O governo ucraniano confirmou na terça-feira a demissão de vários altos funcionários no meio de alegações de corrupção em larga escala, naquele que é o maior escândalo do regime Zelensky desde o início da invasão russa.

Cerca de uma dúzia de burocratas de topo deixaram os seus cargos após uma enorme agitação política por causa de relatórios sobre subornos, à má gestão do financiamento externo para a compra de alimentos, desvio de fundos e aquisição de casas e automóveis de luxo, enquanto o povo sofre com a guerra.

Um alto conselheiro presidencial e quatro vice-ministros – entre os quais dois funcionários da defesa -, juntamente com cinco governadores regionais, foram forçados a abandonar os seus postos. Entre os governadores regionais que se demitiram encontram-se dirigentes que supervisionavam regiões em que se travaram combates intensos, incluindo Zaporizhzhia e Kherson, onde as forças russas têm ultimamente reportados ganhos significativos.

Em referência ao anúncio feito por um alto funcionário do governo, Oleg Nemchinov, relatórios internacionais detalharam a seguinte lista de demissões:

. Procurador-Geral Adjunto Oleskiy Symonenko
. Vice-Ministro para o Desenvolvimento das Comunidades e Territórios Ivan Lukeryu
. Vice-Ministro para o Desenvolvimento das Comunidades e Territórios Vyacheslav Negoda
. Vice-Ministro para a Política Social Vitaliy Muzychenk
. Governadores regionais de Dnipropetrovsk, Zaporizhzhia, Kyiv, Sumy e Kherson

O Ministério da Defesa tinha anunciado anteriormente a demissão do vice-ministro Vyacheslav Shapovalov, que estava encarregado do apoio logístico do exército, e que assinou contratos de compra de produtos alimentares a preços inflacionados.

Neste caso, Shapovalov é acusado de assinar um acordo com uma empresa fantasma. No seu papel de vice-ministro da defesa, a sua demissão é a mais notória, até porque teve um papel importante na supervisão dos milhares de milhões de dólares provenientes dos bolsos dos contribuintes americanos e europeus.

 

 

Shapovalov comprou rações militares a preços inflacionados no que parece ser um esquema para encher os bolsos dos contratantes, e consequentemente os dele. Enquanto o Ministério da Defesa ainda está a tentar minimizar o caso como um “erro técnico”, uma reportagem do website de notícias ucraniano ZN.UA revelou na semana passada que o Ministério da Defesa comprou alimentos a preços exagerados para as suas tropas. Por exemplo, o ministério comprou ovos a mais do dobro do preço do mercado. Segundo a ZN.UA, um contrato para aquisição de alimentos para soldados em 2023 ascendeu a 328 milhões de euros, quando podia ter custado menos de metade.

Na carta de demissão de Shapovalov o abandono do cargo é assim justificado:

“Para não constituir uma ameaça ao fornecimento estável das Forças Armadas da Ucrânia como resultado de uma campanha de acusações relacionadas com a compra de serviços alimentares”.

O chefe adjunto do Gabinete de Zelensky, Kyrylo Tymoshenko, é também acusado de alimentar um estilo de vida obsceno, considerando os tempos de guerra que se vivem na Ucrânia. Apesar de não ter conseguido evitar o assunto, a imprensa mainstream, como é costume, está a tentar encobrir os detalhes e a gravidade dos vários esquemas de corrupção. Por exemplo, a BBC reportou simplesmente que

“Tymoshenko foi implicado em vários escândalos durante o seu mandato, incluindo em Outubro do ano passado quando foi acusado de utilizar um carro doado à Ucrânia para fins humanitários”.

Mas a partir do início de Dezembro a imprensa ucraniana, indignada com o estilo de vida luxuoso dos líderes ucranianos num momento em que dezenas de milhões estão sem rede eléctrica e vulneráveis aos bombardeamentos russos, começaram a confirmar que Tymoshenko conduzia carros desportivos de alta gama e vivia entre mansões que normalmente custam 10.000 a 25.000 dólares por mês.

Estas são as fotos publicadas pelo The New Voice of Ukraine, republicadas no Yahoo News, no início de Dezembro do ano passado, mostrando Tymoshenko ao volante de um novo Porsche Taycan.

 

 

Um outro jornal publicou uma série de fotografias intitulada “Não é a lei marcial de Kyrylo Tymoshenko”. Eis como estão a ser usados os dólares dos contribuintes americanos na Ucrânia.

 

 

Noutro exemplo de como os media ocidentais procuram minimizar ou suavizar esta última vaga de demissões forçadas por corrupção, a AFP escreve:

“A Ucrânia sofre há muito tempo de corrupção endémica, incluindo entre a elite política, mas os esforços para a erradicar foram ensombrados pela guerra em grande escala de Moscovo, que começou em Fevereiro. Os aliados ocidentais de Kiev, que atribuíram milhares de milhões de dólares em apoio financeiro e militar, têm vindo a insistir há anos em reformas anti-corrupção, por vezes como uma condição prévia para a ajuda”.

Este parágrafo é, em sim mesmo, escandaloso. Os governos ocidentais têm despejado biliões nas mãos ávidas da elite regimental ucraniana sem qualquer contrapartida relacionada com o combate à corrupção e o governo de Zelensky já era corrupto muito antes da invasão russa.

 

 

A sede de luxo dos burocratas do regime não se limita às viaturas e às propriedades milionárias: a controvérsia estendeu-se até às férias opulentas no estrangeiro:

“A demissão de Symonenko, um procurador-geral adjunto, vem depois das notícias dos meios de comunicação social de que passou férias em Espanha este Inverno, alegadamente utilizando um carro pertencente a um empresário ucraniano”. 

Como resultado, o governo proibiu agora, alegadamente, os altos funcionários de passarem férias no estrangeiro.

Pouco antes desta vaga de demissões, outro funcionário governamental, Vasyl Lozynskiy, foi acusado de receber subornos para facilitar a compra de geradores a preços muito elevados. Lozynskiy, como Vice-Ministro das Infra-estruturas e Desenvolvimento das Comunidades teria também estado directamente envolvido na distribuição de milhares de milhões de dólares em ajuda humanitária ocidental.

A contragosto, alguns meios de comunicação social estão agora a reconhecer tardiamente um facto há muito conhecido, mas que levaria qualquer pessoa a ser “cancelada” no discurso público se ousasse apontar o facto. Escreve a AFP:

“A Transparency International classificou a Ucrânia em 122º lugar entre 180 países no seu ranking de corrupção para 2021, o segundo mais corrupto país na Europa, com a Rússia a atingir o 136º posto.”

 

 

Entretanto, enquanto as notícias sobre o escândalo chegam às manchetes mundiais e as suspeitas de corrupção recaem até sobre o Ministro da Defesa Ucraniano, Oleksii Reznikov, Zelensky, com a sua caraterística cara de pau, continua a namorar os poderes instituídos no sentido de obter ainda mais equipamento e financiamento.

 

 

É aproveitar enquanto rende.