A Alemanha entrará na lista dos países que irão a votos no próximo ano. O presidente Frank-Walter Steinmeier disse num discurso na sexta-feira que tinha dissolvido o parlamento do país e que uma eleição antecipada terá lugar em Fevereiro.

“Decidi dissolver o 20.º Bundestag alemão para fixar a data das eleições antecipadas para 23 de Fevereiro. A estabilidade política na Alemanha é um bem precioso. É precisamente em tempos difíceis como estes que a estabilidade exige um governo capaz de agir e uma maioria credível no parlamento. Por isso, estou convencido de que, para o bem do nosso país, novas eleições são o caminho certo.”

Steinmeier aproveitou para criticar a influência de Elon Musk, declarando:

A campanha deve ser“conduzida com meios justos e transparentes, livre da influência estrangeira… que é particularmente intensa em X. O ódio e a violência não devem ter lugar nesta campanha eleitoral, nem a difamação ou a intimidação… Rudo isto é um veneno para a democracia.”

Os comentários foram feitos depois de Musk ter declarado repetidamente o seu apoio ao partido Alternativa para a Alemanha (AfD), que é o única força política na Alemanha com ideias conservadoras e antiglobalistas.

 

 

Não se percebe porém onde é que Steinmeier encontrou, nas declarações de Musk, o ódio, a violência, a difamação e a intimidação de que fala. O patrão do X limitou-se a afirmar que o AfD é o único partido capaz de salvar a Alemanha. E não deixa de ser revoltante que um líder de um país Europeu acuse uma plataforma que permite a liberdade de expressão de ser “um veneno para a democracia”.

 

 

Reagindo às declarações do presidente alemão, Musk foi mais agressivo, afirmando:

“Steinmeier é um tirano anti-democrático! Devia ter vergonha.”

O anúncio de eleições antecipadas surge poucos dias depois do chanceler alemão, Olaf Scholz, ter perdido um voto de confiança no Bundestag, após o colapso da sua coligação de três partidos, profundamente impopular e incompetente, que empurrou a Alemanha para uma profunda crise económica e energética, envolvendo intensamente o país num conflito por procuração com a Rússia.

A votação ocorreu também um mês depois de Scholz ter demitido o seu ministro das Finanças durante uma disputa polémica sobre estratégias para reanimar a agonizante economia alemã.

As eleições representam uma oportunidade para a AFD obter mais ganhos em todo o país, à medida que os eleitores expressam a sua indignação face à imigração em massa que minou o seu tecido social. Mas de acordo com a última sondagem, a União Democrata Cristã (CDU), centrista e globalista, deverá liderar a votação com 31% dos votos, enquanto o AFD está em segundo lugar com 19,5% das intenções de voto.

Entretanto, o Partido Social Democrata (SPD), no poder, está a definhar com apenas 16%, seguido pelos Verdes com 12,5%.