Explodiu uma bomba boa, no coração da Europa. Geert Wilders – conhecido pelas suas posições anti-islâmicas, eurocépticas e contra a imigração em massa – saiu vencedor das eleições nos Países Baixos, de acordo com as primeiras projecções
O Partido da Liberdade (PVV), liderado por Wilders, está em vias de ganhar cerca de 35 dos 150 lugares no parlamento, mais do que duplicando a sua contagem actual em relação às eleições do ano passado. Este resultado inesperado poderá introduzir uma mudança significativa no panorama político dos Países Baixos, após quatro governos centristas-globalistas consecutivos sob a liderança do primeiro-ministro cessante Mark Rutte.
A Aliança Trabalhista-Vverde de Frans Timmermans ficou em segundo lugar, assegurando 26 assentos na câmara legislativa neerlandesa, um aumento substancial em relação à sua actual representação de 17 deputados. Entretanto, Dilan Yeşilgöz, sucessor de Mark Rutte e líder do VVD, deverá obter 23 lugares, uma perda de 11 deputados em comparação com os resultados das últimas eleições.
Dado que o partido de Wilders não terá maioria no Parlamento, será necessária uma coligação com outras forças políticas para formar governo. Dependendo dos resultados finais, Wilders pode até nem chegar a primeiro-ministro, caso uma surja uma aliança maioritária à sua esquerda, a exemplo aliás do que já aconteceu em Portigal e está a acontecer em Espanha.
Embora o líder do Partido da Liberdade tenha manifestado interesse em formar uma coligação para governar, os outros principais partidos têm recusado sistematicamente parcerias de poder com Wilders, também como acontece em Portugal em relação ao Chega.
Nos últimos meses, Wilders afirmou que a sua posição em relação ao Islão e à imigração será relegada para segundo plano em relação a prioridades mais prementes. No entanto, as propostas do seu partido, como a proibição das mesquitas e do Alcorão, continuam firmemente inscritas no seu programa de governo.
No manifesto eleitoral do PVV podemos ler:
“Os requerentes de asilo banqueteiam-se com deliciosos buffets gratuitos em navios de cruzeiro, enquanto as famílias holandesas têm de cortar nas compras”.
As medidas propostas em matéria de imigração incluem: restabelecer o controlo das fronteiras holandesas, deter e deportar os imigrantes ilegais e os requerentes de asilo sírios e reintroduzir as autorizações de trabalho para os imigrantes intracomunitários.
Quanto ao Islão, o manifesto afirma:
“Os Países Baixos não são um país islâmico. Não há escolas islâmicas, Corões e mesquitas”.
O programa propõe também a proibição do lenço de cabeça nos edifícios governamentais.
Em matéria de política externa, o PVV propõe uma abordagem “Países Baixo Primeiro”, que inclui o encerramento da sua representação em Ramallah e o reforço dos laços com Israel, incluindo a transferência da sua embaixada para Jerusalém.
Um “referendo vinculativo” sobre um “Nexit” – a saída dos Países Baixos da UE – também consta do manifesto, juntamente com a cessação “imediata” da ajuda aos países em vias de desenvolvimento.
Geert Wilders foi julgado e condenado, em 2016, por insultar os marroquinos e tem-se mantido desafiante, com um discurso dissidente que lhe valeu constantes ameaças de morte, vivendo com a necessidade de protecção policial desde 2004.
Seja como for, a notícia da vitória do Partido da Liberdade, num país tradicionalmente conformista com os mandamentos autoritários dos burocratas de Bruxelas e das elites de Davos, é deveras animadora para o movimento populista europeu. Se até os neerlandeses estão a começar a perceber que o rumo que leva o velho continente é insustentável, é porque a maré pode estar de facto a mudar.
🇳🇱 The Dutch people have spoken.
The PVV has been ridiculed and excluded from government formations for years – yet now they’re the largest party: The intimidation game has lost its power.
This is the biggest middle finger imaginable to Rutte’s destructive globalist policies. pic.twitter.com/2kJg0NfJUW
— Eva Vlaardingerbroek (@EvaVlaar) November 22, 2023
Tanto mais que na Áustria há fortes indicações de que Herbert Kickl, do Partido com o mesmo nome e basicamente com a mesma plataforma nacionalista barra populista daquele liderado por Wilders, vai sair vencedor das próximas legislativas. E na Eslováquia, Robert Fico, um outro dissidente das políticas da Comissão Europeia, acabou de tomar posse, e uma das suas primeiras medidas foi a de suspender o apoio à Ucrânia.
Em Bruxelas devem estar, por esta altura, a soar ensurdecedoras as sirenes de emergência.
Relacionados
16 Mai 25
Globalista escrupuloso? Chanceler alemão diz que a interdição do AfD “parece a eliminação de rivais políticos.”
Algo surpreendentemente, o chanceler alemão Friedrich Merz afirmou que votar uma proibição do AfD no Bundestag não é o caminho certo, já que “parece demasiado a eliminação de rivais políticos”. Parece?
16 Mai 25
Conversas no D. Carlos:
Uma Estratégia para Portugal.
Miguel Mattos Chaves foi ao Guincho apresentar aquilo que nos 50 anos da Terceira República nunca foi ensaiado, mas está agora em realização na Sociedade de Geografia: um programa estratégico para Portugal.
16 Mai 25
Ex-senador e presidente da Coligação Judaica Republicana, Norm Coleman: “Os senhores do universo são judeus.”
Confirmando teorias da conspiração ditas "antisemitas", o ex-senador do Partido Republicano e presidente da Coligação Judaica Republicana, Norm Coleman, declarou que os judeus controlam o mundo, durante uma conferência em Jerusalém.
15 Mai 25
Pressão dos EUA pode ter forçado o estado profundo alemão a abandonar a perseguição e a vigilância sobre o AfD.
A agência de espionagem doméstica alemã suspendeu os métodos de vigilância autoritária sobre o partido anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD), e a pressão da administração Trump pode ter desempenhado um papel significativo no processo.
15 Mai 25
Donald J. Trump profere discurso histórico em Riade.
No palco da capital saudita, o Presidente dos EUA falou para o mundo em geral e o seu eleitorado em particular, garantindo que é um homem de paz. Resta-nos esperar que daqui para a frente as suas palavras compaginem com os seus actos.
14 Mai 25
Igreja Episcopal termina parceria de acolhimento de refugiados com o governo dos EUA por “oposição moral” ao asilo de cristãos brancos sul-africanos.
A liderança da Igreja Episcopal norte-americana anunciou que vai cessar a sua parceria de quase 40 anos com o governo federal, porque Trump ousou classificar os sul-africanos brancos e cristãos como refugiados.