A administração americana apresentou publicamente o seu plano para baixar a inflação. É de tal forma idiota que nem dá para levar a sério. Consta das seguintes medidas:
1. Dar mais poderes a quem criou o problema inflaccionário: a Reserva Federal Americana.
2. Esgotar as reservas petrolíferas mundiais, que devem servir para uns seis meses de consumo, e investir, através de benefícios fiscais (colmatando esse buraco orçamental com a emissão de mais moeda), na agenda do costume: energias renováveis cuja resposta à actual procura deverá acontecer lá para 2048.
3. Melhorar as redes de distribuição e investir em infra-estruturas como se isso se fizesse de um dia para o outro e, mesmo que se fizesse de um dia para o outro, baixasse a inflação nos próximos, digamos, 36 meses.
4. Combater os preços, que a administração americana acha exorbitantes, praticados pelas companhias transportadoras de energias e mercadorias. Mesmo que os Estados Unidos da América ainda fossem um potência global, com influência decisiva nos mercados internacionais – que já não são – fica por explicar como é que poderiam controlar os preços praticados por companhias nacionais ou internacionais. Talvez com a ameaça de bombardear frotas mercantes cujos proprietários sejam especialmente gananciosos? Ninguém sabe. É um enigma da micro-economia contemporânea.
5. Aumentar os impostos às empresas.
Em resumo, a doutrina Biden para combater a inflação, na parte em que é praticável porque não depende de alucinações por ingestão de ácidos, passa por imprimir ainda mais dinheiro, esgotar as reservas petrolíferas até ao apocalpse energético e aumentar a carga fiscal no sector produtivo.
É que é tudo mesmo ao contrário do que devia ser: se tens uma crise inflaccionária, é porque o dinheiro está a perder valor. Se imprimes mais dinheiro, menos valor ele terá, mais inflacção vai acontecer. Isto não é difícil de perceber.
E se tens muito dinheiro a circular, convém que as empresas produzam coisas, muitas coisas, para que o dinheiro seja consumido nessas coisas e não desvalorize. Se tributas o sector produtivo, vais ter menos coisas produzidas. Menos consumo de moeda. Mais inflacção. Tudo isto é compreensível por um infante na quarta-classe.
E por último, se tens um problema energético imediato e urgente, precisas de produzir mais energia já e manter as reservas para evitar o pânico dos mercados. Do que não precisas é da energia que vai ser produzida em 2048 para responder às necessidades de 2022 (até porque as necessidades de 2048 vão ser muito superiores às actuais, pelo que nessa altura continuarás a precisar dos combustíveis fósseis). Do que não precisas é deixar o petróleo chegar ao fim porque isso implica outros vários fins. O da civilização, por exemplo.
Isto é de loucos, mas daqueles loucos perigosos que são capazes de destruição em larga escala. Daqueles loucos que exigem hospícios de alta segurança. Só que em vez de lá estarem alojados, arranjaram um emprego na Ala Oeste da Casa Branca.
Só dá para rir. Aquele riso de Joaquin Phoenix na pele de Joker.
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