Donald Trump não terá oportunidade de cumprir a sua promessa de resolver o conflito ucraniano, porque, de acordo com Emmannuel Macron, que parece estar muito bem informado, o candidato republicano às presidenciais de Novembro, que lidera todas as sondagens, não chegará à Casa Branca.

Numa entrevista concedida aos canais de televisão France 2 e TF1, na quinta-feira, Macron considerou Moscovo “um adversário”, mas não um “inimigo”, embora tenha recusado mais uma vez excluir a possibilidade de uma intervenção da NATO na Ucrânia e reiterado que Paris tomará “as decisões necessárias para impedir a vitória da Rússia”, sublinhando que não vê oportunidades para uma resolução pacífica, neste momento.

“Estou absolutamente pronto para discutir a qualquer momento, mas precisamos de alguém sincero e orientado para a paz para o fazer.”

Pelos visto, Macron acha que os ucranianos devem continuar a morrer até que Putin saia do Kremlin.

Mas a declaração mais bombástica do Presidente francês surgiu quando os entrevistadores lhe perguntaram se Donald Trump poderia ser a pessoa indicada para mediar essas conversações, tendo em conta a relutância de Macron em estabelecer comunicações directas com o Presidente russo, Vladimir Putin. O líder francês respondeu assim:

“Tanto quanto fui informado, não creio que Donald Trump venha a ser Presidente dos Estados Unidos”.

Como é que ele sabe? E por quem é que foi informado? As eleições presidenciais nos EUA já estão decididas? Quem é que decidiu? Considerando que Trump até lidera as sondagens, estas perguntas deviam ter sido imediatamente colocadas ao entrevistado, se qualquer coisa parecida com jornalismo existisse ainda na imprensa corporativa, mas é claro que ninguém quis saber e nem se tem falado muito nesta afirmação inacreditável, bem reveladora de que no Ocidente já ninguém vive em democracia. Nem a imprensa independente e conservadora norte-americana destacou, pelo menos até agora, a estranha revelação do menino bonito do WEF.

Macron acrescentou que não havia “nada de pessoal” por trás da sua decisão de não dialogar com Putin, até porque:

“Eu sou, sem dúvida, o chefe de Estado que mais costumava falar com ele”.

Em Janeiro, Macron disse que iria negociar com quem quer que ganhasse as eleições nos EUA, afirmando que

“sempre tive a mesma filosofia, aceito os líderes que as pessoas me dão”.

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o ex-Presidente Donald Trump defrontam-se nas urnas no próximo Outono. Se for eleito, Trump prometeu acabar com o conflito ucraniano “em 24 horas”, exercendo pressão sobre as partes interessadas. Entretanto, Vladimir Putin venceu as eleições russas, no passado fim de semana, somando mais de 87% dos votos. O acto eleitoral bateu o recorde russo de afluência às urnas, com apenas 26% de abstencionistas.

Os dois alexandres do The Duran falam sobre a entrevista, em que Macron, apesar de tudo, parece ter reduzido a intensidade do discurso belicista e esquizofrénico a que tem feito recurso nos últimos tempos, comentando também a estranha afirmação do Presidente francês sobre as eleições deste ano nos EUA.