Quanto mais miseráveis formos,
melhor.
Quanto mais sós,
melhor.
Quanto mais dependentes do estado,
quanto mais reféns do medo,
quanto mais desesperados, alienados, estupidificados, enganados,
melhor.
Quanto mais ateus, quanto mais estéreis, quanto mais inúteis,
melhor.
Quanto mais longe da família,
quanto mais isolados e frágeis,
quanto mais distantes de Cristo
quanto mais afastados da verdade,
melhor.
Quanto mais envenenados pela imprensa e espoliados pelos governos,
quanto mais fascizados pelos regimes e empobrecidos pelas oligarquias,
quanto mais desprezados pelas elites e encapsulados nos casulos digitais
da distopia triunfante,
melhor.
Quanto mais confinados por mandatos fora da lei,
Quanto mais obliterados por turbas insensatas,
Quanto mais subjugados por poderes ilegítimos,
Quanto mais escravizados a um destino que não escolhemos,
melhor.
Quanto mais alérgicos à liberdade,
melhor.
Quanto mais porcaria a Netflix nos enfiar pela cabeça a dentro,
quanto mais lavados forem os nossos cérebros
e censurados forem os nossos protestos,
quanto mais calados forem os nossos sonhos
e silenciadas forem as nossas palavras,
melhor.
E se acabarmos de vez com o Natal,
melhor ainda.
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