Depois de atravessares todas as portas
e de perceberes que, afinal,
por todas elas entraste
quando julgavas ter saído,
que te foste encerrando
quando te imaginavas mais livre.
Depois de atravessares todas as portas
e de perceberes que por todas elas saíste
quando julgavas ter entrado,
que te foste libertando
quando te supunhas mais cativo.
Depois de atravessares todas as portas
e de perceberes que todas elas
foram por ti inventadas,
que nunca entraste nem saíste
por porta alguma.
Que não há portas por onde entrar ou sair.
Que nunca foste livre.
Que nunca foste escravo.
Depois de atravessares todas as portas
e de olhares nos olhos
a solidão do limite,
onde vais agora?
O que há de ti?
Alburneo
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