Líderes do Senado Imperial: Chuck Schummer (D) e Mitch McConnell (R)

 

Depois de Tucker Carlson ter revelado extensos segmentos dos ficheiros de vídeo de circuito fechado do Congresso referentes aos acontecimentos de 6 de Janeiro de 2021, que foram, 26 meses depois dos acontecimentos, finalmente tornados públicos pela Câmara do Representantes e que contam uma história muito diferente daqueia que foi criteriosamente injectada nas mentes dos americanos em particular e dos públicos globais em geral, a reacção dos poderes instituídos não se fez esperar.

O que vemos nas imagens seleccionadas pelo anfitrião do horário nobre da Fox News são pessoas desarmadas, de uma maneira geral manifestando uma atitude pacífica e respeitadora, passeando com ar de turistas pelo interior do Congresso e sem serem incomodadas pelas forças de segurança, que estão presentes mas não reagem. Tiram fotos, apreciam obras de arte e peças de mobiliário, caminham por corredores e salas. Não há caos, o vandalismo é episódico, anedótico ou insubstantivo e tudo parece decorrer de forma até tranquila. A polícia escolta os manifestantes, abrindo portas que não estão trancadas, e tentado até abrir as que estavam trancadas, num convite à visita guiada, isto apesar dos intrusos terem depois sido submetidos a penas de prisão que chegaram aos 4 anos de duração.

Os ficheiros vídeo revelam ainda que o agente da polícia do capitólio Brian Sicknick, que a imprensa mainstream e os comissários do Partido Democrata tinham falsamente declarado como vítima mortal dos acontecimentos no Capitólio, estava vivo da silva e muito tranquilo nos seus afazeres enquanto o motim decorria. Apesar de todos sabermos, ou devermos saber, que só morreu uma pessoa nos incidentes de 6 de Janeiro – a manifestante Ashli Babbitt, assassinada por um outro agente policial -, apesar de todos sabermos, ou devermos saber, que Brian Sicknic morreu um dia depois de causas naturais (acidente cardio-vascular), ainda esta terça-feira a porta voz da Casa Branca insistia na mentira flagrante, como se a ala oeste da residência presidencial vivesse num universo paralelo, para sempre tangente à verdade dos factos.

As imagens mostram ainda que os manifestantes foram conduzidos, excitados e manipulados por elementos infiltrados do FBI como Ray Epps, sabe-se lá com que golpistas intenções e em nome de que obscuros interesses.

Este footage é agora público e cada um pode tirar as conclusões que quiser. E isso devia ser positivo, não é? Se os acontecimentos de 6 de Janeiro foram assim tão graves como as elites dirigentes de Washington gritaram aos quatro ventos durante os últimos dois anos, nada como exibi-los perante o tribunal da opinião pública. A verdade não precisa de árbitros e muito menos de falsários como aqueles que infestam as redacções dos jornais e os gabinetes do Congresso americano. A luz do dia é o melhor desinfectante, como muito bem afirma Tucker.

 

 

A verdade, esse bem raro no mercado mediático contemporâneo, é que em países livres os governos não devem mentir sobre a dimensão e a gravidade e as intenções de protestos políticos de forma a conseguirem mais poderes do que aqueles que lhes são dados pelos fundamentos constitucionais e pelo estado de direito. Os políticos respeitáveis de um sistema democrático minimamente funcional não devem colaborar com a imprensa para editar selectivamente e emitir, com o despudorado furor dos seus fins propagandísticos, imagens que distorcem a realidade dos acontecimentos políticos e sociais. Nem devem mentir sobre esses acontecimentos em inquéritos fantoche e tribunais sumários. Mas foi isso mesmo que aconteceu.

E em vez de se perguntarem porque é que assim aconteceu e como é que aconteceu assim, os líderes dos dois partidos representados no senado vieram, no habitual e arrepiante uníssono a que as elites estão a submeter o discurso político nos tempos que correm, afirmar que a divulgação das imagens por Tucker Carlson é um atentado à democracia, aproveitando para apelar ao cancelamento do seu programa que, já agora, é só o talk show mais visto na história da televisão por cabo.

Entregar ao público imagens que revelam o que se passou de facto no interior do Capitólio a 6 de Janeiro é mau para a democracia. Porque as pessoas são cegas ou estúpidas ou débeis mentais e não sabem interpretar imagens de um circuito fechado de vídeo. Porque o conceito de democracia dos líderes políticos em Washington é cada vez mais parecido com aquele que os ditadores acarinham: para proteger as massas, há que lhes retirar o acesso à realidade.

Chuck Schummer, o insuportável líder da maioria democrata no Senado, não contestou sequer a assertividade e autenticidade e fiabilidade das imagens que Tucker emitiu na segunda-feira passada. A única coisa que fez foi insistir que a sua narrativa não pode ser negada e como as imagens a contrariam, há que exigir à família Murdoch, proprietária da Fox News, o imediato silenciar de Tucker. Em nome da democracia. Convenhamos, não é todos os dias que um líder político apela abertamente à erradicação da Primeira Emenda na assembleia senatorial, como se isso fosse normal e não entrasse em conflito directo com o espírito e a letra da Constituição americana.

No discurso patético de Schummer, a histeria, o ódio e o medo são óbvios e característicos dos mentirosos que são apanhados a mentir. As imagens desmentem toda a fábula propagada pelos poderes instituídos em Washington nos últimos 24 meses e esse dedo-parafuso que escarafuncha na ferida pútrida do grande pântano americano causa dores excruciantes.

O problema é que Schummer não protestou sozinho. A sua indignação de aldrabão profissional foi acompanhada por Mitch McConnell, a eterna ratazana que lidera a minoria republicana no senado, e por e outros comissários RINO (Republicans Only in Name). E este será, talvez, o mais preocupante dos factos.

O uníssono das lideranças partidárias, aberrante em qualquer sistema democrático, é deveras assustador porque conduz à questão tantas vezes colocada aqui no ContraCultura: o deficit de representação a que assistimos nas sociedades ocidentais. Republicanos e democratas, com as poucas excepções de representantes populistas presentes no Congresso, defendem os mesmos interesses corporativos, alinham nos mesmos princípios globalistas, lutam para manter os mesmos privilégios e cospem os mesmos slogans do ambientalismo apocalíptico, enquanto recusam em sintonia servir os interesses dos seus eleitores.

Estão todos de acordo na mentira, no embuste e na propaganda. Estão unidos contra as massas, que castigam e temem. Nos Estados Unidos da América, com em vastas regiões do mundo, o partidarismo é uma ilusão.