Estamos em 31 a.C. e Octávio, o homem mais poderoso de Roma – herdeiro formal de Júlio César – olha para a metrópole de tijolo, mármore e terracota, branqueada pelo sol, a partir da sua sumptuosa vila palaciana situada no topo do Monte Palatino. Não esconde a apreensão: Os seus exércitos estão envolvidos numa batalha titânica no Oriente contra as forças combinadas do Egipto e do seu mais amargo e mais digno adversário: Marco António.
É bom que Octávio se preocupe, pois as batalhas são assuntos voláteis, e apostar tudo num jogo de sangue é sempre desconfortavelmente arriscado, mesmo no contexto das sucessivas guerras civis que têm assolado a existência romana. Um mensageiro imperial sem fôlego, empoeirado da estrada, entra de rompante para lhe entregar uma mensagem escrita. Octávio agarra-a com ansiedade. Lê-a. Faz uma pausa. Deixa que o pergaminho lhe caia da mão. Encosta-se a uma secretária dourada. Volta a olhar para a paisagem urbana, aliviado. Os olhos brilham de regozijo: agora já não é o homem mais poderoso de Roma; é o homem mais poderoso do mundo.
A vida e a carreira de Octávio (63 a.C. -14 d.C), sobrinho-neto e filho adoptivo de Júlio César – que mais tarde viria a ser chamado Augusto – está entre as mais complexas, sedutoras e contraditórias de toda a História. É uma novela intrincada, uma interminável montanha-russa, repleta de batalhas e intrigas, lutas de poder e confrontos políticos, paixões e assassinatos, tudo jogado nas altas esferas do poder imperial. Augusto é, sem dúvida, uma das personagens mais importantes da história romana e, na verdade, talvez de toda a história, ponto final.
Algumas figuras clássicas são de tal forma formidáveis, de tal forma imersas em glória ou ignomínia, que a pessoa real é quase inteiramente devorada pelo mito. O verdadeiro ser humano por detrás de tudo isto é difícil de vislumbrar, quanto mais de compreender. Em figuras como Alexandre, ou Jesus, ou Constantino, ou Buda; a pessoa real está quase perdida. Infelizmente, Augusto pertence firmemente a esta ilustre companhia. A turvar ainda mais as águas, está o facto de parecer ter tido comportamentos muito diferentes em vários momentos da sua carreira; ora impiedoso, ora indulgente; ora sanguinário, ora clemente. Os historiadores, tanto antigos como modernos, podem pintar um quadro convincente de homens muito diferentes, e todos são legítimos. Octávio é difícil de cristalizar.
A carreira do primeiro imperador romano começou no momento em que o seu tio Júlio foi esfaqueado no senado, naquela manhã luminosa e sem vento dos idos de Março de 44 a.C. Ele conta o que aconteceu a seguir com as suas próprias palavras no texto conhecido como Res Guesti, ou seja, As Minhas Conquistas, inscrito na lápide do seu túmulo:
“Aos dezanove anos de idade, por minha iniciativa e a expensas próprias, reuni um exército através do qual restabeleci a liberdade na República, que tinha sido oprimida pela tirania de uma facção.”
A inscrição não passa de propaganda, claro. A versão de quem triunfa. Caracterizar as guerras civis em que Octávio participou, e que ocasionalmente instigou, como “libertar a República da tirania de uma facção” é ser parcimonioso com a verdade dos factos. Muitos caracterizariam, e caracterizaram, o seu comportamento durante esses conturbados e belicosos tempos como o de um cínico, implacável e determinado senhor da guerra, disposto a não se deter perante nada, disposto a justificar tudo, para atingir o seu objectivo: o poder executivo exclusivo sobre o mundo romano.
