A economia alemã, em dificuldades, pode voltar a ser apelidada de “homem doente da Europa” se as questões estruturais não forem resolvidas de imediato, alertou Christian Sewing, Diretor Executivo do Deutsche Bank.

Este rótulo é frequentemente atribuído aos países europeus quando enfrentam dificuldades económicas, agitação social ou empobrecimento. A Alemanha recebeu este famoso estatuto no final da década de 1990 e foi descrita desta forma no início da década de 2000, quando ainda se debatia com a integração da república comunista.

No seu discurso na Cimeira 2023 do Handelsblatt Banken, na quarta-feira, Sewing disse:

“Não somos o ‘Homem Doente da Europa, mas também é verdade que existem fraquezas estruturais que travam a nossa economia e a impedem de desenvolver o seu grande potencial. Se não resolvermos estas questões estruturais agora, tornar-nos-emos no homem doente da Europa”.

Identificando essas questões estruturais como custos energéticos elevados e imprevisíveis, ligações lentas à Internet, redes ferroviárias obsoletas, atrasos na digitalização da administração pública, falta de trabalhadores qualificados, burocracia excessiva e longos procedimentos de aprovação de reformas, Sweing ignorou os vários elefantes magenta que estavam com ele na sala, nomeadamente, o desastroso envolvimento do seu país na Guerra da Ucrânia, o acto de sabotagem, perpetrado pelos seus aliados americanos, que destruiu as condutas Nord Stream (evento que já muitos apelidam de “o 11 de Setembro da economia alemã”) e o estapafúrdio fecho de todas as centrais nucleares da nação, no exacto momento em que mais precisavam delas.

Acresce que a maior economia da UE continua a debater-se com desafios no sector da indústria transformadora, sobretudo por causa do aumento dos custos da energia, e entrou oficialmente em recessão técnica no primeiro trimestre deste ano, tendo o crescimento do PIB sido revisto de zero para -0,3%. O Bundesbank anunciou na segunda-feira que a economia provavelmente encolherá neste trimestre, graças ao lento consumo privado e à crescente fragilidade da indústria.

O chefe executivo do Deutsche Bank insistiu na mensagem de alarme:

“Não nos devemos iludir: Continuamos a estar atrasados em relação aos nossos concorrentes internacionais, mesmo que a situação económica especial causada pelas actuais taxas de juro possam encobrir um pouco isto – mais para algumas instituições, menos para outras”.

Na opinião de Sewing, completamente formatada pela agenda de Davos, as economias europeias devem evitar tornar-se demasiado dependentes de “bancos não europeus”. E a banca terá grandes responsabilidades no desenvolvimento económico, graças a novos papéis que as financeiras podem desempenhar globalmente. O CEO do banco alemão falou assim como o verdadeiro elitista-globalista que é, acrescentando ainda, para disfarçar:

“Na Europa, precisamos de um quadro que dê aos bancos mais margem de manobra para emprestar, que facilite o financiamento do mercado de capitais e que permita o crescimento à escala europeia”.