De vez em quando o ContraCultura faz uma viagem à actualidade científica, resgatando posts dispersos que vão sendo publicados no Blogville. Esta é mais uma dessas sínteses, que tem por base o trabalho dos três divulgadores de ciência que seguimos com mais atenção: Curt Jaimungal, Sabine Hossenfelder e Anton Petrov.

 

O que é uma partícula, afinal?

Em Fevereiro de 2023, o ContraCultura publicou um artigo sobre o estado (penoso) da Física contemporânea em que podíamos ler:

Se o curioso leitor perguntar a um Físico o que é uma Partícula, ele não lhe sabe responder, na verdade. Natalie Wolchover, numa reportagem para a Quanta, faz a muito básica pergunta a vários físicos e todos responderam de forma diferente, confusa, rebuscada e bastante evasiva. Uma partícula é o colapso de uma onda. É um campo electromagnético. É um padrão matemático. É um campo quântico excitado. É a irredutível representação de um grupo (!). É uma corda vibratória. É o que medimos nos detectores de partículas (?). É o que de repente lhes vem à cabeça.

Bom, este senhor aqui, Jacob Barandes, que supostamente é um académico reputado em mecânica quântica, descansa por completo o argumento desse texto, demorando dez minutos a tentar cristalizar uma definição, embora não consiga de facto uma resposta minimamente inteligível.

Seria de esperar que um homem que dedicou a sua vida a conhecer os segredos da matéria conseguisse definir com alguma facilidade o seu componente fundamental. Mas não. Nem pouco mais ou menos.

Estes parasitas vivem num mundo fictício, abstracto, incognoscível. São doutorados na sua própria ignorância e até dão pena.

 

 

 
Há cem anos atrás ficámos a saber que o universo era muito, muito, muito,

mas mesmo muito maior do que até aí tínhamos imaginado. E sobretudo graças aos esforços de Edwin Hubble, um dos mais célebres – e relevantes – astrónomos de sempre, que ombreia justamente com outros gigantes como Galileo e Copérnico.

Se até 1925 pensávamos que o universo era enorme, embora fosse percepcionado como totalmente incluso numa galáxia apenas, a partir daí percebemos a monumentalidade misteriosa, labiríntica e inatingível da obra de Deus: infindas como a via láctea brilhavam outras galáxias na profundidade do espaço sideral.

Anton Petrov celebra o centenário dessa aterradora e sublime descoberta.

 

 

De macacos, anjos e algoritmos.

Logo no princípio de uma recente conversa de Curt Jaimungal com William Hahn, chega-se à deprimente (eu diria até diabólica) conclusão filosófica que o Homo Sapiens é apenas um mero instrumento que serviu à criação de uma inteligência universal (para todos os efeitos, a inteligência artificial), porque nós somos “anjos com cus”, ou macacos conscientes, e os sistemas neuronais que estamos a criar vão ser puramente espirituais (são anjos que “não precisam de comer sanduíches”).

Esta forma de ver o cosmos como uma entidade computacional, que ascende – num processo de emergência – até se constituir como consciência universal, mas que coloca o homem numa posição de componente instrumental dessa grande máquina, está muito na moda, nestes dias que correm, mas é deveras repugnante – ou devia ser deveras repugnante para qualquer cristão que se preze, porque não só desvaloriza a criação de Deus, como anula a Sua presença, a Sua graça e a Sua glória, reduzindo tudo a um modelo cibernético quase pagão, que é fruto afinal e apenas do contexto histórico e tecnológico que atravessamos.

O erro de Hahn é que não consegue perceber que a máquina é uma criação humana, logo, incapaz de transcendência. E que o homem é uma criação divina, logo, prenhe de potencial metafísico.

 

 

 

A Sabine está a perder a paciência, nitidamente.

Se alguém tem dúvidas de que a Física está num coma profundo, é só consumir estes dois clips da Sabine Hossenfelder. Muitos dos conceitos que ela articula aqui são incompreensíveis para um leigo, mas toda a gente percebe perfeitamente a revolta dela, e as causas dessa indignação, para com o parasitismo da academia estabelecida. E, Jesus, a rapariga está mesmo revoltada.

 

 

A realidade é esta: A Física Teórica contemporânea não serve para nada e não serve ninguém, a não ser o gordo e inútil corpo de físicos teóricos, cujo onanismo está de facto a condenar a cosmologia a uma nova idade das trevas.

De tantas vezes que o Contra já tentou demonstrar que as ciências, como tudo neste mundo, atravessam uma arrasadora crise existencial e epistemológica a que as conduziu o materialismo dogmático que tem reinado nas academias vai para dois séculos, poderá pensar a gentil audiência que se trata de uma obsessão editorial, que resulta em hipérbole. Acontece que cada vez há mais cientistas que concordam com esse sublinhado. E Sabine Hossenfelder será talvez um dos exemplos mais gritantes.

 

 

Na companhia de Feynman.

Nem sempre somos gratos por aquilo que temos no século XXI. E poder aceder tão facilmente a uma palestra de Richard Feynman, proferida há uns bons 60 anos, em que o mítico professor e físico teórico conta a história da lei da gravidade, é algo que podemos de facto celebrar como um apogeu técnico e cultural.

É verdade que já não temos professores destes, nem cientistas destes. É verdade que as academias já não produzem génios assim. Mas, por outro lado e paradoxalmente, nunca como hoje foi possível conviver com os gigantes, para subir aos ombros deles.

 

 

A matemática foi descoberta ou inventada?

Esta pergunta parece espúria, mas é profunda: a matemática é uma invenção humana, uma ferramenta que criámos para entender, ou tentar entender, as leis que regem o universo ou existe imanente no cosmos e tudo o que fizemos foi descobrir os números, nas costuras do tecido da realidade?

Às paginas tantas desta conversa que Curt Jaimungal trava com Edward Frenkel, o entrevistado sugere que a primeira pergunta que faria a uma entidade inteligente extra-terrestre seria precisamente esta. O ContraCultura, discorda apenas ligeiramente e propõe 3 perguntas, por ordem de importância, que faria a esse alienígena:

– Acreditas em Deus?

– A tua matemática é igual à minha?

– O que é a consciência?

 

 

A ciência do medo (1974 – 2024).

50 anos não fazem diferença: o apocalipse climático era e é e vai ser sempre para amanhã de manhã. Nesta altura do campeonato, só é enganado quem quer ser enganado.