Sobre a implacabilidade de Octávio, testemunha Suetónio em Os Doze Césares:
“Depois de se mancomunar com António e Lépido, concluiu também, em duas batalhas, a guerra de Filipos, embora muito enfraquecido e doente; na primeira, expulso do acampamento, a muito custo obteve refúgio na ala comandada por António. Não usou com moderação da sua vitória: mandou a Roma a cabeça de Bruto, para que fosse lançada aos pés da estátua de César, e cevou-se nos prisioneiros mais ilustres, não sem lhes dirigir palavras ultrajantes. Como um deles lhe pedia e suplicava que lhe desse sepultura, ele respondeu-lhe, dizem, ‘que os abutres se encarregariam disso.’ E a dois outros cativos, pai e filho, que lhe pediam que lhes salvasse a vida, propôs-lhes que a sorteassem ou que jogassem a ‘morra‘, prometendo a vida ao que saísse vencedor.”
Para além da versão de Seutónio, provavelmente a mais rigorosa que alguma vez nos foi dada, as representações documentais, ficcionais, televisivas e cinematográficas do filho adoptivo de Júlio César são contraditórias e inexactas, distorcendo, cada um para a narrativa que mais lhe convém, a percepção da personalidade e dos actos do imperador.
O prestigiado romancista Robert Graves pintou Augusto como uma espécie de avô bondoso, generoso e amigável, em Eu, Cláudio, que teve uma excelente adaptação televisiva, nos anos 80.
Na série Roma, indiscutivelmente um dos dez melhores produtos televisivos deste século, e que conta precisamente a ascensão do jovem Octávio ao poder absoluto, o personagem é tratado de forma completamente diferente, transitando, pelo desempenho de dois actores diferentes, de infante ingénuo, sensível e inteligente a adulto frio, calculista, draconiano, e disposto a tudo para cumprir o seu destino.
Ao jeito de Seutónio será porém preferível descrever, mesmo que com extrema brevidade, os principais factos da carreira de Augusto. Depois de Júlio César ter sido assassinado por oligarcas senatoriais e aristocráticos que, ingenuamente, pensavam que a sua morte iria conduzir ao regresso do regime republicano, Octávio ficou surpreendido quando soube que o tio Júlio o tinha adoptado postumamente como seu filho e lhe tinha legado grandes somas de dinheiro. Nos anos que se seguiram, recorrendo a todo o tipo de maquinações e travando uma sucessão sanguinolenta de batalhas, o jovem aristocrata conseguiu caçar e eliminar todos os assassinos de César. Depois, num acordo de partilha do poder com outros dois personagens centrais da guerra civil, Emílio Lépido e Marco António, governou a Itália e Roma como um membro do segundo ‘Triunvirato’. Por essa altura, foi desencadeadeo um programa de “proscrições”, que é uma forma eufemística de descrever o massacre em massa de uma boa parte da aristocracia romana e de todos os restantes opositores políticos. Algo que Maquiavel poderia argumentar ser pura conveniência, mas que para a maioria dos observadores é difícil de caracterizar como nada mais do que um crime monstruoso.
Suetónio afirma sobre essa fase genocida:
“Tomou parte, durante dez anos, no triuvirato instituído para reorganizar a república: no desempenho deste cargo, por bastante tempo, opôs-se aos seus colegas, que queriam proscrições, mas quando estas começaram, mostrou-se ainda mais cruel do que eles. Esses, muitas vezes, realmente atentos à qualidade das pessoas, teriam cedido a recomendações e súplicas, mas ele, por si, mostrou-se obstinado, não querendo que ninguém fosse poupado e prescreveu, mesmo, Caio Turânio, seu tutor.”
Por fim, Lépido (que de qualquer forma já tinha sido encostado aos territórios mais irrelevantes do império – o norte de África, excluindo o Egipto), foi posto de lado e o grande confronto final pôde finalmente ocorrer entre os dois grandes rivais e aliados na guerra civil: Octávio e António. A questão foi resolvida na Batalha de Áccio, em 31 a.C., a contenda referida no início deste texto. Depois deste confronto que marcou uma época, Octávio teve pela frente muitas décadas de governo autocrático. No entanto, alterou os seus métodos e o seu reinado posterior, incontestado, foi notavelmente pacífico. A maior parte das suas políticas foram concebidas para promover a paz e a reconciliação. Uma transformação e peras.
