A Argentina vai divulgar ficheiros confidenciais sobre os fugitivos nazis e a ditadura militar que se seguiu à Segunda Guerra Mundial. O Presidente Javier Milei ordenou a publicação destes documentos depois de se ter reunido com o senador americano Steve Daines. Esta iniciativa insere-se no âmbito de uma iniciativa global de transparência governamental.

O chefe de gabinete, Guillermo Francos, anunciou que a lei se aplica a todos os ficheiros relacionados com o nazismo nas agências estatais, incluindo auditorias financeiras outrora secretas, afirmando:

“Estes ficheiros dizem respeito a nazis que buscaram refúgio na Argentina e foram protegidos por muitos anos. São documentos históricos que devem ser acessíveis ao público.”

 

 

A Argentina tornou-se um refúgio para cerca de 5.000 nazis após a guerra, incluindo os oficiais das Waffen SS Adolf Eichmann e Dr. Josef Mengele.

Entretanto, os rumores de que Hitler fugiu para a Argentina, ao contrário dos relatos soviéticos aceites pelos aliados de que se suicidou em Berlim em 1945, estão mais vivos do que nunca na Internet, e muitos interrogam-se se essa fuga não teve o aval dos serviços secretos norte-americanos, no contexto da Operação Paperclip, que levou mais de 1.600 cientistas, engenheiros e técnicos alemães da Alemanha nazi para os EUA, para trabalharem para o governo federal após o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa, entre 1945 e 1959. Vários desses individuos eram antigos membros do Partido Nazi, incluindo as SS e as SA.

O historiador Abel Basti passou anos a delinear esta teoria em livros como Hitler na Argentina, argumentando que o ditador possivelmente fugiu pelo aeroporto Tempelhof de Berlim a caminho da América do Sul.

 

 

Relatórios do Federal Bureau of Investigation (FBI), divulgados pelos Arquivos Nacionais dos EUA através da série “Hunting Hitler”, descrevem também teorias de que Hitler teria fugido para a Argentina. Por outro lado, Investigadores americanos demonstraram em 2009 que o fragmento de crânio encontrado no bunker do fuhrer e atribuído a Hitler, secretamente preservado durante décadas pelos serviços secretos soviéticos, pertenceu a uma mulher com menos de 40 anos, cuja identidade é desconhecida. As análises de ADN efectuadas ao osso, actualmente na posse do Arquivo Estatal Russo em Moscovo, foram processadas no laboratório de genética da Universidade de Connecticut.

 

 

A iniciativa de Milei faz parte de uma política de desclassificação mais ampla, incluindo uma recente divulgação dos EUA relacionada com o assassinato do Presidente John F. Kennedy.

Os registos do período do regime militar argentino, de 1976 a 1983, também serão desclassificados no âmbito da divulgação destes documentos.