Recentemente escrevi artigo sobre Adão, Eva e sua expulsão do Paraíso, causada pelos “olhos abertos” decorrentes da árvore do conhecimento, que havia sido provada pelo casal.
Uma das conclusões que podemos tirar deste relato é que todo conhecimento, ciência ou sabedoria traz consigo um ônus, e tanto mais perigoso o mesmo se torna na exata medida de seu poder em influenciar o curso natural das coisas e gentes.
É lugar comum na literatura e mesmo em seitas iniciáticas, confrarias e teorias da conspiração o decreto de que “determinados conhecimentos não podem ser de domínio público”, estando os mesmos reservados aos grandes mestres, que os preservariam em tratados cuidadosamente produzidos sob hermética e quase indecifrável linguagem – o conhecimento é perigoso!
Rimos hoje, em pleno século XXI, das reservas adotadas pela Santa Madre Igreja nas épocas medievais, onde órbitas planetárias, esfericidade da Terra, o vapor e demais conhecimentos herdados dos antigos – mesmo dos pragmáticos romanos – representariam “ameaças”, naqueles tempos vistas e apontadas contra a crença em Deus Pai.
Mas seria esta a verdadeira ameaça da qual se preveniam? Estariam certos os antigos monges, diante do quase absoluto ateísmo de nossos atuais e tão tecnológicos dias? Ou existiria algo de maior, pior e terrível, a esconder-se por detrás da cândida alegação de “progresso e bem-estar da humanidade”?
Não cabe aqui discorrer sobre a “deposição” de Deus feita pelos filósofos iluministas mas, sim, de suas consequências – como seja; a falta de freios em nossas especulações, ambições, tentativas e sucessos, decorridas todas da total desconsideração de valores e princípios morais, e mesmo humanos, preconizados pela Verdade Revelada.
A falta de Deus trouxe-nos a liberdade de imaginar, criar e ousar sem limites. Temos, por um lado, maravilhas que nos dão conforto e, por outro, ameaças a nível global jamais supostas há poucos cem anos atrás. E é neste momento que o “hermetismo” de determinados conhecimentos – chamados atualmente de “tecnologias” – torna-se não apenas bem-vindo como necessário.
Alguém conceberia como plausível os terroristas do Hamas possuírem uma bomba atômica? Alguém admite como natural uma multinacional farmacêutica criar e distribuir produtos causadores de mutações genéticas ou indutores de doenças fatais, mascarados sob o rótulo de “vacinas”? Alguém veria como aceitável um grupo de empresas ter o poder de moldar nossos gostos, hábitos, preferências e escolhas, em produtos travestidos de “entretenimento e informação”?
Nunca é demais lembrar que toda a tranqueira tecnológica necessária a produção de tais ameaças foi criada por homens, que por sua vez foram educados sob a inspiração de professores, adestrados por filósofos que “romperam com as arcaicas barreiras do obsoleto pensamento religioso” – em outras palavras, o ovo da serpente encontra-se na absoluta falta de freios morais de pensadores levianos – ainda que profundos – mas que cederam às suas taras, perversões, preferências e ideologias, contaminando assim toda a busca pela verdade.
E o resultado de tamanho “progresso”, e consequente ameaça a nossa existência sobre a Terra, talvez seja adotar novamente o bom e velho hermetismo medieval, até que o pensamento filosófico humano retorne para Deus.
Mas, sejamos francos, para isso seria necessária uma catástrofe a nível global.
Como sairemos dessa? Como conciliar o conhecimento com a sujeição aos limites e desígnios de Deus?
Penso que a resposta não se encontra em nível de pensadores ou filósofos: será necessária a volta de Nosso Senhor Jesus, o Cristo vivo, para abaixar nossas cabeças e apontar um novo e salvador caminho, para toda a humanidade.
Até lá, toda cautela é pouca.
WALTER BIANCARDINE
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Walter Biancardine foi aluno de Olavo de Carvalho, é analista político, jornalista (Diário Cabofriense, Rede Lagos TV, Rádio Ondas Fm) e blogger; foi funcionário da OEA – Organização dos Estados Americanos.
As opiniões do autor não reflectem necessariamente a posição do ContraCultura.
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