Marques Mendes disse recentemente numa entrevista a uma das máquinas de propaganda da imprensa corporativa nacional que achava que Portugal não tinha imigrantes a mais.

O putativo candidato a Presidente da República (Deus nos ajude), é o típico espécime globalista. A realidade sociológica é-lhe alienígena. E fala para um mundo (ideal para ele) de cegos-parvos, assumindo tranquilamente que as pessoas confiam mais nele do que naquilo que experimentam todos os dias, aqui nesta dimensão concreta da vida que ele não frequenta.

 

 

Na verdade, Marques Mendes reflecte a regra e esquadro tudo o que está errado na classe política portuguesa. Tudo o que há de corrupto e falso e abominável nas elites ocidentais. É um zero à esquerda, que nunca fez nada na vida de que os seus pais se possam orgulhar. É minúsculo (o trocadilho é intencional), vulgar, espirituoso como um bocejo e esperto como uma ratazana. Tem o mérito de não ter virtudes e a vantagem de ser um homem sem qualidades. Vive nas esquinas dos corredores do poder como uma barata debaixo de uma máquina de café e nos estúdios de televisão como um mendigo à porta da igreja: por muito triste que seja o seu destino, por muito ateu que seja o seu coração, será sempre, à hora em que os crentes entram para a missa, um católico empedernido.

Na senda do poder que na verdade nunca teve, mas de que fez missão de vida, é capaz de dizer tudo, tudo fazer. Como em tempos garantia que o BES era uma banco cheio de saúde, nas vésperas da sua bancarrota, é capaz de nos tentar convencer que as políticas de imigração de S. Bento e de Bruxelas são vitais para a economia nacional, porque sem paquistaneses a entregarem hambúrgueres ao domicílio, morríamos todos de fome. Escravo sexual das corporações que de facto e exclusivamente beneficiam da mão de obra barata importada dos confins do inferno para infernizarem este país, o Marques mente com quantos dentes tem de forma a cumprir com as avenças.

É capaz de subir a paquistanesa Rua de s. Lázaro e jurar a pés juntos que Portugal nunca foi tão português. É capaz de se vender ao eleitorado como mais experiente que o almirante das vacinas, embora tenha a experiência de falhado profissional, e de se posicionar como mais credível do que o prestidigitador que agora reside no Palácio de Belém, embora seja consciente de que na verdade ninguém o leva a sério e que nunca deixou de ser apenas um boneco anedótico do “Contra-Informação.”

No percurso obsceno que vai cumprir até às eleições presidenciais, Marques Mendes irá por certo afirmar que é mais nacionalista que Ventura, mais leninista que Santos Silva, mais chegavarista que qualquer candidato que o Bloco de Esquerda for buscar ao esgoto da existência humana. Será até capaz de declarar solenemente que é um negro mais ressentido que Mamadou Ba e que vai ser o mais alto de todos os presidentes da Terceira República.

A verdade é que enquanto continuarmos a viver sob a égide deste tipo de subsapiens, não há nada que possa valer a este país. E sendo certo que cada povo tem os líderes que merece, os portugueses merecem completamente o Marques Mendes, que é, em dimensão física e intelectual, uma espécie de logótipo do Portugal contemporâneo: insignificante, desinspirado, comercializado por trocos e infiel a todos os valores que um dia já fizeram desta nação um fenómeno de transcendência.

E nem importa realmente se irá ou não sair vitorioso em 2026. Se não for ele a suceder ao actual palhaço, será outro palhaço do mesmo calibre ontológico. A Europa está condenada ao circo, e Portugal, à tenda mais pobre da companhia.

 

 

AFONSO BELISÁRIO

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Oficial fuzileiro (RD) . Polemista . Português de Sagres
As opiniões do autor não reflectem necessariamente a posição do ContraCultura.