No seu livro Dinastia, o escritor e historiador Tom Holland dá-nos uma excelente panorâmica:
“A submissão ao governo de um único homem tinha redimido a cidade e o império da auto-destruição; mas a cura em si tinha sido uma espécie de doença. Augusto, o seu novo senhor, chamava-se a si próprio, o divinamente favorecido. Sobrinho-neto de Júlio César, tinha abusado do sangue para assegurar o comando de Roma e do seu império e, depois, com os seus rivais despachados, tinha-se feito passar por um príncipe da paz. Tão astuto quanto implacável, tão paciente quanto decisivo, Augusto conseguiu manter a sua supremacia durante décadas, para depois morrer tranquilamente na sua cama. A chave para este feito foi a sua capacidade de governar com, e não contra, a tradição romana. Ao fingir que não era um autocrata, permitiu que os seus concidadãos fingissem que ainda eram livres. Um véu de subtileza cintilante e sedutora tinha sido colocado sobre os contornos brutais do seu domínio. No entanto, com o passar do tempo, esse véu foi-se tornando cada vez mais fino. Aquando da morte de Augusto, em 14 d.C., os poderes que tinha acumulado ao longo da sua longa e maliciosa carreira revelaram-se não como expedientes temporários, mas antes como um pacote pesado e bem embrulhado a transmitir a um herdeiro.”
Tom Holland parece não se deixar enganar pela propaganda pró-Augusto, nem pela representação do homem que nos é oferecida em Eu, Cláudio. Mesmo muitos romanos da época não estavam convencidos de que Augusto era uma força benevolente.
No entanto, Suetónio contribui para o registo contraditório da figura de Augusto, ao afirmar que o primeiro imperador pensou em devolver aos romanos a sua perdida república:
“Por duas vezes pensou em restaurar a república: a primeira, logo após haver esmagado António, lembrando-se que ele muitas vezes lhe objectara ser o único obstáculo a essa restauração; depois, novamente, no abatimento em que o prostrou uma longa enfermidade; desta vez chegou mesmo a mandar apresentar em sua casa os magistrados e os senadores, a quem entregou uma estatística do Império. Mas, pensando que o regresso à vida privada não deixaria de lhe fazer correr alguns riscos e que, por outro lado, seria imprudente confiar o Estado ao capricho de vários, conservou o poder, sem que possa dizer-se qual mais de deva louvar: ou o acontecimento em si ou a intenção que o ditou.”
Díon Cássio, um senador romano e historiador do século II d.C. representou igualmente César filho disposto a prescindir do comando dos exércitos e a entregar a república ao senado e ao povo de Roma, e Augusto Fraschetti, na sua biografia Augusto, Imperador de Roma, revela também essa dualidade de pensamento político, embora o autor desconfie que o biografado acabasse sempre por tender para a monarquia.
Um outro grande historiador romano, Cornélio Tácito, fala-nos, na sua história seminal, Anais, das façanhas de Augusto e, depois, com o seu estilo característico, apresenta-nos os dois lados da discussão em torno da sua personalidade e motivações. Eis um excerto dessa síntese:
“Quando o mundo estava cansado de lutas civis, [Octávio] submeteu-o a um império, sob o título de príncipe. Mas os sucessos e os reveses do velho povo romano foram registados por historiadores famosos, e não faltaram intelectos excelentes para descrever os tempos de Augusto, até que a bajulação crescente os afugentou. As histórias de Tibério, Gaio, Cláudio e Nero, enquanto estiveram no poder, foram falsificadas pelo terror e, depois da sua morte, foram escritas sob a irritação de um ódio recente. Por isso, o meu objectivo é relatar alguns factos sobre Augusto, mais particularmente os seus últimos actos, e depois o reinado de Tibério e tudo o que se segue, sem amargura nem parcialidade. Quando, após a destruição de Bruto e Cássio, já não havia qualquer exército da comunidade, quando Pompeu foi esmagado na Sicília e quando, com Lépido afastado e António morto, até à facção juliana só restava César para a liderar, abandonando então o título de Triúnviro e revelando que era Cônsul, e satisfeito com a autoridade de um Tribuno para a protecção do povo, Augusto conquistou os soldados com presentes, o populus com milho barato e todos os homens com os doces do repouso; e assim foi crescendo gradualmente, enquanto concentrava em si as funções do senado, dos magistrados e das leis. Não tinha qualquer oposição, pois os espíritos mais ousados tinham caído em batalha ou na proscrição, enquanto os restantes nobres – quanto mais depressa se tornavam escravos – eram elevados pela riqueza e pela promoção, de modo que, engrandecidos pela revolução, preferiam a segurança do presente ao passado perigoso.”
