A administração Trump está a assumir a lógica de poder – absolutista e draconiana – do regime Biden, mas no seu contrário ideológico. E por isso será risível qualquer crítica dos democratas e dos liberais e dos neocoms e de todos os comissários da seita globalista, ao niilismo da actual Casa Branca.
Isto nem tem discussão.
Devo porém, de acordo com aquilo que considero ser um dever moral, advertir os meus queridos leitores e fiéis amigos: Não lutamos por governos fortes. Lutamos por sociedades fortes. Lutamos pela fortaleza da cidadania. Lutamos pelo legado clássico da civilização ocidental e pela glória de Deus e a verdade de Jesus Cristo.
E esta administração, se bem que legitimada pelo seu contexto e pela eloquente vitória eleitoral de Novembro; se bem que levando ao zero contabilístico inúmeros acertos de contas e incontáveis maiorias de razão; se bem que cumprindo, quase completamente, o mandato das urnas, acaba por plasmar uma filosofia de governação dos povos que nenhum libertário-conservador e cristão pode legitimar sem reticências.
Deixem-me contrastar o meu argumento: Se Emmanuel Macron afirmasse de repente que a França ia tomar conta da Faixa de Gaza, correr com os nativos (sabe-se lá com que argumentos) e construir no local um complexo imobiliário de luxo, com casinos e bordeis para as elites, que diríamos do anão napoleão?
Se Keir Starmer patrocinasse um projecto de inumeráveis biliões de libras que faz convergir o potencial de destruição da inteligência artificial com a capacidade de matar milhões de pessoas das vacinas mRNA, que diríamos do pesadelo distópico, e que diríamos do infeliz primeiro-ministro britânico?
E se Joe Biden tivesse contratado Zuckerbeg para purgar o governo federal norte-americano? Como qualificaríamos a sangria, o seu senil autor e o eunuco de serviço?
Se Justin Trudeau decidisse chamar ao Mar do Labrador, o ‘Mar do Canadá’, que diríamos sobre a sua característica alienação de elitista retardado?
É verdade que, à falta de movimentos de cidadania que façam o trabalho dos césares, permanecemos, que remédio, reféns dos Júlios.
Mas qualquer pessoa que já leu dois ou três livros de história percebe onde é que fica a civilização quando os césares perecem. E se hoje podemos ter um Augusto que nos agrada, teremos um Tibério que nos repugne, certamente e já a seguir, no percurso acidentado desta poderosa, se bem que agora comática, ideia de Ocidente.
O hercúleo e alucinante trabalho que Donald Trump e o seu enfurecido executivo cumprem por estes dias está, sem exagero nenhum, a transformar em melhor pano o tecido da realidade, e quem tiver dúvidas sobre isso deve frequentar o Expresso em vez do ContraCultura, nitidamente.
O Presidente Americano, se for hábil quanto baste para fingir que é decisivo para a paz na Ucrânia, pode até ficar para a História como a definição do Prémio Nobel da Paz que não foi. E é, comprovadamente, um obstáculo calcário ao clube das ‘guerras eternas’.
Será ainda assim de útil memorando sublinhar que não é bem este o mundo em que queremos viver livres e donos do nosso destino.
Pois não?
Paulo Hasse Paixão
Publisher . ContraCultura
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