O traficante sexual Jeffrey Epstein era “um parceiro de negócios” do conselho de administração do JPMorgan Chase, com o qual manteve uma relação comercial ilícita de várias décadas, segundo revela um processo contra o CEO da gigante financeira, Jamie Dimon.

Movido por dois fundos de pensão que possuíam acções do JPMorgan, o processo acusa o CEO Jamie Dimon e o ex-quadro de topo Jes Staley de coordenarem um esforço para que o conselho do JPMorgan passasse por cima do que sabia das actividades de Epstein quando ele ainda estava vivo e trabalhava com o banco.

Dimon, Staley e outros tornaram-se um veículo de canalização de dinheiros para a rede de tráfico sexual infantil de Epstein, permitindo que o infame magnata fizesse transações bancárias através do banco JPMorgan, onde detinha dezenas de contas. A circunstância dever-se-á, alegadamente, ao facto dos altos quadro da entidade financeira também estarem envolvidos com Epstein, embora esperassem “passar despercebidos” uma vez que as suas actividades demoníacas caíssem no domínio público.

Pat e Russ Martens, dois veteranos de Wall Street que se dedicam agora a revelar a podridão moral do sistema finaceiro americano, explicam, no Wall Street On Parade:

“Os laços comerciais dos membros do Conselho com Epstein surgem através de dois eventos específicos: a fusão do Bank One com o JPMorgan Chase em 2004 – com vários membros do Conselho do Bank One, juntamente com o seu então CEO, Jamie Dimon, a serem transferidos para o JPMorgan Chase. O segundo factor-chave é que o bilionário Leslie Wexner, fundador da The Limited e da Bath & Body Works (e anterior proprietário corporativo da Victoria’s Secret), nomeou Epstein como seu consultor financeiro e entregou-lhe uma procuração por volta de 1986. Wexner esteve no conselho do Bank One pelo menos de 1986 a 1991.”

 

Se o JPMorgan não tivesse mantido as suas contas bancárias, Epstein não seria capaz de cumprir a actividade criminosa.

Desde a década de 1980, os membros do conselho do JPMorgan mantiveram extensos negócios com Epstein que lhe permitiram continuar a traficar menores para dentro e para fora da sua ilha privada e noutros locais, como parte da sua rede global de tráfico humano.

Algum “poder superior” no JPMorgan estava a controlar tudo isto, impedindo o antigo Director de Execução da Comissão de Valores Mobiliários Stephen Cutler, que também era Conselheiro Geral do JPMorgan na altura, de fechar as contas de Epstein.

O próprio processo agora levantado pelos pequenos accionistas do JPMorgan, afirma:

“O JPM continuou a fazer negócios pessoalmente com Epstein até 2013, e potencialmente continuou a envolver-se com entidades relacionadas a Epstein até à sua morte na prisão em 2019. Na verdade, a Empresa ocultou activamente os crimes de Epstein ao não apresentar quaisquer Relatórios de Actividades Suspeitas (SARs) legalmente exigidos, que são obrigatórios para grandes saques em dinheiro e outras transacções suspeitas.”

Dimon, claro, nega qualquer envolvimento na rede de tráfico de de menores, alegando que não tinha ideia de quem era Epstein ou que ele era parceiro do JPMorgan até que o vilão foi preso em 2019, sob acusações federais de tráfico sexual. Mas os queixosos do caso judicial dizem que não há absolutamente nenhuma maneira possível de Dimon não saber a verdade sobre Epstein, sugerindo que Dimon está a mentir dada a relação de cumplicidade pessoal e institucional entre ele, Cutler e Staley (que foi acusado em Maio deste ano de violar uma rapariga do harém de Epstein).

No artigo referido do Wall Street Parade lemos ainda:

“Acrescentando à culpabilidade do Conselho de Administração do JPMorgan está o simples facto de que Dimon não ter sido demitido, apesar da onda de crimes sem precedentes que ocorreu enquanto ele estava no comando do banco. Sob Dimon, o JPMoregan foi indiciado por cinco acusações criminais sem precedentes pelo Departamento de Justiça dos EUA – admitindo todos eles – registando um cadastro criminal que se parece com o de uma família do crime organizado.”

O JP Morgan Chase é a corporação líder mundial em serviços financeiros e a terceira maior empresa do mundo. Como o Contra noticiou recentemente, Jamie Dimon, na sua carta anual aos accionistas, sugeriu que o governo dos EUA e as corporações privadas poderiam confiscar a propriedade privada dos cidadãos para tomar iniciativas no domínio do clima.