A polícia britânica deteve um judeu por chamar “kapo” a um rabi nas redes sociais, num último exemplo da guerra aberta à liberdade de expressão no Reino Unido.

 

Rupert Nathan, um homem de 63 anos que vive em Inglaterra, foi preso pela polícia e mantido sob custódia durante 12 horas por causa dos comentários que fez no Facebook, dirigidos ao Rabi Gabriel Kanter-Webber.

Nathan chamou o rabino de “falso” e utilizou o termo “kapo”, que se refere aos judeus que ajudaram os nazis durante o Holocausto e é visto como sinónimo de traidor ou colaborador entre a comunidade judaica. O Serviço de Procuradoria da Coroa (CPS) ainda não acusou formalmente Nathan pelos seus comentários, embora o cidadão visado possa ser potencialmente acusado de “comunicações maliciosas”.

“Admito que chamar alguém de ‘kapo’ não é uma coisa simpática de se fazer, mas não é crime”, disse Nathan aos meios de comunicação britânicos.

Destacou ainda outro caso recente envolvendo a jornalista Allison Pearson, que foi visitada pela polícia no início deste mês, após um tweet alegadamente ofensivo feito no ano passado.

Pearson, que escreve para o Telegraph, disse que a polícia de Essex foi a sua casa por causa de um “incidente de ódio” e destacou-o como um exemplo de policiamento de dois níveis no Reino Unido.

“Estamos a viver uma epidemia de esfaqueamentos, roubos e crimes violentos… que não é sendo adequadamente investigados pela polícia, mas de alguma forma encontraram hora de vir a minha casa e intimidar-me”, disse ela.

Após a onda de tumultos desencadeada pelo assassinato de três raparigas em Southport por um adolescente com origem imigrante que possuía manuais de terrorismo da Al-Qaeda, centenas de britânicos foram presos por crimes de discurso. Entre eles estava uma mulher que publicou “desinformação” sobre a identidade do alegado assassino.

Recentemente, um tribunal britânico proferiu a primeira condenação de um ‘crime do pensamento’ na história britânica moderna, ao condenar Adam Smith-Connor, um veterano das forças armadas inglesas que serviu no Afeganistão, a uma pena suspensa de dois anos por rezar silenciosamente, durante 3 minutos, nas imediações de uma clínica de aborto.

Entretanto, um cidadão que foi condenado a uma pena efectiva de dois anos e oito meses de prisão por ter participado numa manifestação contra a imigração em Rotherham foi encontrado morto na Prisão de Moorland.

A semana passada o Daily Mail noticiou uma tresloucada série de ‘incidentes de ódio’ investigados pela polícia britânica, entre os quais o de uma criança que disse a um colega de turma que cheirava a peixe e o de uma mulher que comparou outra mulher a um rottweiller.