A Árvore dendrite
encosta ao céu as mãos
enquanto come luz
e fala distraidamente com os pássaros.
Falam dentro dos meus olhos
como se tratassem de cozinhar um bolo.
A Árvore dendrite tolera os pássaros
como as crianças toleram os cães.
Não sei se os pássaros sabem disso,
ou mesmo se ignoram isso.
Eu chamo-lhes pássaros,
mas não sei se eles estão lá,
nos ramos das árvores dendrites.
É possível que sejam bocados de luz
acabados de comer.
Alburneo
___________
Mais poemas de Alburneo no ContraCultura.
Relacionados
13 Mai 25
Vénus Negra
A luz vem da janela, vem do mar, vem lá de longe e vai lá para longe, vem do coração e vai para o coração. Um poema de Alburneo.
7 Mai 25
Poema da cadeira de baloiço.
Sobre os sonhos que podes ter, as viagens que podes fazer, e as aventuras que podes cumprir, sentado no balanço do Atlântico.
22 Abr 25
Praia de Maio
A arte do haiku: A publicidade estraga a paisagem, os croquetes pedem paz, o isqueiro rende-se ao vento e o IPMA não percebe nada disto.
2 Abr 25
A constipação e suas implicações na metafísica.
O deus católico pode ir dar uma volta ao bilhar grande: estou constipado. E o universo é extremamente desinteressante quando temos o nariz tapado.
28 Mar 25
Umbral
Depois de atravessares todas as portas e de perceberes que por todas elas saíste quando julgavas ter entrado, onde vais agora? Um poema de Alburneo.
11 Mar 25
Haikus da baía praia
A arte do haiku: Um dia perfeito, uma conversa com Neptuno, uma omelete civilizada e uma vila simpática, nativos à parte.