Hunter Biden foi considerado culpado de todas as acusações no seu histórico processo criminal focado na compra de uma arma de fogo em 2018.

O júri deliberou durante um total de três horas entre a tarde de segunda-feira e a manhã de terça-feira. Hunter Biden foi considerado culpado de fazer uma declaração falsa na compra de uma arma, fazer uma declaração falsa relacionada com informações que devem ser registadas por um comerciante de armas licenciado pelo governo federal e posse ilegal de arma por um viciado numa substância controlada.

O julgamento de Hunter Biden durou sete dias e incluiu depoimentos emocionados de membros de sua família, incluindo a filha Naomi Biden, a ex-esposa Kathleen Buhle e a cunhada que agora é a sua namorada, Hallie Biden.

Os procuradores provaram que Hunter Biden mentiu num formulário federal de arma de fogo, conhecido como Formulário ATF 4473, em Outubro de 2018, quando respondeu “Não” à questão relacionada com o vício em substâncias controladas. Hunter Biden comprou a arma numa loja chamada StarQuest Shooters & Survival Supply em Wilmington.

O réu, que se tinha declarado inocente, permaneceu estático enquanto o veredicto era lido, olhando para frente com os olhos arregalados. Imediatamente antes do veredicto, parecia mais optimista do que durante os procedimentos do julgamento.

O procurador especial David Weiss, que apresentou as acusações contra Hunter, não estava sentado no tribunal quando o veredicto foi lido. A primeira-dama Jill Biden também não esteve no tribunal para ouvir o veredicto.

Hunter Biden tem uma história bem documentada de abuso de drogas, tornada pública no seu livro de memórias de 2021, “Beautiful Things”, que descreve a sua necessidade de fumar crack a cada 20 minutos e como o seu vício era de tal forma degradante que ele referia-se a si mesmo como o “papá do crack“.

A equipa de defesa, liderada pelo advogado Abbe Lowell, não contestou a longa história de abuso de drogas do seu cliente, que também inclui o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, argumentando em vez disso que no dia em que Hunter Biden comprou o Cobra Colt 38, ele não se considerava um viciado em drogas activo.

Os procuradores, no entanto, argumentaram que o vício de Hunter Biden em crack ocorreu antes, durante e depois da compra da arma. Apenas um dia após a compra da arma, foi provado em tribunal que Hunter Biden enviou uma mensagem para Hallie Biden dizendo que estava “à espera de um traficante chamado Mookie”. Um dia depois dessa mensagem, enviou outra afirmando que estava a “dormir num carro e a fumar crack na 4th Street com a Rodney”, em Wilmington.

A defesa tentou dramatizar emocionalmente o julgamento, forçando várias vezes o choradinho. A filha de Hunter, Naomi Biden, foi chamada ao banco das testemunhas, altura em que o pai fingiu chorar. Naomi disse ao tribunal que estava “nervosa” durante o depoimento, que tinha conhecimento do vício do pai, mas que nunca o tinha visto consumir drogas, nomeadamente crack, observando que estava orgulhosa do seu pai por ter conseguido alcançar a sobriedade (embora as dúvidas sobre essa actual sobriedade sejam sólidas e mais que muitas).

O julgamento também incluiu o depoimento de Hallie Biden, viúva de Beau Biden, que iniciou um relacionamento amoroso com o seu cunhado, Hunter Biden, em 2015. Hallie Biden, que testemunhou sob imunidade, acompanhou o júri através da ascensão e queda do relacionamento, descrevendo que descobriu crack em sua casa e teve que pesquisar no Google o que era a substância porque nunca a tinha visto antes. Hunter parece ter viciado Hallie na sua droga de eleição, já que a testemunha confessou que também acabou por ser consumidora de crack antes de ficar sóbria em Agosto de 2018.

“Foi uma experiência terrível pela qual passei e fiquei envergonhada… Lamento esse período da minha vida”, disse Hallie Biden ao tribunal sobre o consumo do derivado de cocaína.

A ex-mulher de Biden, Kathleen Buhle, também prestou um breve depoimento no início do julgamento. Ela disse ao tribunal que descobriu o vício em crack de seu ex-marido em 2015, quando encontrou um cachimbo na varanda lateral de sua casa em Washington, D.C. O casal foi casado por mais de 20 anos – divorciando-se em 2017 – e tem três filhas adultas.

Hunter foi acompanhado no tribunal por familiares, amigos e aliados da família Biden, nomeadamente a primeira-dama Jill Biden, a irmã de Biden, Ashley Biden, a irmã do presidente Biden, Valerie Biden e a sua actual mulher, Melissa Cohen Biden.

O julgamento centrou-se na compra da arma de fogo por Biden em 12 de outubro de 2018 na StarQuest Shooters & Survival Supply, quando os procuradores argumentaram que Biden mentiu no formulário federal, afirmando que não usava nem era viciado em drogas. A arma de fogo permaneceu na sua posse por 11 dias antes que Hallie Biden a descobrisse na consola de sua carrinha Ford e a jogasse num contentor de lixo em frente a um mercado em Wilmington. Hallie Biden testemunhou que se arrependeu de ter atirado a arma de fogo para o lixo e que o fez quando estava em estado de “pânico” e temia que Biden usasse a arma contra si próprio ou contra outras pessoas.

Durante o julgamento, o júri também ouviu extensos depoimentos da ex-namorada de Biden, Zoe Kestan, que conheceu o filho do presidente num bordel de Nova York quando ela tinha apenas 21 anos e ele 48.

“Ele queria fumar [crack] assim que acordasse”, testemunhou Kestan.

Acompanhando o depoimento de Kestan foram exibidas fotos retratando cachimbos de crack em quartos de hotel, muitas vezes ao lado de garrafas de bebidas alcoólicas, uma foto de Hunter Biden com o peito nu num banho de espuma com Kestan e um vídeo do FaceTime mostrando a tatuagem nas costas de Biden que lembrava uma garra. Os jurados foram informados que Biden aprendeu a ‘cozinhar’ crack, e viram uma foto de um quarto de hotel com bicarbonato de sódio numa mesa, substância usada para transformar cocaína em crack.

O caso marca o primeiro na história do país em que o filho de um presidente em exercício foi levado a julgamento.

O presidente Biden, na semana passada, disse que não perdoaria seu filho se fosse condenado.

Mas, muito provavelmente, considerando a influência do regime Biden e dos democratas no sistema judicial da federação, Hunter não será encarcerado, apesar do crime prever uma pena que vai até 25 anos de prisão. Fora da sala do tribunal fala-se que Hunter Biden será penalizado com uma simples multa de 75.000 dólares.

Ou seja: o estado gastou milhões num processo que se resolve com uma multa insignificante.

Hunter Biden voltará aos tribunais a 5 de Setembro, altura em que vai enfrentar nove acusações de fuga ao fisco. O filho do presidente foi indiciado em Dezembro e declarou-se inocente de todas as acusações. Os procuradores alegam que Hunter se envolveu num esquema fraudulento, durante quatro anos, para não pagar pelo menos 1,4 milhões de dólares de impostos relativos a rendimentos nos anos fiscais de 2016 a 2019.