Um dos principais defensores da interdição da Alternativa para a Alemanha (AfD), o político da CDU Marco Wanderwitz, está a insistir num processo rápido que exclua o partido político populista das eleições legislativas, que foram antecipadas depois da coligação governamental ter colapsado.

Wanderwitz afirmou à Redaktionsnetzwerk Deutschland:

“O nosso objectivo continua a ser apresentar a proposta e votá-la durante este período legislativo e, assim, dar início ao processo no Tribunal Constitucional Federal,”

Tal como o ContraCultura noticiou em Junho deste ano, o deputado Wanderwitz, que foi derrotado por um político da AfD nas eleições autárquicas, mas que conseguiu reentrar no Bundestag por estar integrado na lista da CDU, tem vindo a insistir na proibição há cerca de um ano. Para apresentar uma moção de proibição do AfD, precisa de 37 deputados, ou seja, apenas 5% dos deputados do Bundestag.

Wanderwitz está a tentar tirar partido da detenção de três indivíduos do grupo Separatistas da Saxónia que tinham ligações ao AfD, afirmando que o grupo tem ligações ao terrorismo de direita. O AfD indicou que não tem ligações com os Separatistas da Saxónia e rejeita o grupo.

Talvez seja pertinente registar que este grupo ‘terrorista’ é constituído maioritariamente por adolescentes. E é de notar que muitos elementos da esquerda têm ligações abertas a grupos extremistas de esquerda. Até a actual ministra do Interior do país, Nancy Faeser, escreveu para a revista Antifa, que é financiada por um grupo de esquerda radical designado pelo governo como extremista.

Os políticos alemães estão divididos sobre o assunto. O líder da CDU, Friedrich Merz, parece que já não se opõe a uma proibição, enquanto afirma que quer “esperar para ver”. O FDP, que já foi contra, está agora a aproximar-se da proibição. Ambos os partidos poderão ganhar eleitores ao rival AfD, caso a interdição avance.

Os Verdes, por seu lado, querem um processo gradual para a proibição, incluindo a consulta de peritos jurídicos.

O próprio Wanderwitz tem uma janela curta para uma proibição, pelo menos enquanto ele estiver a liderar o processo. Está prestes a reformar-se da política, o que significa que, quando o próximo governo for eleito, já não fará parte dele.

Mas aconteça o que acontecer, a proibição do AfD pode demorar anos. Qualquer processo de interdição final teria de ser aprovada pelo Tribunal Constitucional Federal e o ónus de tal proibição é supostamente muito elevado. O partido AfD obtém regularmente entre 16 e 20% dos votos nacionais e é o segundo partido mais popular do país. Os tribunais dificilmente proibiriam um partido tão popular, o que prepara o terreno para uma potencial crise nacional se a moção for aprovada.

Isto num mundo normal. Acontece que a Alemanha contemporânea é uma nação anormal, pelo que tudo pode acontecer.

Outro factor de risco numa potencial proibição do AfD é a reacção de Donald Trump e Elon Musk. Musk tem-se manifestado favorável ao partido populista na sua plataforma X. Qualquer medida de recuo democrático na Alemanha, incluindo a proibição de um grande partido da oposição, pode resultar em sanções americanas e no aumento das tensões entre os Estados Unidos e a Alemanha.

Ainda na semana passada, Musk chamou “idiota” ao chanceler Olaf Scholz, no mais recente sinal de que as tensões estão a aquecer entre o novo bloco de poder americano e a elite liberal de esquerda da UE.