Joachim Nagel, Presidente do Banco Central alemão

 

 

O Banco central alemão registou o primeiro prejuízo em mais de quatro décadas, com a subida das taxas de juro.

De acordo com a Reuters, o Bundesbank está a ser atingido por uma série de aumentos das taxas do Banco Central Europeu, que reduziu o valor das suas obrigações e também gerou uma perda em empréstimos ultra-baratos a bancos comerciais.

Embora o prejuízo de 172 milhões de euros tenha sido coberto por provisões acumuladas ao longo dos anos, é provável que se registem mais perdas, uma vez que as taxas de juro continuam a subir, reduzindo o valor das obrigações acumuladas durante os anos em que a inflação era muito baixa.

Simultaneamente, O Telegraph projecta mesmo uma assustadora dívida que pode ir até os 650 mil milhões de euros.

 

 

Estes são os primeiros resultados negativos do Bundesbank desde 1979. O Presidente do Banco Central alemão, Joachim Nagel, reconheceu que:

“Os resultados actuais e dos próximos anos são, em última análise, um produto da política monetária extraordinariamente expansiva dos últimos anos. É agora necessária uma política monetária restritiva para restaurar a estabilidade de preços em tempo útil.”

Para o Bundesbank, a erosão dos seus amortecedores de risco é sobretudo uma questão contabilística, porque o banco pode simplesmente adiar as perdas, tal como fez na década de 1970, e voltar a aumentá-las quando voltar a ter lucros.

As perdas também não prejudicam a capacidade do banco para efetuar operações de política monetária – desde que os investidores não percam a confiança no seu estatuto e no do BCE como combatentes credíveis da inflação.

Mas significará uma perda de receitas para o orçamento federal alemão, uma vez que o Bundesbank pagou quase 25 mil milhões de euros em dividendos entre 2010 e 2019, antes de começar a constituir provisões.

Por uma vez não só só os cidadãos e as pequenas empresas a sofrer com as altas taxas de juro e com a inflacção, num contexto recessivo, ainda por cima. O problema, como ficou claro na crise de 2007, é que quando os grandes conglomerados financeiros e os bancos centrais registam perdas deste volume, quem as acaba por pagar vão ser os mesmos de sempre: os contribuintes.

 

A Alemanha em queda livre.

Esta notícia surge num momento em que a economia alemã mostra sinais deveras preocupantes. Outrora o motor do crescimento da Europa, a máquina germânica entrou em recessão no início de 2023, com os dados do PIB a mostrarem sinais muito negativos. E enquanto o ministro das finanças, Christian Lindner, já anunciou que a Alemanha não vai contribuir adicionalmente para o deficitário orçamento da UE, o Deutsche Bank está a projectar iminentes crises de dívida e consequentes ondas de incumprimento de crédito para as empresas do Ocidente, com taxas de incumprimento recordistas, que podem atingir 11,5% nos EUA e 7,3% na Europa.

Ainda assim, a Comissão Europeia está a preparar um pacote de ajuda financeira à Ucrânia de 72 mil milhões de euros.

Começa a ser mesmo difícil acreditar que as elites ocidentais estão a destruir o tecido económico, o nível de vida dos cidadãos e a tesouraria das pequenas e médias empresas por simples incompetência. Todos os problemas económicos do Ocidente foram criados pelas políticas monetárias suicidárias dos bancos centrais, pelas políticas anti-pandémicas governamentais, pelas estratégias energéticas da agenda net zero e pelo insano empenhamento da Europa e dos Estados Unidos na guerra da Ucrânia. Todos estes vectores da catástrofe em concomitante movimento não podem ser produto de incúria, aleatoriedade ou coincidência.

Tudo isto é realizado coordenadamente, com a intenção de empobrecer e reduzir à servidão os sectores das sociedades ocidentais que historicamente se mostram mais independentes do autoritarismo do estado e que assim dificultam o progresso do globalismo corporativo: as classes médias e as pequenas e médias empresas.