No fim de Fevereiro deste ano, começaram a circular rumores de que os Estados Unidos financiavam uma série de laboratórios secretos de investigação em armas biológicas na Ucrânia. É claro que estes rumores foram prontamente negados pela imprensa mainstream e pelos fact checkers do costume e relegados para a sobrecarregada categoria de teorias da conspiração.

Mas como nos tempos que correm as teorias da conspiração passam a factos demonstráveis a uma velocidade alucinante, a 7 de Março uma burocrata do Departamento de Estado confirmava, involuntariamente, em declarações ao Congresso, que esses laboratórios de facto existiam em território ucraniano, ao confessar o seu receio de que os russos acedessem às armas biológicas que lá estavam a ser fabricadas. Ficou só por confirmar o financiamento dos Estados Unidos.

 

 

Acontece que logo no dia seguinte essa restante suposição disparatada manifestou-se factual, porque o The National Pulse conseguiu descobrir umas páginas inactivas na web onde se tornava evidente que a administração Obama estava de facto interessada em construir bio-laboratórios que manipulassem agentes patogénico na Ucrânia.

 

 

Nem de propósito, Tucker Carlson pegou no assunto apenas 24 horas depois da notícia do National Pulse. Era oficial: os laboratórios biomédicos que não existiam na Ucrânia e que não estavam envolvidos na pesquisa de armas biológicas de destruição maciça e que não eram financiados pelo governo americano, afinal existiam mesmo, afinal estavam factualmente envolvidos na pesquisa de armas biológicas e afinal eram deveras financiados pelo governo americano.

 

 

Se fosse inventada, esta rábula era obra de má ficção, considerando o contexto e as origens da pandemia que ainda no outro dia era uma ameaça apocalítica e que num instante o deixou de ser. E de tão negada pela imprensa, pelo Departamento de Estado e pelo Pentágono, começou a tresandar a escândalo e a cair na suspeição pública. E a queda foi rápida: enquanto a bateria de mentiras foi superada pela claridade dos factos, o diabo nem teve tempo para esfregar o seu olho cego.

Tucker Carlson consegue até chegar à conclusão, dolorosa para o seu coração patriota, de que para ficar a conhecer os factos são mais credíveis as fontes do inimigo (Rússia e China), do que as provenientes do seu desgraçado país.

Nesse mesmo dia, Glenn Greenwald também detectou o fedor do escândalo, resumindo e dissecando, neste detalhado clip em que faz rigoroso uso do seu invulgar bisturi jornalístico, todo o caso, peça por peça, enquadrado-o no historial de irresponsabilidade, mentiras e secretismos com que o governo americano costuma gerir todos os assuntos que têm a ver com armas químicas e biológicas, desde o Iraque até Wuhan.

 

 

Mas a história não acaba assim, nem pouco mais ou menos, porque quanto mais os mentirosos mentem, quanto mais os ilusionistas iludem, mais o esturro assalta as narinas do público. Perante os factos, a negação, regra geral, é contraproducente. E por mais que o Pentágono, o Departamento de Estado e a CNN se tivessem esforçado entretanto por gritar que não havia nada para ver aqui, as perguntas somaram-se e a vontade de saber a verdade sobre os laboratórios ucranianos seguiu em frente.

A 11 de Março, Tucker Carlson volta ao assunto para informar a sua gigantesca audiência que os Estados Unidos controlam mais de 300 laboratórios de desenvolvimento de armas químicas e manipulação de agentes patogénicos por todo o mundo. 26 estão localizados na Ucrânia. Por que razão financia o governo americano esta quantidade insana de centros de investigação em agentes patogénicos neste país, a não ser para provocar e intimidar e ameaçar a Rússia?

E deve Putin ficar quieto e permitir que se estudem e testem em larga escala armas biológicas de destruição maciça, mesmo em cima da sua fronteira e numa área geográfica, a do acesso ao Mar Negro, que é de importância estratégica prioritária para a Rússia?

 

 

Cerca de 15 dias depois, as coisas ainda ficam mais sinistras, quando o National Pulse volta ao assunto para implicar Hunter Biden, o filho do actual presidentes dos Estados Unidos, no financiamento da rede secreta de bio-laboratórios ucranianos.

 

 

Portanto, no espaço de um mês, ficámos a saber que há, na Ucrânia, 26 laboratórios de pesquisa em armas biológicas que são financiados pelos Estados Unidos. E que o filho do Presidente da federação americana está envolvido nesse financiamento. Nada mau, para aquilo que começou por ser uma disparatada teoria da conspiração.

Falta porém responder a questões fundamentais: pelos vistos, os americanos patrocinam rotineiramente centros de investigação de perigosíssimas doenças patogénicas em locais antípodas como a Ucrânia e em territórios inimigos como a China (é preciso não esquecer que o tristemente célebre laboratório de Wuhan também recebeu financiamento americano). Esta práctica é, no mínimo, estranha. Que motivos a justificam? Qual a lógica de estado por detrás destes investimentos, incautos e clandestinos e insensatos? E por que raio é que, sabendo que as forças militares russas podiam rapidamente aceder ao conteúdo científico e logístico destes laboratórios, ninguém fez nada para os desactivar?

Deixam-se armas biológicas nas mãos dos russos como helicópteros e carros de combate na posse dos afegãos. E menos por incompetência do que por intransigente cumprimento de agenda fanaticamente apocalíptica. É assim mesmo que se cria o caos: arma os teus inimigos para que eles destruam barbaramente povos e nações. E para que tu depois com redobrada barbaridade os possas destruir a eles.

Citando Satanás: quanto pior, melhor.