As nomeações para o executivo de Donald Trump vão de mal a pior. Enquanto os verdadeiros populistas são corridos pelo establishment republicano, como aconteceu com Matt Gaetz, os neocons do pântano de Washington vão ocupando posições chave na administração do Presidente Eleito que, em definitivo, não aprendeu nada com o seu primeiro mandato ou – pior – está a trair conscientemente a sua plataforma eleitoral.

 

Trump nomeia antigo director de investimento de George Soros para liderar o Departamento do Tesouro.

Scott Bessent, que angariou fundos para os democratas durante o seu tempo como financeiro liberal, apoia agora, aparentemente, a agenda “America First”, segundo declarações do próprio Trump.

Trump anunciou a nomeação de Bessent na sexta-feira, entre uma série de outras escolhas para o seu executivo, incluindo a representante republicana Lori Chavez-DeRemer para secretária do Trabalho e a antiga estrela da NFL e legislador do estado do Texas, Scott Turner, para secretário da Habitação e Desenvolvimento Urbano.

A propósito da nomeação de Scott Bessent, Trump escreveu na sua plataforma Truth Social:

“O Scott é há muito um forte defensor da agenda America First. Na véspera do 250º aniversário do nosso Grande País, ele ajudar-me-á a inaugurar uma nova Era Dourada para os Estados Unidos, à medida que fortalecemos a nossa posição como economia líder mundial, centro de inovação e empreendedorismo, destino de capitais, enquanto mantemos o dólar americano como moeda de reserva do mundo.”

Como secretário do Tesouro, Bessent terá enorme influência na política financeira e fiscal dos EUA, na dívida pública e na formulação de sanções.

Bessent é o fundador do Key Square Group, uma empresa de investimento global. Durante a década de 1990, trabalhou como director de investimentos da Soros Fund Management e liderou o escritório em Londres deste fundo quando, em 1992, Soros ganhou mais de um bilião de dólares apostando no colapso da libra esterlina.

Bessent organizou também uma angariação de fundos para o candidato presidencial democrata Al Gore em 2000, no mesmo ano em que deixou a Soros Fund Management. Desde então, fez donativos a Barack Obama e a Hillary Clinton, mas nos últimos anos abandonou o seu apoio ao Partido Democrata e tornou-se um apoiante do modelo de proteccionimo económico defendido por Trump.

Em 2016, Bessent doou 1 milhão de dólares ao comité inaugural presidencial de Trump. No início deste ano, angariou vários milhões de dólares para Trump, antes de se juntar à campanha do republicano como conselheiro económico.

o futuro secretário do tesouro disse ao Financial Times no mês passado que apoia a política de Trump de usar tarifas para corrigir desequilíbrios comerciais com nações estrangeiras, mas prevê que as tarifas gerais de 20% propostas por Trump sobre todas as importações seriam “diluídas” durante as negociações com os líderes estrangeiros.

Seja a sua adesão às ideias de Trump sincera ou não, uma coisa é certa: Bessent é um globalista e um elitista da alta finança, liberal LGBT e senhor do universo de Wall Streeet, que vai manter grande parte das políticas financeiras catastróficas dos seus sucessores, como a emissão insana de moeda, o crescimento da dívida soberana e a instrumentalização das taxas de juro e dos indíces de inflacção para o esmagamento económico da classe média.

 

Mais péssimas escolhas: Bondi, Gorka, Nesheiwat, Lutnick e… o anedótico Dr. Oz.

Confirmando a tese de que Donald Trump nunca teve a intenção de nomear Matt Gaetz como procurador-geral, anunciada pelo Contra num artigo publicado na semana passada, o presidente eleito acaba de nomear Pam Bondi, uma lobista de Washington que trabalhou para nações muito pouco recomendáveis como o Qatar, mas paradoxalmente uma inimiga acérrima da liberdade de expressão ao serviço dos interesses sionistas, para chefe do seu Departamento de Justiça. Para além de ser um típico animal do establishment neo-conservador, a escolha é injustificável: Bondi não cumpre de todo com os requisitos implícitos no mandato eleitoral que vai levar Donald Trump à Casa Branca.

Sebastian Gorka, que Trump escolheu para Director de Contra-Terorismo também deixa muito a desejar. Gorka é um falcão da guerra com opiniões sobre a Rússia e o irão que deixam muitas preocupações no ar quanto há hipótese de se fazer a paz na Ucrânia, tanto como no médio Oriente. Ter no mesmo gabinete homens como Gorka e Marco Rubio e depois encher a boca com promessas de paz é como querer fazer canja de galinha com hambúrgueres grelhados.

Outra decisão chocante foi a da nomeação de Janette Nesheiwat para directora dos serviços públicos de saúde. Nesheiwat, que não é muito mais que uma semi-estrela de televisão, foi uma entusiasta de tudo o que de nefasto foi feito nos EUA a propósito da Covid-19, incluindo o assassino programa de vacinação e nem é preciso dizer mais nada.

Ainda na área da saúde, Trump seleccionou nada mais nada menos que o célebre Dr. Oz, também ele uma personagem televisiva, para chefiar os serviços Medicare e Medicaid. Mehmet Oz é um conhecido comparsa das grandes farmacêuticas, foi um incondicional do fascismo pandémico e será tudo menos um populista.

A escolha de Howard Lutnick para Secretário do Comércio também não se percebe, a não ser que seja lida como uma factura da influência e dos dólares sionistas na campanha republicana. Lutnick é o típico bilionário judeu de Nova Iorque. A sua pátria não é a América. O seu conservadorismo é duvidoso. A sua capacidade de desenvolver políticas populistas é nula.

Estas nomeações, a todos os títulos abstrusas, só contribuem para a desconfiança que o Contra tem manifestado sobre a lealdade que a nova administração vai manifestar em relação ao seu mandato eleitoral.