Muito surpreendentemente, o New York Times admitiu no domingo que a Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA) tem tido um papel muito significativo na história recente da Ucrânia, manipulando a sua vida política há mais de uma década e precipitando a guerra com a Rússia.

Para além de treinar as forças ucranianas e de fornecer aos militares ucranianos informações críticas, a agência também construiu uma rede de 12 bases de espionagem clandestinas ao longo da fronteira russo-ucraniana.

O relatório revela ainda que os EUA têm financiado centros tecnológicos de espionagem de comando e controlo e treinado oficiais dos serviços secretos ucranianos e comandos de elite. Antes da invasão russa, oficiais da CIA permaneceram no país para ajudar a Ucrânia no seu esforço de guerra, mesmo depois de o regime Biden ter ordenado a evacuação do pessoal dos EUA.

“Sem eles, não teríamos como resistir aos russos ou vencê-los”, disse Ivan Bakanov, que na altura era chefe da agência de informação interna da Ucrânia, a SBU.

O relatório do New York Times indica que a CIA foi fundamental na modernização dos serviços secretos da Ucrânia, transformando o antigo Estado soviético num dos principais parceiros de inteligêncoa de Washington contra a Rússia.

A fonte por detrás destas revelações, o general Serhii Dvoretskiy, perguntado se a CIA estava por detrás das operações militares clandestinas da Ucrânia declarou peremptoriamente:

“Cento e dez por cento.”

As revelações validam as afirmações do Presidente russo Vladimir Putin sobre o envolvimento dos EUA na Ucrânia. Talvez a revelação mais condenatória seja o facto desta relação activa entre a CIA e a Ucrânia remontar a a 2014, o mesmo ano em que a “Revolução Maidan” – que muitos observadores acreditam ter sido um golpe de Estado orquestrado pela CIA – derrubou o governo legítimo e democraticamente eleito da Ucrânia e preparou o terreno para o actual conflito da nação com a Rússia.

A reportagem do New York Times confirma as alegações do perito norte-americano Jack Murphy, um veterano das Operações Especiais do Exército, que afirmou que a CIA, em parceria com um serviço de espionagem de um aliado da NATO na Europa, estava a conduzir operações secretas de sabotagem na Rússia.

E a declaração do general Dvoretskiy não deixa dúvidas que os americanos estão por trás dos ataques ao Kremlin em Setembro de 2023, à barragem de Kakhovka, em Junho desse ano e ao gasoduto Nord Stream em Setembro de 2022, entre outros actos de guerra dirigidos pelos EUA contra a Rússia.

Para além destas bases dos serviços secretos americanos, e como o Contracultura documentou em Setembro de 2022, os Estados Unidos financiam 22 laboratórios de investigação em armas biológicas na Ucrânia.