Joe Biden encontra-se neste momento, talvez paradoxalmente, numa circunstância de poder sem rédeas.
Só nos últimos seis meses, perdeu o seu trono no topo do Partido Democrata, a sua influência na política americana, o seu sonho de encarcerar o seu principal adversário político e qualquer esperança de ter uma palavra a dizer na próxima administração. Ao mesmo tempo, o seu ineficaz partido perdeu a Casa Branca, o Senado e a Câmara, sofrendo derrotas humilhantes que estão a ser muito difíceis de digerir.
É seguro dizer que o homem não tem mais nada a perder.
De certa forma, é este conjunto de circunstâncias que lhe dá poder. Apesar de ser visto por muitos como um Presidente manipulado por poderes ocultos que o transcendem, também é verdade que Biden tem a oportunidade única de passar o próximo mês e meio a usar o seu cargo para fazer o que muito bem entender, sem qualquer possibilidade de enfrentar as consequências pessoais ou políticas e desdenhando até dos seus colegiais do Partido Democrata, que o obrigaram a abdicar da corrida a um novo mandato.
O que é que alguém poderia fazer, votar a sua destituição? É tarde demais. Processá-lo? Provavelmente já estaria enterrado antes de qualquer investigação real começar. Não há nada que possa ser feito para o contrariar, na verdade.
É claro que podia usar os seus últimos dias de capital executivo para tentar implementar políticas que impactassem positivamente a vida dos cidadãos que lhe confiaram o poder.
Mas Biden tem outras ideias. Em vez de agradecer aos seus eleitores por recompensarem continuamente a sua mediocridade com reeleição após reeleição, o presidente cessante está a colocá-los em perigo de forma proactiva, batendo uma última vez nos seus tambores de guerra.
Nos últimos dias, as decisões ensandecidas de Biden arrastaram a humanidade para o abismo da extinção nuclear em nome de um país estrangeiro que nada tem a ver com os Estados Unidos. E tudo isto foi completamente inesperado.
Ninguém induziu o Presidente a permitir que a Ucrânia lançasse mísseis americanos contra a Rússia. Nem ninguém o forçou a dar a Kiev minas terrestres antipessoais, a continuar a investir milhares de milhões de dólares dos contribuintes no massacre de uma geração de europeus de Leste e a recusar-se a facilitar negociações de boa-fé em nome de uma paz duradoura.
Biden é livre até para tomar a mais perigosa das decisões: entregar armas nucleares à Ucrânia.
No seu momento de completa libertação, as principais prioridades de Joe Biden são alimentar o caos global, levar Vladimir Putin a usar as suas armas nucleares e colocar os interesses da América – e de todo o Ocidente – em último lugar.
Isso definirá o seu legado. Mas o mais arrepiante, é que pode definir também o futuro da espécie humana.
AFONSO BELISÁRIO
Oficial fuzileiro (RD) . Polemista . Português de Sagres
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As opiniões do autor não reflectem necessariamente a posição do ContraCultura.
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