O historiador que previu com precisão a queda da União Soviética com mais de uma década de antecedência diz que a Terceira Guerra Mundial já começou, como resultado do conflito na Ucrânia.

Os comentários foram feitos por Emmanuel Todd, um dos mais proeminentes intelectuais franceses, durante uma entrevista concedida ao jornal Le Figaro.

“É evidente que o conflito, inicialmente uma guerra territorial limitada, evoluiu para um confronto económico global, com o Ocidente de um lado, e a Rússia, apoiada pela China, do outro. Tornou-se uma guerra mundial.”

Todd acrescentou que

“A resiliência da economia russa está a empurrar o sistema imperial dos EUA para o abismo. Biden terá que se despachar desta guerra para salvar uma América frágil.”

Segundo o historiador, o controlo do sistema financeiro mundial pelos EUA está em risco porque a resistência da economia russa às sanções e o apoio monetário da China estão a encostar a América às cordas. O problema é que a administração Biden, segundo o intelectual francês, apostou tudo neste confronto e não tem uma estratégia de saída.

“É por isso que estamos agora numa guerra sem fim, num confronto cujo resultado deve ser o colapso de um ou do outro”.

Todd é uma figura muito respeitada em França, tendo previsto com precisão o colapso da União Soviética, 14 anos antes do facto.

Outras vozes têm entretanto anunciado o carácter apocalíptico desta guerra e o facto das massas no Ocidente parecerem alienadas sobre os perigos que o envolvimento do Ocidente representa.

O chefe da Igreja Ortodoxa Russa, o Patriarca Kirill advertiu que qualquer tentativa de “destruir a Rússia” por “loucos” tentando impor os seus valores conduzirá ao “fim do mundo”.

“Rezamos ao Senhor para que ele ilumine esses loucos e os ajude a compreender que qualquer desejo de destruir a Rússia significará o fim do mundo”

Elon Musk também se pronunciou sobre a alienação dos cidadãos acerca das ameaças de um novo conflito global.

 

 

Donald Trump disse recentemente que “Estamos à beira da III Guerra Mundial”, e num vídeo de campanha na semana passada afirmou, com a fanfarronice que lhe é característica, embora provavelmente acertando no palpite, que:

“Se eu fosse presidente, a guerra da Ucrânia nunca teria acontecido… nunca num milhão de anos”.

Como o ContraCultura já documentou, as alternativas realistas para o desenrolar da contenda na Ucrânia são uma guerra convencional de longa duração na Europa ou um conflito termo-nuclear. A paz parece, das três hipóteses, a menos provável. As duas partes estão demasiado investidas no processo para que seja possível a negociação. E as eleições nos EUA, mesmo que alterassem radicalmente a ideologia dominante em Washington, o que é incerto, só vão ocorrer no fim de 2024. Na Europa, com eleições ou sem elas, nada mudará significativamente nos próximos anos, porque as elites dirigentes, à esquerda como à direita, partilham na verdade os mesmo valores globalistas e progressistas que chocam frontal e perigosamente com o tradicionalismo nacionalista de Putin e porque a burocracia de Bruxelas, não eleita, preferirá o apocalipse ao triunfo do Kremlin.