O banco alemão Berliner Volksbank encerrou a conta de donativos do partido de oposição antiglobalista, Alternative für Deutschland (AfD), na sequência de uma petição apresentada por um grupo que se intitula ‘Avós contra a Direita’ (Omas gegen Rechts).

 

O grupo lançou a sua petição em Maio, afirmando que o banco, que diz ser a favor da tolerância e contra o extremismo de direita, não deveria ser autorizado a abrir uma conta para o AfD. Na quarta-feira, 3 de Julho, a organização entregou 33.500 assinaturas à instituição bancária para exigir o encerramento da conta.

 

 

Depois de se terem reunido com o presidente do conselho de administração, Carsten Jung, as ‘Avós Contra a Direita’ anunciaram que a sua acção foi bem sucedida. Embora o Berliner Volksbank não tenha confirmado o encerramento da conta do AfD, invocando o sigilo bancário, os donativos já não podem ser transferidos, facto que é claramente visível no sítio web do partido. A única opção de donativo que resta aos seus apoiantes é enviar dinheiro através do PayPal. Por enquanto, porque o PayPal é conhecido por interferir também na liberdade de expressão dos subscritores do seu serviço.

Gregor Hackmack, membro da direcção da plataforma de petições online innn.it, através da qual foram recolhidas as assinaturas, justificou a iniciativa dizendo que o AfD está “fora da ordem constitucional”.

Trata-se de recordar ao banco os seus “valores”, disse Hackmack, acrescentando que a iniciativa do Berliner Volksbank pode agora “ser um exemplo para outros bancos” como o Berliner Sparkasse, que gere a conta da associação estatal berlinense da AfD.

O partido ainda não se pronunciou publicamente sobre o encerramento da conta. O AfD, que é actualmente o segundo partido na Alemanha e um dos mais populares entre os jovens eleitores, está a ser activamente perseguido pelas elites instituídas e pelos media devido à sua posição anti-imigração e está neste momento a decorrer um processo político para que o partido seja interdito por alegadamente pôr em perigo a ordem democrática, enquanto é abertamente espiado pelos serviços secretos.

Esta iniciativa de inspiração totalitária não é de todo a primeira do seu género. Tino Chrupalla, o co-líder do partido, declarou no ano passado que o Postbank, uma divisão de banca de retalho da instituição financeira Deutsche Bank, tinha encerrado a sua conta por ser membro do AfD.

O regime Scholz anunciou em Fevereiro deste ano uma iniciativa legislativa que vai permitir ao governo congelar contas bancárias de dissidentes que sejam vistos como uma ameaça, abrindo a caixa de Pandora para a perseguição política na Alemanha.

O AfD foi também privado de financiamento federal, a que os outros partidos representados no Bundestag continuaram a ter direito, depois de uma lei que exige 3 mandatos consecutivos para a concessão de subvenções ter sido aprovada pelo regime Scholz.

A guerra financeira à opinião dissidente tornou-se um fenómeno em todo o mundo ocidental, tendo sido denunciada pela primeira vez na Europa pelo político britânico Nigel Farage, cuja conta no banco privado britânico Coutts foi encerrada devido às suas opiniões políticas.

O pai desta tendência foi, claro, Justin Trudeau, que em 2020 congelou, ilegalmente, as contas bancárias dos manifestantes do Freedom Convoy e perseguiu judicialmente os cidadãos que contribuíram financeiramente, através de crowdfunding, para o movimento.

A participação activa das corporações privadas no fascismo de estado, própria do regime corporativo que se instalou no Ocidente, também não é novidade na Alemanha: Em Maio deste ano, uma aliança formada pelas maiores empresas alemãs fez campanha contra o populismo, a propósito das eleições europeias de Junho.