Tácito conta-nos então os últimos dias e horas da vida de Augusto, seguidos de um relato dos sumptuosos preparativos funerários. Depois, fala-nos da forma como os homens da época – pois Tácito estava a escrever cerca de cem anos depois dos factos – pensavam sobre o legado do seu recém-falecido César. Primeiro, a interpretação generosa:
“Homens sensatos, no entanto, falaram da sua vida com louvor e censura. Alguns diziam que o sentimento de obediência para com o pai e as necessidades do Estado, no qual as leis não tinham então lugar, o levaram à guerra civil, que não pode ser planeada nem conduzida com base em quaisquer princípios correctos. Muitas vezes cedeu a António enquanto este se vingava dos assassinos do seu pai; muitas vezes também a Lépido. Quando este último se afundou na debilidade, e o primeiro foi arruinado pela sua libertinagem, o único remédio para o seu país distraído era o governo de um único homem. No entanto, o Estado não tinha sido organizado sob o nome de reino, nem de ditadura, mas sob o de príncipe. O oceano e os rios remotos eram as fronteiras do império. As legiões, as províncias, as frotas, tudo estava ligado entre si. Havia lei para os cidadãos, havia respeito pelos aliados. A capital tinha sido embelezada em grande escala. Apenas em alguns casos se recorreu à força, simplesmente para garantir a tranquilidade geral.”
Mas há uma interpretação muito mais dura. Tácito explica-a:
“Dizia-se, por outro lado, que o dever filial e a necessidade do Estado eram apenas assumidos como uma máscara. Foi realmente por amor à soberania que ele excitou os veteranos através do suborno; quando era jovem e súbdito, levantou um exército, manipulou as legiões dos cônsules e fingiu estar ligado à facção de Pompeu. Depois, quando, por decreto do senado, usurpou as altas funções e a autoridade de pretor, quando Hirtius e Pansa (cônsules legítimos) foram mortos, quer tenham sido destruídos pelo inimigo ou Pansa por veneno infundido numa ferida, Hirtius pelos seus próprios soldados e pelas maquinações traiçoeiras de César, apoderou-se imediatamente dos dois exércitos, retirou o consulado a um senado relutante e virou contra o Estado as armas que lhe tinham sido confiadas contra António. Os cidadãos foram proscritos, as terras divididas, sem a mínima aprovação daqueles que executaram estes actos. Mesmo admitindo que as mortes de Cássio e de Bruto tenham sido sacrifícios a uma inimizade hereditária, embora o dever nos obrigue a abandonar rixas particulares em prol do bem-estar público, ainda assim, Pompeu havia sido iludido pelo fantasma da paz, e Lépido pela máscara da amizade. Posteriormente, António foi atraído pelos tratados de Tarento e Brundísio, e pelo seu casamento com a irmã de Octávio, e pagou com a morte a penalidade de uma aliança traiçoeira. Sem dúvida, houve paz depois de tudo isso, mas foi uma paz manchada de sangue.”
