No Natal
As pessoas ficam
Mais bonitas
Presépio –
O menino precisa nitidamente
De um cobertor
À meia noite de 24 de Dezembro
Sou sempre
Uma criança
Pode fazer frio lá fora
Mas não há noite mais quente
Que esta
Nasceu o redentor –
Os meus erros
Pesam menos
Os reis magos
São deveras
Subvalorizados
Os cânticos ortodoxos
fazem de mim melhor
Pessoa
Verificação de factos:
Não foi a Coca-Cola que inventou
O S. Nicolau
Oiço os sinos
Da Missa do Galo e
Invejo os católicos
Sou súbdito da humanidade –
O meu rei nasceu
Num estábulo
As prendas são acessórias –
Sem bacalhau cozido e vinho tinto
não há Natal.
Um concerto no paraíso –
Os monges ortodoxos
cantam que nem anjos
Quando eu acreditava no Pai Natal
O mundo fazia
mais sentido
Barriga cheia, presentes abertos –
Papel de embrulho
Espalhado no chão
Celofane à parte –
O menino Jesus vai acabar
na cruz
_____________
A Arte do Haiku: Introdução.
Mais haikus no ContraCultura
Relacionados
28 Mar 25
Umbral
Depois de atravessares todas as portas e de perceberes que por todas elas saíste quando julgavas ter entrado, onde vais agora? Um poema de Alburneo.
21 Mar 25
Árvores Dendrites
A Árvore dendrite tolera os pássaros como as crianças toleram os cães. Um poema de Alburneo.
11 Mar 25
Haikus da baía praia
A arte do haiku: Um dia perfeito, uma conversa com Neptuno, uma omelete civilizada e uma vila simpática, nativos à parte.
19 Fev 25
Haikus que se escrevem sozinhos
A arte do haiku: A traineira incomoda o scoth do comandante, a motorizada berra sobre o silêncio e a soma dos anos produz o reumático (mas não te queixes porque Deus compensa-te com versos que se escrevem sozinhos).
11 Fev 25
Trova dos Deuses Astronautas
Vêm lá dos confins do espaço, em busca dos desertos americanos. Enlatados em discos d'aço, vão chegando os marcianos.
7 Fev 25
As mulheres
Sobre as mulheres que carregam o sol e que da serra trazem o pão ao colo do tempo. Um poema de Alburneo.