Talvez não resistindo à tentação da hipérbole, Tucker Carlson disse na sexta-feira passada que o colapso do Silicon Valley Bank foi semelhante à corrida aos bancos de 1929 e à derrocada da cripto moeda decorrente da implosão da FTX.

“Estamos a começar a perceber melhor e mais precisamente o que quer dizer Joe Biden quando se gaba da recuperação económica mais forte e equitativa da história. O que isto significa é que está na altura de comprar ouro e reservas alimentares. Alguns dos maiores bancos deste país, Wells Fargo, Bank of America, J.P. Morgan, Morgan Stanley perderam colectivamente mais de 50 mil milhões de dólares em valor de mercado num dia. É um sucesso e tanto. Mas, esses bancos ainda existem. Não se pode dizer isso do Silicon Valley Bank. A partir desta manhã o SVB foi completamente ao fundo. É o segundo maior fiasco bancário da história deste país”.

 

 

Os reguladores federais encerraram o Silicon Valley Bank na sexta-feira, após o colapso do preço das suas acções e os clientes terem iniciado uma corrida bancária na sequência da divulgação pela instituição financeira de uma perda de 1,8 mil milhões de dólares em vendas de activos devido às elevadas taxas de juro. Carlson sublinhou os esforços vãos dos depositantes para recuperarem o seu dinheiro e a recente alienação de acções do banco por parte dos seus altos quadros:

“O que temos aqui é uma corrida bancária ao estilo de 1929 e isso não é um bom sinal para ninguém. A questão é se as pessoas que gerem o SVB previram a derrocada. O CEO, um homem chamado Greg Becker, aparentemente vendeu mais de 2 milhões de dólares em acções do banco nas últimas duas semanas. De acordo com o site Unusual Whales, vários outros funcionários de alto nível do banco, incluindo o director de marketing Michelle Draper, o COO Phil Cox e o conselheiro geral Michael Zucker, venderam todos, este ano, quantidades significativas de acções do SVB. Será que esses funcionários sabiam que o seu banco estava em apuros? Não sabemos. Mais uma vez, onde estavam os reguladores? Era suposto que eles impedissem isto. Mais uma vez, não sabemos. E a imprensa de negócios? Era suposto que informassem as pessoas sobre o que está a acontecer com… os negócios. Aparentemente, ninguém reparou em nada”.

Carlson comparou o colapso do Silicon Valley Bank com a queda da FTX, que abriu falência a 11 de Novembro do ano passado, dizendo que as falhas dos reguladores e da imprensa eram semelhantes em ambos os casos.

“Isto pode ser muito, muito, muito grave. Esperamos que não seja. Esperamos que termine hoje como uma história isolada”.

Mas considerando os recentes alertas da Fitch Ratings e do economista Nouriel Roubini, com previsões deveras preocupantes para 2023, os receios de problemas sérios na banca não podem ser afastados com ligeireza.

Uma coisa é certa: em caso de falências generalizadas no sector bancário e financeiro, todos sabemos quem as vai pagar: depositantes e contribuinte da classe média, como sempre.