A Central Nuclear de Zaporizhzhia, uma das 10 maiores centrais nucleares do mundo, localizada no sudeste da Ucrânia ocupado pelos russos, foi danificada no domingo por um ataque de drones ucraniano. Isto embora os poderes instituídos no Ocidente estejam a tentar fazer passar a ideia de que os veículos aéreos são de origem desconhecida, num exercício de notável prestidigitação e malabarismo semântico que só é possível aos grandes ilusionistas da história das artes ocultas.
Várias esquadrilhas de drones fizeram três ataques directos contra o sistema de contenção do reactor principal da instalação. Uma pessoa morreu em resultado do ataque. Mas segundo o director-geral da Agência Internacional da Energia Atómica, Rafael Grossi, os danos “não comprometeram a segurança nuclear”.
Procurando evitar a todo o custo a referência aos perpetradores do ataque, Grossi declarou ainda:
“Trata-se de uma clara violação dos princípios básicos de protecção da maior central nuclear da Europa. Estes ataques imprudentes aumentam significativamente o risco de um acidente nuclear grave e devem cessar imediatamente”.
A Agência Internacional de Energia Atómica, que inclusivamente tem funcionários nas instalações desta central nuclear, uma das dez maiores do mundo, relata o incidente sem nomear o agressor. Os drones não têm origem. São uma espécie de ovnis. pic.twitter.com/UHb7wJUV4V
— ContraCultura (@Conta_do_Contra) April 9, 2024
Escusado será dizer que esta iniciativa do regime de Zelensky se enquadra numa tentativa de chantagem com o Ocidente: ou os americanos desbloqueiam os sessenta biliões de dólares de que os ucranianos precisam, ou provocam um desastre ambiental de proporções continentais.
A leitura não pode ser outra, para qualquer pessoa minimamente informada sobre a guerra, que está a correr mesmo muito mal para o regime ucraniano, tanto como para a NATO.
Ainda assim, e à semelhança do que fez Rafael Grossi, os media no Ocidente estão a procurar confundir a opinião pública e, com propaganda de qualidade que oscila entre a subreptícia e a grosseira, redigem manchetes que relacionam ataques de drones russos ao que está a suceder em Zaporizhzhia.
Exemplos deste exercício grotesco, que envergonhariam qualquer jornalista estagiário nos anos 90 do século XX, preenchem a quase totalidade de uma pesquisa no Google sobre a situação actual na central nuclear. Reparem no spin obsceno que o The Guardian dá à coisa.
E a BBC, não fica atrás, claro, tentando omitir de todas as maneiras a autoria do ataque:
Por seu lado, Mathew Miller, o desavergonhado porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, quando perguntado sobre o ataque à central nuclear, falou dos drones como se fossem entidades autónomas, sem qualquer ligação com as forças militares ucranianas, obviamente, e culpou a Rússia pela iminência da catástrofe ambiental.
“Yes, we are aware that a mystery country is attасking the Russian nuclear power plant, so we condemn Russia” pic.twitter.com/f9cZyGyTYr
— What the media hides. (@narrative_hole) April 8, 2024
Os russos são sempre os culpados. Foram acusados de destruir a sua própria ponte da Crimeia, de fazer explodir os seus próprios gasodutos Nord Stream, de bombardear o seu próprio porto em Sevastopol, e até, mais recentemente, de estarem por trás do atentado terrorista em Moscovo. Na verdade, o Kremlin será culpado de todas as desgraças da história universal. E se Zelensky rebentar com a central de Zaporizhzhia e causar um Inverno nuclear na Europa, a culpa é de Putin.
Alex Christoforou desespera com a dimensão da vilania.
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