Homem que apreciava alguma austeridade, que primava por hábitos e trajes simples e decorosos, que era capaz da tolerância e até de alguma bonomia, Octávio Augusto gostava de se ver como um homem de família, mas como era puritano até à ponta dos cabelos, sofreu vergonhas e desonras, especialmente aquelas que resultaram de opróbrios cometidos pela sua filha e a sua neta, ambas de nome Júlia, ambas adúlteras. Foi implacável o seu castigo. Suetónio testemunha o embaraço e a fúria do imperador:
“A alegria e a confiança que lhe inspiravam os filhos e a boa ordem da sua casa não quis o destino mantê-las. As duas Júlias, sua filha e sua neta, mancharam-se em toda a casta de opróbrios, e ele baniu-as. (…) Adoptou, no Forum, em virtude da leu cúria, o terceiro neto, Agripa, e, ao mesmo tempo, o genro, Tibério. Mas não tardou a renegar Agripa, em virtude do seu carácter grosseiro e feroz, deportando-o para Sorrento. Suportou, aliás, com muito mais resignação, a morte dos seus do que a sua desonra. Com efeito, se a perda de Caio e de Lúcio não o fez sucumbir, quando se tratou da filha, informou o senado da sua conduta sem que ele próprio comparecesse, através de uma nota lida por um questor: com vergonha, manteve-se por muito tempo afastado de todo o convívio social e chegou a pensar, mesmo, em mandá-la matar. (…) Tendo repudiado a filha, proibiu-lhe o uso do vinho, toda a espécie de luxo e que recebesse homens, fossem livres ou escravos, sem lhe terem pedido antes a ele o parecer, esclarecendo-o quanto à idade do visitante, à sua estatura, à cor da sua pele e até, mesmo, aos sinais particulares ou às cicatrizes que tivessem no corpo. Apenas cinco anos depois, a mandou transferir da ilha em que estava para o continente e a tratou com mais moderação. Mas não houve implorações que o levassem a chamá-la para junto de si, e como o povo romano, com insistência e obstinação, lhe implorasse muitas vezes o perdão, ele desejou-lhe, publicamente, ‘filhas tais e tais esposas'”
Ficamos, portanto, com um quadro que está ainda longe de ser definitivo. Augusto dividiu as opiniões desde que apareceu na terra. O retrato que Graves apresenta não pode de qualquer forma ser considerado fidedigno. Se o velho Augusto não era nada parecido com Nero ou Estaline, também não podia parecer-se com o tio mais simpático da família Simpson. Pelo menos nos últimos anos da sua vida, teria sido acessível, mas com um traço implacável, e não muito abaixo da superfície. A uma distância de mais de dois mil anos, nunca saberemos ao certo. Resta-nos ler e reler os relatos e deixar que a nossa imaginação preencha as lacunas.
Sobram os factos do seu legado administrativo e militar, que é grandioso, na verdade: Augusto aumentou dramaticamente o império, anexando o Egipto, a Dalmácia, a Panónia, a Nórica e a Récia, expandindo as possessões em África e na Germânia e completando a conquista da Hispânia. Além das fronteiras, protegeu o Império a nordeste com uma região tampão composta por Estados clientes e fez paz com o Império Parto por vias diplomáticas. Reformou o sistema romano de tributação, desenvolveu redes de estradas com um sistema de correio oficial, estabeleceu um exército permanente e a guarda pretoriana, criou serviços oficiais e permanentes de policia e bombeiros em Roma e reconstruiu grande parte da cidade durante seu reinado.
A velhice de Augusto foi triste e solitária. Perdidos por morte filhos, netos e amigos como Agripa, exilados ou rejeitados outros, viu-se condenado a deixar como herdeiro Tibério, o filho mais velho de Lívia Drusa de que nunca gostou – ao contrário do que sentia por Druso, o filho mais novo da sua mulher que também tinha morrido entretanto. Lívia foi aliás a detentora do poder real nos últimos anos de vida do primeiro imperador romano, manipulando vontades e – diz-se – assassinando adversários, de forma a abrir caminho para o trono a seu filho, que seria um dos menos celebrados e mais cruéis imperadores romanos.
Augusto pereceu em 14 d.C., com 75 anos, em Nola, na Campânia. Pode ter morrido de causas naturais, embora ainda hoje circulem rumores não confirmados de que Lívia o terá envenenado. Foi soberano durante 41 anoa, extensão temporal a que nenhum outro imperador conseguiria sobreviver.
Vive ainda hoje na memória dos homens, mais do que como um bom imperador, como o primeiro. E independentemente do juízo moral, sempre frágil, sempre prejudicado pelas contradições da sua personalidade e os relatos dúbios dos seus biógrafos, que possamos fazer dele, dizer apenas isto – que foi o primeiro – não será nunca dizer pouco, dada a profundidade histórica da dinastia que iniciou.
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