comunista conservador” – seja tomado como um perfeito exemplo contra o qual deveremos, logo, tomar o mais absoluto cuidado.

Tal como na Igreja Católica, onde um clero “progressista” (com muitas aspas, pois o nome correto é “regressista”) infiltrou-se e ocupa-se em destruí-la de dentro para fora, o conservadorismo sofrerá – na realidade já sofre, ao menos no Brasil – idêntica contaminação e, aos poucos, poderemos nos desviar de nossos caminhos, vitimados pelo perigoso feitiço gramsciano disseminado através do marketing, indústria cultural, grande mídia e demais associados de sempre.

Seja como for, o “efeito Trump” já é perfeitamente perceptível e justifica boa parte de meu otimismo, quanto a um futuro menos distópico. Focando mais precisamente na América do Sul, Javier Millei (Argentina) encontra-se, neste momento, no auge de seu prestígio e poder, constituindo uma grande ponte para que os novos ventos cheguem em nossos tristes trópicos. Se, sucumbindo às pressões, a narco-ditadura brasileira terminar por revogar a injusta e ilegal sentença que condenou Jair Bolsonaro à inelegibilidade, teremos um poderoso trio que eventualmente sufocará as cabeças-de-ponte russas e chinesas (Venezuela, Bolívia, etc.) no cone sul e, quiçá, mesmo o tráfico internacional de drogas se verá obrigado a repensar seus movimentos.

Neste exato momento dou-me ao luxo de ser otimista, ao menos quanto a área em que vivo. Vocês, europeus, deverão buscar também suas razões para isso, ainda que custe abrir mão de arraigados preconceitos contra a maior e mais poderosa nação do mundo.

Sim, ela salvou o mundo na II Grande Guerra e poderá salvá-lo novamente.

Mas, desta vez, a guerra é cultural e civilizacional.

 

 

WALTER BIANCARDINE
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Walter Biancardine foi aluno de Olavo de Carvalho, é analista político, jornalista (Diário Cabofriense, Rede Lagos TV, Rádio Ondas Fm) e blogger; foi funcionário da OEA – Organização dos Estados Americanos.
As opiniões do autor não reflectem necessariamente a posição do ContraCultura.