A fonte desta notícia já tem dois anos, mas vale a pena denunciar a sua lógica perversa na mesma.
No Verão de 2023, o Jerusalem Post publicou um artigo que associava a resistência às vacinas como uma atitude antissemita, fazendo passar a ideia de aqueles que, por qualquer razão, recusam a vacinação odeiam o povo judeu.
Intitulado “Anti-vaccine activism melded with U.S. antisemitism – study” (“Activismo anti-vacinas confunde-se com Antisemitismo nos EUA”), o artigo destaca um paper revisto por pares do Rambam Health Care Campus em Haifa, Israel, que sugere que 70 anos de “ganhos globais de saúde estão em risco de ser corroídos” porque demasiadas pessoas hoje em dia estão simplesmente a dizer não às vacinas.
Publicado no Rambam Maimonides Medical Journal, o estudo foi compilado por ninguém menos que o Dr. Peter Hotez, do Texas Children’s Hospital Center for Vaccine Development, o sinistro médico globalista que afirmou recentemente que múltiplos vírus vão ser libertados após a tomada de posse de Donald Trump.
Segundo Hotez, o crescente activismo anti-vacinas não tem nada a ver com os perigos reais associados às terapias genéticas Covid 19 em particular e à injecção de químicos nocivos nos corpos humanos, e tudo a ver com o facto de as pessoas não vacinadas odiarem os judeus, aparentemente.
Este “fenómeno”, como lhe chama o The Jerusalem Post, está a acontecer através de um “ecossistema anti-ciência, com o antissemitismo e a perseguição de cientistas biomédicos judeus no seu centro”. Por outras palavras, os cientistas biomédicos judeus são as pessoas responsáveis por dar ao mundo as vacinas. Que horrível legado, se fosse verdadeiro.
Vacinas: uma dádiva do povo escolhido de Deus?
Por ensandecido que pareça o argumento, Hotez está convencido de que não há outra explicação possível para o facto de algumas pessoas resistirem às vacinas senão o facto de terem um ódio inerente às tribos semitas. O sionista escreve no seu paper:
“Para compreender como é que esta situação evoluiu ou evolui, é útil começar por apreciar as propriedades transformadoras das vacinas e das vacinações. Como intervenções de saúde pública, nenhuma outra tecnologia foi mais eficaz. A partir da utilização generalizada e global de uma vacina, no final dos anos 70 assistiu-se à erradicação da varíola e a poliomielite aproximou-se da eliminação como problema de saúde pública.”
O estudo de Hotez aborda a sua própria história pessoal, quando era um jovem funcionário do departamento de pediatria do Hospital Geral de Massachusetts, em Boston, na década de 1980 e recorre a histórias sobre como a vacina contra a meningite bacteriana Haemophilus influenzae tipo b (Hib) supostamente ajudou pacientes que, de outra forma, teriam ficado com deficiências neurológicas permanentes.
Hotez conta a história das vacinas a partir daí, elogiando o bilionário eugenista Bill Gates por ter ajudado a financiar, através das suas “filantropias”, a distribuição de todo o tipo de novas vacinas em todo o mundo. E de um forma geral, tenta convencer os leitores que a vacinação é um conceito judaico.
Talvez por pudor, resistiu a gabar-se de um facto: os CEO’s da Pfizer e da Moderna são judeus. Também não refere que um número chocante de funcionários do CDC que promoveram as vacinas contra a COVID-19 são judeus com dupla nacionalidade israelo-americana
Mas tanto o artigo do Jerusalem Post como o paper que o fundamenta só reforçam uma tendência contemporânea no Ocidente, que é acusar de antissemitismo qualquer expressão de dissidência e até as mais prosaicas referências cristãs. Se discordamos da política de extermínio na faixa de Gaza perpetrado pelo regime de Benjamin Netanyahu, somos antissemitas. Se achamos que os judeus têm uma influência desproporcionada nos grandes centros de poder político e cultural do Ocidente, somos antissemitas. Se dizemos que ‘Cristo é Rei’ somos antissemitas. E se não queremos ser sujeitos a terapias genéticas experimentais a propósito de uma gripe com uma taxa de mortalidade marginal, somos antissemitas.
É espantoso.
Relacionados
25 Mar 25
USAID financiou órgãos de propaganda ucranianos que colocaram JD Vance e Elon Musk na lista negra de “agentes russos”.
Uma organização mediática ucraniana que colocou vários políticos americanos numa lista negra de “propagandistas estrangeiros da Federação Russa”, incluindo o Vice-Presidente J.D. Vance e o senador Rand Paul, recebeu financiamento da USAID.
18 Mar 25
A propósito do ataque ao Iémen, Scott Ritter chama “estúpido” a Donald Trump. Infelizmente, está carregado de razão.
Scott Ritter foi aos arames e acusou a administração Trump de tudo e mais alguma coisa, a propósito do ataque ao Iémen, encomendado por Tel Aviv. Está carregado de razão, mas com o ataque de nervos deixou de ser ouvido na Casa Branca, o que é uma pena.
12 Mar 25
Tucker, Mohammed e o Deus do Bom Senso.
À conversa com Tucker Carlson, Abdulrahman Al Thani faz aquilo que todo o líder político de uma nação com um mínimo de respeito por si própria deve fazer: defender os seus valores, as suas tradições, a sua religião, a sua cultura, ou seja - os interesses dos seus cidadãos.
7 Mar 25
Até a BBC diz que Zelensky ‘ficou sem opções’.
Até a estação de propaganda neo-liberal e russofóbica britânica reconhece que depois da catástrofe da Sala Oval, Zelensky não tem remédio se não ceder à agenda de Trump. O problema é que essa rendição às evidências pode já ser tardia.
1 Mar 25
Combate dos Chefes, na Sala Oval: Trump e Vance levam Zelensky ao tapete, em directo para a audiência global.
Naquele que deverá ter sido o momento mais tenso e espectacular da história dos directos televisivos, pelo menos no que diz respeito à cobertura de eventos políticos, Donald Trump e JD Vance destruíram o Presidente Ucraniano perante a plateia global.
26 Fev 25
Os censores de Zuckerberg ainda vivem e a página Facebook do Contra já foi.
Sob falsos pretextos e de um momento para o outro, a conta Facebook do ContraCultura foi submetida a uma suspensão de carácter permanente. Afinal, as promessas de Zuckerberg sobre o fim da censura nas plataformas META foram só para 'Trump ver'.