O Semáforo
Também fica indeciso –
No amarelo
Ah a inocência
Do parque de estacionamento
Às cinco da manhã
Tão tristes os meus poemas
Que até a fonte de letra
Se aborrece
O tipógrafo parece
Adormecer, mas o chumbo
Cai na caixa
Samurai –
Se não usas a espada
A pena esmorece
Onde há homens
Há guerra –
E budas
Primavera –
A aranha no meu quarto
Não dá por ela
São belos os campos
Quando estou aos comandos
Do automóvel
Puta da idade –
Mesmo diante do diabo
Sinto dores no joelho
Da praia sobe o ruído
De ondas e crianças –
Deus também tem cócegas
Os dias passam em
Slow Motion –
Até os sonhos se demoram
Alto da falésia –
Mesmo a morte
Não tem pressa
É a vida que é curta
Ou é o homem que é
Ávido?
Vista de cima é mais bonita
A baía, do que lá em baixo
Parece
Talvez aos deuses
Pareça o mundo
Da mesma maneira
A buganvília ressuscitou
Com um litro de água –
A vida quer ser vida
Ninguém fará a guerra
Depois de uma boa
Refeição
_____________
A Arte do Haiku: Introdução.
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