Nos últimos dois ou três meses, Tucker Carlson tem feito o favor de convidar uma boa parte dos heróis do Contra para a sua plataforma, figuras dissidentes como Doug Wilson, Aleksandr Dugin, Thomas Massie, Jeffrey Sachs, Willie Soon e Viktor Orbán, entre outros.

Na verdade, ao elenco dos interlocutores do jornalista norte-americano só faltavam três ou quatro personagens, entre a família de líderes de opinião que mais influenciam o conteúdo editorial do ContraCultura: Alexander Mercouris, Paul Joseph Watson, Glenn Greenwald e Neil Oliver. Bom, agora ficam só a faltar os dois primeiros, porque na semana passada Tucker publicou um podcast com Greenwald e outro com Oliver.

Uma conversa entre Tucker Carlson e Glenn Greenwald, dois dos escassos jornalistas independentes que sobreviveram à morte da imprensa que testemunhámos nas últimas duas décadas, tem forçosamente que ser partilhada aqui. Até porque é, claro, entretida e substantiva.

 

 

E o diálogo com o escocês irredutível, que é o mais credível e erudito e sensato e irreverente teórico da conspiração da história universal, também.

 

 

Porque o consumo destas largas horas de livre arbítrio se recomenda vivamente, não vale a pena dissertar sobre elas. Os protagonistas falam por si. Mas há, não obstante, que destacar isto: Não deixa de ser irónico – mas deveras gratificante – que num contexto histórico em que a censura, o controlo da informação, a desinformação e a propaganda triunfam alarvemente, testemunhamos em simultâneo um apogeu do longo formato dissidente, em que na verdade os interlocutores falam com a independência, a descontração e a liberdade que até aqui acontecia muito raramente ou quase nunca.

E reforçando este argumento, uma conclusão factual: Tucker Carlson, como Glenn Greenwald, como Neil Oliver, trabalharam durante largos períodos das suas vidas para grandes conglomerados da imprensa corporativa. Tucker trabalhou na CNN, na MSNBC e na Fox News. Greenwald trabalhou para o Guardian. Neil Oliver trabalhou para a BBC. Nunca foram tão populares, nunca foram tão respeitados, nunca foram tão felizes na sua profissão, nunca tiveram uma audiência tão vasta, como agora, que são completamente independentes e alimentam as suas próprias plataformas e fazem o que querem e dizem o que lhes dá na gana.

E este fenómeno mediático não é despiciendo. Pelo contrário é até, muito provavelmente, a melhor notícia que podemos ter, nestes tempos em que as boas notícias escasseiam.