O ContraCultura teve o raro privilégio de entrevistar um membro da polícia política LGBTQ, que quis permanecer anónimo, a propósito da polémica referente ao enigmático acrónimo 2SLGBTQQIA+!. Apesar da sua brevidade, e de alguma virulência verbal por parte do entrevistado, decidimos publicá-la, como testemunho de que aqui no Contra somos completamente transparentes sobre os nossos métodos e tolerantes com a opinião antípoda.

 

ContaCultura (CC) – 2SLGBTQQIA+!. Este acrónimo é de alguma forma impronunciável, não acha?
Agente da Gestapo (AG) – Porquê? 2SLGBTQQIA+!, 2SLGBTQQIA+!, 2SLGBTQQIA+!, é perfeitamente pronunciável e não requer qualquer esforço de dicção ou de memória.
CC – Acha mesmo?
AG – 2SLGBTQQIA+!!
CC – Mas isso em checoslovaco, pronunciado baixinho e debaixo de água quer dizer o quê, precisamente?
AG – Não percebes o que quer dizer 2SLGBTQQIA+?????
CC – É um código de barras?
AG – Não.
CC – É linguagem HTML?
AG – Não.
CC – É Java? Cobol? B?
AG (a perder a paciência) – Não!
CC – É um arroto do primeiro ministro canadiano?
AG (aliviado) – Estás lá quase.
CC – Então?
AG – 2SLGBTQQIA+ é um acrónimo para a identidade de género. Inclui espíritos trans-sexuais, fantasmas binários, entidades monofásicas e trans-monofásicas, pansexuais, pentasexuais, eunucos do céu e da terra, híbridos, lésbicos, acéfalos, bicéfalos, espermatófitos, pericarpos, hermafroditas, afídeos, isogâmicos e todas as espécies de flores de estufa.
CC – Desculpe, não percebo. Pensava que só existiam dois géneros. Ele. Ela.
AG – Isso é porque és um sexista, racista, homofóbico, branco privilegiado e, acima de tudo, um grandessíssimo filho de p***. Deves morrer já e de Covid-19, se possível.
CC – Mas devo morrer já porque há pessoas que nascem com uma pilinha e outras que nascem com um pipi, sem excepção?
AG – Não. Deves morrer já porque não tens imaginação para transcender a realidade dos factos. Não tens imaginação para conceber que um homem pode engravidar, por exemplo.
CC – Portanto, devo morrer já porque os homens não nascem equipados com um útero e eu não tenho imaginação para concretizar essa nunca vista fenomenologia?
AG – Exactamente!
CC – Ah, ok. Nesse caso, tudo bem, já percebi tudo. Devo morrer. Mas pode ser de cancro do pulmão?